Vale o Piloto? – Fellow Travelers 1x01 – You’re Wonderful

Uau.

Protagonizado por Matt Bomer (um dos homens mais lindos de Hollywood e crush de uma vida inteira) e Jonathan Bailey (grande ator de teatro que, em breve, será Fiyero nas adaptações cinematográficas de “Wicked”), “Fellow Travelers” é uma minissérie em 8 episódios, baseada no livro homônimo de Thomas Mallon, que conta a história de dois homens que conheceram e se apaixonaram na década de 1950, durante o Macarthismo. Com visões e posturas políticas às vezes dissonantes e com atitudes e crenças definitivamente distintas, Hawkins Fuller e Tim Laughlin vivem uma relação quente, mas fadada ao fracasso, dando à série um tom de melancolia que contrasta de maneira curiosa com a sua identidade também intensa, sensual e excitante.

A beleza de “You’re Wonderful”, o episódio de estreia de “Fellow Travelers”, está justamente na intensidade de sua narrativa, na maneira como tudo é exacerbado por desejos internos e elementos externos. Acompanhar a história de dois pontos diferentes no tempo enriquece a experiência e dita tons que poderiam ser outros, caso não tivéssemos informações concretas do futuro… acompanhamos o nascimento do que quer que exista entre Hawk e Tim em 1952, e nos perguntamos quais foram todos os acontecimentos que os levaram à realidade muito menos esperançosa na qual os reencontramos em 1986, quando os caminhos parecem ter se separado há muito tempo e Tim se recusa a ver Hawkins, ainda que ele esteja à beira da morte, por causa da AIDS.

Não é apenas as sequências em 1986 que nos mostram, no entanto, que as coisas entre Tim e Hawk não teriam dado certo… Hawkins Fuller é um político disposto a qualquer coisa para subir na vida, e alguém que faz de tudo para manter a sua imagem, ainda mais no meio de tanta perseguição na década de 1950. “Fellow Travelers” nos mostra isso, inicialmente, através do personagem de Eddie Kofler, alguém que Hawk conhece no banheiro e com quem faz um sexo selvagem na primeira cena quente da série, mas quem ele finge não conhecer quando o encontra nos corredores do prédio no qual trabalha… alguém que ele está disposto a afundar sem pensar duas vezes, tudo para que ele não fale para ninguém sobre o que aconteceu entre eles.

Se Hawkins Fuller é, na falta de uma melhor definição, um grande filho da p*ta, Tim Laughlin, por outro lado, é uma pessoa apaixonante. Esperançoso e sonhador, ele quer fazer a diferença no mundo, e ele se envolve com Hawk sem saber bem o que está acontecendo, mas Tim chamou a atenção de Hawk desde a primeira vez em que ele o viu… há algo na sua postura certinha e na sua vivacidade que de fato chama a atenção. Então, Hawk consegue um emprego para Tim, que falha em perceber, com antecedência, que ele o quer como espião, e então ele vai se perguntando o que eles estão fazendo de fato conforme as coisas avançam – tanto no trabalho, quanto no quarto, onde eles experimentam algumas das cenas mais excitantes propostas pela ficção.

E é impossível falar desse episódio de estreia de “Fellow Travelers” sem falar sobre como é um episódio profundamente excitante. Sem medo de ousar, e com Matt Bomer e Jonathan Bailey se entregando lindamente aos sentimentos e ao tesão de seus personagens, o episódio faz história com sequências como a) quando Hawk abraça Tim por trás na cama, o lambe e o masturba, tampando a sua boca para não fazer barulho enquanto goza; b) quando Hawk e Tim transam pela primeira vez, depois de Hawk trazer um rádio de presente para Tim, para abafar os gemidos deles e da cama; ou c) quando Tim tenta convencer Hawk a levá-lo para uma festa importante com sexo oral. Todas brilhantemente dirigidas e atuadas, as cenas são realmente marcantes.

Outra cena marcante dessa estreia, para mim, vem quando Tim percebe (em parte porque Hawk diz isso com todas as letras) que o que ele e Hawk tem nunca poderá ser público, eles nunca poderão viver esse amor, andar de mãos dadas na rua… e Hawk vai provavelmente se casar com aquela tal Lucy, com quem está “informalmente comprometido”. Tendo vindo de uma família e, consequentemente, uma criação religiosa, Tim lida com a culpa que sente por ter se envolvido com Hawk, mas ele ganha uma cena lindíssima quando vai à igreja, atormentado, e o padre vem conversar com ele, falando sobre se arrepender, e Tim percebe que ele não está arrependido de seus “pecados”, porque quando esteve com Hawk foi quando ele “se sentiu mais puro em sua vida”.

Que cena MARAVILHOSA do Tim saindo daquela igreja.

“Fellow Travelers” é promissora. Eu gosto da ideia de ela ser planejada como uma minissérie, com começo, meio e fim, e estou bem curioso para ver o que vem pela frente – embora o sofrimento seja inevitável. No fim do episódio, Hawk procura Tim tanto em 1952 quanto em 1986. Em 1952, Tim confessa que está com medo, mas o deixa subir até o seu quarto e os dois compartilham um abraço repleto de sentimento; em 1986, Hawk liga para Tim da lanchonete em frente à sua casa e diz que estará ali o dia todo, caso ele o deixe subir para vê-lo. O destaque dessa cena fica para como, depois de tantos anos, Hawk olha pela janela da lanchonete para todos os casais gays que estão abertamente demonstrando afeto na rua, na frente de todo mundo…

Algo que ele e Tim nunca “puderam” fazer.

Lindo. E triste.

 

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Comentários

  1. Série maravilhosa! Estou apaixonada por esse casal! Mto sensível e tocante. Não quero que acabe nunca.

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