Last Twilight – Episode 1

“O essencial é invisível aos olhos”

Possivelmente, uma das estreias mais aguardadas de 2023 no mundo dos BLs… tivemos um ano cheio de surpresas maravilhosas, como “I Feel You Linger in the Air”, que é um dos BLs mais intensos, sensíveis e belos que eu já vi na vida, ou “Our Dining Table”, que é simples, delicado e emocionante, mas sabe o que me faz acreditar muito em “Last Twilight”? A DIREÇÃO! Aof, o diretor do novo BL, foi o responsável por BLs como “1000 Stars”, “Bad Buddy” e “Moonlight Chicken”: três produções que são, para mim, verdadeiras obras-primas. Naturalmente, isso faz com que já iniciemos “Last Twilight” com as expectativas lá no alto, mas com uma fotografia bonita, uma sinopse promissora e uma ótima direção, o primeiro episódio da série mostra que ela tem tudo para entregar o que esperamos!

Em “Moonlight Chicken”, sua produção anterior, Aof trouxera uma narrativa que estava com os pés mais fincados na realidade, mostrando problemas e dilemas que podiam aproximar o espectador da história através da identificação. Em “Last Twilight”, novamente o diretor parece se voltar para algo mais “pé no chão”, além de explorar um tom mais dramático e melancólico – que parece combinar com a premissa de “Last Twilight”. O primeiro episódio, arrebatador, faz um belíssimo trabalho na apresentação tanto da história quanto dos personagens, e já podemos sentir o quanto vai ser gostoso acompanhar a maneira como Mhok e Day fazem a diferença um na vida do outro… de personalidades bem definidas e com seus próprios dilemas, a relação é promissora.

Adorei a sequência introdutória, que faz um paralelo entre Mhok e Day no dia em que suas vidas mudaram para sempre… de um lado, vemos Mhok se metendo em uma confusão violenta que termina com ele na cadeia e uma dificuldade imensa para conseguir emprego posteriormente; de outro, vemos Day, durante uma partida importante de badminton, começando a perder a visão por causa de um problema nas córneas. E os paralelos são interessantes: Mhok, jovem e competente, é julgado por causa do seu passado e da tornozeleira e ninguém quer contratá-lo, mesmo que ele aparente ser um ótimo mecânico; Day, por sua vez, outrora um grande atleta nacional, agora é excessivamente protegido porque sua própria família age como se ele não pudesse fazer nada sozinho.

Uma temática interessante!

Gosto da profundidade inicial que ambos os protagonistas apresentaram, e de como “Last Twilight” brincou com paralelos tanto no seu roteiro quanto na montagem em si do episódio. Os caminhos de Mhok e Day se cruzam inesperadamente quando Mhok é chamado para consertar um ar condicionado no mesmo lugar em que uma série de pessoas estão sendo entrevistadas para serem “cuidadores” de Day… Mhok nem entende a natureza do trabalho, mas várias pessoas estão interessadas, aparentemente o salário é bom, e ele precisa de dinheiro para não perder o carro que pertencera à sua irmã, que ela amava e que é uma das poucas coisas que ele tem de recordação dela desde a sua morte… então, ele entra na fila e resolve tentar a vaga.

E a primeira interação não poderia ser mais… interessante. Eu gosto do choque inicial que vem do encontro entre as personalidades. Mhok está muito interessado no dinheiro, mas ele não sabe se está qualificado para cuidar de Day. Day, por sua vez, assumiu uma posição cética e quase agressiva e que é muito recorrente quando as pessoas passam a conviver com uma deficiência com a qual não nasceram… afinal de contas, a vida de Day foi completamente transformada a partir daquele dia, e a mãe não parece ter permitido que ele se adaptasse, porque o superprotege de uma maneira sufocante. E a relação com o irmão, Night (sim, os irmãos se chamam Day e Night), não é das melhores, porque Day parece acreditar que “Night quer tudo que era dele”.

Há alguma verdade nisso? Ou é apenas o seu rancor e frustração sendo descontado no irmão?!

Sei lá, não senti como se o Night fosse ruim.

Apesar de Mhok chamar a atenção de Day desde o primeiro dia, ele recusa o emprego… mas os caminhos voltam a se cruzar quando Day entra sozinho em um elevador no qual o Mhok está, em outro dia, e então Mhok acaba o seguindo até a biblioteca e o observando de longe, e fazendo perguntas a seu respeito – preciso dizer que o Day agir como se “não soubesse que tinha outra pessoa com ele no elevador” me incomodou um pouco, porque não é assim que funciona. É muito bom que o Mhok fique por perto naquele dia em específico, porque depois de Day ter uma briga séria com o irmão no carro, ele sai sozinho no meio do trânsito e, perdido, porque não foi ensinado a se virar sozinho, ele quase é atropelado… e é o Mhok quem está ali para “salvá-lo”.

E ele diz que “é o cara do ar condicionado do outro dia”.

Como Day está brigado com Night, ele aceita a carona de Mhok de volta para casa e, ao chegar lá, Day o convida para entrar… é a sua “última entrevista de emprego”, de certa maneira. Se a mãe insiste tanto para que ele “escolha alguém para ajudá-lo”, ele quer que essa pessoa seja o Mhok, e ele o “desafia” a escolher um livro da prateleira e ler para ele – e os dois compartilham uma cena bastante intensa aqui, quando Mhok escolhe “O Pequeno Príncipe” e abre aleatoriamente para ler a passagem do diálogo do Príncipe e da Raposa, que Day sabe de cor e interpreta com ele… “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Uma passagem que tem tudo a ver com eles! E, naquele momento, Day tem certeza: a mãe não precisa entrevistar mais ninguém…

É o Mhok.

Quando Mhok recebe uma nova proposta, ele quase vai embora sem aceitá-la, mas se lembra do dinheiro de que precisa para pagar o carro da irmã, e da dificuldade que tem enfrentado para conseguir emprego, então retorna… antes de aceitar o emprego, no entanto, ele estende para Day a sua carteira da biblioteca, que ele derrubara mais cedo, e pede que ele venha sozinho buscá-la, sem que a mãe ou o irmão façam isso por ele. E Day vai, ele gosta do desafio. E Mhok percebe que pode aceitar o emprego. A química dos dois é perfeita nessa cena final, e a força do que a cena representa também: sabemos que Mhok não vai fazer tudo por Day… ele vai ajudá-lo para que ele possa aprender a se virar sozinho; e, na verdade, é isso o que Day quer e é isso o que ele precisa.

Alguém que acredite nele e que não o veja como se ele não fosse capaz.

Pegando novamente “Moonlight Chicken” como exemplo, o arco de Li Ming e Heart, que era surdo, foi um dos grandes destaques da série, e a questão da deficiência foi trabalhada de maneira responsável, sensível e honesta pelo roteiro, o que me deixa bastante confiante para a abordagem que possivelmente veremos em “Last Twilight”. Acredito que a presença de Mhok vai ser o contraste à maneira como Day era tratado pela família, sempre com alguém fazendo tudo por ele. De todo modo, a estreia foi bastante envolvente e um início excelente para uma série promissora – agora, resta ver como será o desenvolvimento. A prévia do próximo episódio e as cenas que vimos durante os créditos finais prometem uma série bastante bonita em vários sentidos!

 

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Comentários

  1. Gostei bastante desse primeiro episódio. Os atores são lindos e com certeza vão formar um casal muito muito lindo.

    Achei bem angustiante a cena em que o Day estava jogando e sua visão foi ficando cada vez mais turva, o ator conseguiu passar muito bem o desespero da situação. Também achei bem triste a cena do Mhok indo visitar o túmulo de sua irmã, e todo aquele flashback. Algumas coisas ali eu acho que ainda não compreendi direito, mas ainda assim foi muito triste.


    Achei uma sacada genial o nome dos irmãos ser Day e Night, e espero sinceramente que o Night seja uma boa pessoa, e que se acerte com o irmão. Enfim, tomara que nao seja comi o Day diz, e o Night nao esteja querendo se apropriar de tudo o que é dele.

    Justamente por ser um BL dirigido pelo Aof, que dirigiu tbm Moonlight Chicken e nos entregou um casal tão fofo como Heart e Li Ming, sabendo trabalhar bem a temática da surdez, fico mais tranquilo e confiante de que a perda de visão do Day será bem trabalhada.

    Ansioso estou pelos próximos episódios, por mais interações do Mhok e do Day, pela construção desse casal que sem dúvidas vai me emocionar muito, e estou ansioso também para ler as próximas reviews dessa série, tão maravilhosamente escritas por você!

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    1. Com certeza eles vão emocionar mesmo, amigo! Já até imagino as cenas que te trarão pequenos surtos, estou só aguardando as reações haha <3

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