Until We Meet Again – Episode 14

“Abracadabra, tudo vai ficar bem”

Pharm conhece o resto da família de Dean, e ganhamos (desculpem-me pela repetição, mas é que eu sinto que preciso dizer isso) um dos episódios mais lindos de “Until We Meet Again”. Estou gostando muito dessa “fase” da série, que traz uma conexão tão forte de Pharm com Intouch – já que o Dean, seu namorado, nasceu na família que fora sua na outra vida. Os irmãos de Dean conhecem Pharm há muito tempo, e Pharm “conheceu” Ahn recentemente (a avó de Dean e irmã de In), e agora é a hora de encontrar os pais de Dean… acredito que In e Korn devem ter sido pessoas muito boas na outra vida, porque o universo permitiu que eles reencarnassem em famílias compreensivas que diminuem os obstáculos que Pharm e Dean já terão que enfrentar naturalmente…

E eles merecem esse alento do universo. Eles merecem ser felizes.

No fim do episódio anterior, Pharm se deparou com Alin de surpresa – e desmaiou na mesma hora. Até assistir a esse episódio, fiquei bem ansioso com o encontro de Pharm e Alin e, de certa maneira, o reencontro de In e a sobrinha, e a cena é lindíssima… embora seja muito diferente do esperado. Um flashback da vida de In nos mostra ele contando uma história para Alin, que diz que “o ama muito” e, para mim, isso era garantia o suficiente de que Alin não seria um problema no relacionamento de Pharm com Dean… diferente de Ahn, no entanto, Alin ainda era muito nova quando In morreu, há aproximadamente 30 anos, então a sua memória e o seu reconhecimento do tio em Pharm é algo muito mais conduzido por uma sensação do que por algo racional.

O resultado é surpreendentemente incrível. Pharm entrega algumas das cenas mais lindas que o personagem já teve (inclusive, talvez eu tenha gostado ainda mais do encontro de Pharm com Alin do que com Ahn), porque parece quase unilateral a memória e o amor, mas isso não impede Pharm de abraçar Alin com todo o carinho e saudade do mundo – ele não pode se conter. E Alin é uma fofa, como sempre foi, falando sobre como sabe que Pharm é namorado de Dean, e o convidando a ficar ali naquela noite, porque não quer que ele vá para casa sozinho naquela condição… então, quando chega no quarto de Dean, Pharm deixa todas suas lágrimas fluírem, e é de apertar o coração como ele diz a Dean que In amava muito a sobrinha e como sentiu a sua falta.

Apesar do que Pharm pode ter acreditado, a recordação não foi unilateral. A presença de Pharm e o abraça despertam em Alin algo, que talvez ela nem entenda direito, mas o amor que ela tinha pelo tio Intouch segue intacto, ainda que ela fosse muito nova na época de sua morte… achei um detalhe lindíssimo o fato de ela dizer “Abracadabra, tudo vai ficar bem” quando Pharm a abraça, porque é a mesma coisa que ela dissera na infância a In, quando o tio parou de sorrir ao falar sobre Korn e sobre como eles não poderiam se casar, e também foi linda a cena da Alin olhando os álbuns antigos da família e se detendo nas fotos com Intouch… a cena é a prova concreta de que não é sempre necessário longos diálogos para que a emoção seja devidamente transmitida.

Há algo de muito especial naquela noite que Pharm passa com Dean em sua casa – talvez seja o fato de se sentir acolhido na família do namorado, ainda que reste um resquício de medo porque nenhum dos dois sabe como o pai de Dean reagirá ao namoro deles… de todo modo, Dean garante que não importa o que o pai disser: eles nunca mais vão se separar. É incrível a intimidade daquela cena da banheira, sem que ela seja, de fato, algo sexual. E, como disse várias vezes, não tenho nada contra a vibe mais sexual de alguns BLs (estou ansioso pelo próximo episódio!), mas a ideia da cena era que, naquele momento, eles estavam despidos de vergonhas, de medos, de traumas… e estavam mais conectados e mais certos do amor que sentem um pelo outro do que nunca.

O que é um contraste com a cena paralela que assistimos de In e Korn em um flashback, quando eles comemoram o seu primeiro aniversário de namoro… felicidade de ver o Korn sem camisa à parte, ali presenciamos In e Korn abraçados na cama, dizendo que se amavam, mas não os vemos igualmente “despidos” de preocupações e traumas, e é profundamente doloroso ver a maneira como há uma incerteza na voz de Korn ao responder que também ama o In e ao se despedir dele – não uma incerteza em relação ao seu amor por Intouch, jamais; mas uma incerteza em relação ao futuro, porque no fundo ele sabe que eles não poderão viver em paz o amor tão bonito que eles compartilham. E é com esse momento que Dean sonha antes de despertar e ver que Pharm está tendo um pesadelo…

A manhã seguinte é cheia de tensão, mas, eventualmente, também cheia de beleza. Pharm está “inseguro” como quase qualquer pessoa fica frente à possibilidade de conhecer o “sogro” pela primeira vez (acho que o sentimento agravado pelo fato de que todos sabem que ele dormiu ali na noite passada, mesmo antes de ser oficialmente apresentado a ele), e o pai de Dean, que não é lá dos melhores com comunicação (tal pai, tal filho), prolonga o suspense até depois do café-da-manhã, quando finalmente diz a Dean que “se ele tem algo a dizer, que diga de uma vez”. Dean, então, apresenta Pharm ao pai como “o homem que ele ama”, e ele fica sério por um tempo, pergunta se ele pensou bem nisso e se ambos estão preparados para enfrentar o que precisarão enfrentar…

Eu gosto dessa preocupação que envolve a fala do pai de Dean – porque é algo que muitas vezes é ignorado em BLs, e eu acho importante que produções como “Until We Meet Again” e “My School President” tragam isso à tona: infelizmente, é uma realidade triste da comunidade LGBTQIA+ que precisemos enfrentar o preconceito de gente ignorante… ainda que não possamos estar 100% livres do preconceito quando andamos de mãos dadas no shopping ou postamos uma foto com a pessoa que amamos, por exemplo, é uma benção quando podemos ser acolhidos dentro da família – e, dessa vez, Pharm e Dean foram acolhidos. Acho muito realista e muito bonita a reação do pai de Dean, que escolheu não ser alguém que vai fazer o filho sofrer…

Dean e Pharm merecem.

Agora, eles estão partindo para um passo importante. Mal posso esperar!

 

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