Sítio do Picapau Amarelo (2006) – O namoro de Chico e Clarice
Indecisões, rivalidades, sofrimento.
Apesar de
gostar muito da temporada de 2006 do “Sítio
do Picapau Amarelo” como um todo, eu preciso fazer críticas quando elas se
fazem necessárias, e toda essa “invenção” de um romance forçado entre Chico e
Clarice na reta final da temporada é
bastante chato de se assistir… e, principalmente, porque não houve qualquer
preparação para isso. Quando Clarice se apaixonou pelo Chico Maciel, lá no
início da temporada, Chico não lhe deu nenhuma atenção porque estava completamente envolvido com a
Princesa Thirza e, agora, ele parece disposto a investir em um romance com
a nova dona do Arraial dos Tucanos, e essa trama foi introduzida de forma
bastante abrupta e forçada – típico de quando uma novela estava prevista para
chegar ao fim, mas uma decisão da emissora a faz se estender por mais um mês no
ar e o roteiro não sabe para onde correr…
Thirza se
torna ainda mais ingênua e sofredora, Clarice é chata e não tem carisma, e
Chico Maciel é descaracterizado de uma forma quase patética para atender às
atuais exigências do roteiro, o que é uma pena, porque a pureza do que ele
sentia por Thirza sempre foi uma das coisas mais fofas e admiráveis do
personagem, cujos princípios sempre foram muito fortes e muito claros.
Subitamente, Chico se comporta como um adolescente confuso, deslumbrado e com
um quê de amargura… sofrendo, Thirza se lamenta por não estar mais no Reino
Encantado, e comenta que “nem o Príncipe Encantado que encontrou no Mundo Real
era de verdade”, mas segue o conselho dos seus amigos animais de ir atrás do
Chico e atrás de sua felicidade – afinal de contas, o seu mundo é o lugar onde
ela está e, portanto, o seu lugar para ser feliz também é exatamente ali.
Mas ela
chega no Arraial dos Tucanos bem a tempo de ver o Chico se engraçando com a
Clarice, sendo charmoso e galante e se aproximando para beijá-la – e então
Thirza os vê juntos e sai triste, confusa e decepcionada. É o plot típico de várias temporadas de “Malhação” e mesmo da temporada anterior
do “Sítio do Picapau Amarelo”, como
uma das vezes em que Cléo chegou e viu o João da Luz com a Teteia. Magoada,
Thirza joga um balde de tinta no
Chico Maciel (no melhor estilo “Chocolate
com Pimenta”), e quando ela está indo embora, o Chico a segue para dizer
umas coisas que o verdadeiro Chico
Maciel, como foi concebido, jamais diria, dizendo que “tentou o quanto pôde,
mas as coisas são muito difíceis com a ‘princesinha’”. Infelizmente, se torna
bem chato assistir a essas partes, porque eu não me importo de ver briga de
protagonistas, mas precisa ser mais convincente que isso.
Toda essa trama é forçada e apressada.
Clarice, por
sua vez, está absurdamente insuportável.
Infantil e exagerada, ela pegou uma birra de Thirza que a faz surtar quando a
princesa tropeça e derruba bebida nela, por exemplo, e Chico comprou toda essa
narrativa, chegando a dizer para a Thirza que “está decepcionado com ela”, e
que “sua atitude mudou muito ultimamente” – o que cai em uma dissimulação
tremenda, tendo em vista que a atitude dele
também mudou muito ultimamente… provavelmente mais do que a da princesa, na
verdade. Então, o roteiro insiste em um “romance” (nem podemos chamá-lo assim,
mas tudo bem) sem qualquer química e sentido, e uma rivalidade desnecessária
entre Clarice e Thirza que, inclusive, ainda vai gerar muito mais problema
quando a inauguração do Centro Cultural idealizado por Clarice for sabotado e,
de alguma forma, as suspeitas caírem sobre a Thirza!
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