Doctor Who (2ª Temporada, 1965) – Arco 016: The Chase, Parte 2

“I shall miss them”

É justo que a despedida de Barbara e Ian tenha acontecido em uma das melhores histórias da Era Hartnell de “Doctor Who”. QUE ARCO MARAVILHOSO! Exibido entre 22 de maio e 26 de junho de 1965, “The Chase” é o único arco, até o momento, que justifica os seus seis episódios. Eu vinha comentando sobre como as histórias funcionavam melhor em no máximo 4 episódios, mas “The Chase”, atento ao conceito de “perseguição” que o título sugere, inova ao brincar com diferentes viagens, diferentes cenários e diferentes personagens… assim, temos uma história bastante ágil, divertida, inovadora e, eventualmente, emocionante, que nos prendeu do início ao fim. A sequência “The Space Museum” e “The Chase” realmente me faz perceber que não tem como não amar “Doctor Who”.

Depois de terem sido encontrados por Daleks em Aridius e terem conseguido escapar, o Doctor, Barbara, Ian e Vicki estão escapando pelo tempo e pelo espaço, passando pelo topo do Empire State Building em 1966 ou pelo veleiro Mary Celeste no século XIX, sempre com a máquina do tempo dos Daleks chegando apenas poucos minutos depois da chegada da TARDIS. A reta final do arco, que compreende os episódios “Journey Into Terror”, “The Death of Doctor Who” (adoro um título duvidoso como esse!) e “The Planet of Decision”, traz novas aventuras eletrizantes para os viajantes da TARDIS, uma injustiça feita com Vicki (mas, felizmente, ela é sempre maravilhosa e consegue se virar sozinha!), um clone do Primeiro Doctor (!) e uma decisão de Barbara e Ian.

A próxima parada depois do veleiro Mary Celeste é o que parece ser uma casa mal-assombrada – e é um dos episódios mais diferentes, intrigantes e divertidos de “Doctor Who”. Quando o grupo se separa do lado de fora da TARDIS, o Doctor e Ian se deparam com o monstro de Frankenstein, enquanto Barbara e Vicki precisam lidar com o Conde Drácula, e eu amo cada segundo! Aquele tom de comédia porque todo mundo está pelo menos com um pouquinho de medo, as teorias elaboradas que o Doctor forma, que diz que eles podem estar em um reino do pensamento humano ou algo assim, a interação de Daleks com criaturas como o monstro de Frankenstein e o Conde Drácula, e a explicação “muito mais simples” para tudo, que é uma casa dos horrores

Mas poderia bem ter sido um reino do pensamento humano ou algo assim!

O mais inesperado de toda essa sequência é, talvez, o fato de ELES ESQUECEREM A VICKI PARA TRÁS! Fico tão inconformado com a coitada, mas ao menos é um descuido causado justamente pela separação do grupo e por um achar que o outro está com Vicki… seria um problemão se Vicki tivesse realmente ficado perdida naquele lugar, mas felizmente ela é inteligente e astuta o suficiente para se infiltrar em uma máquina do tempo dos Daleks: afinal de contas, ela sabe que eles estão indo atrás da TARDIS de todo modo. Quando se dão conta de que deixaram a Vicki, o Doctor fica bravo, sentindo-se culpado, e Barbara e Ian pensam em roubar a máquina do tempo dos Daleks para voltar por Vicki – e eu acho que essa é, talvez, a primeira “dica” do que está por vir.

Da casa mal-assombrada, a TARDIS (e, eventualmente, os Daleks) se materializa no Planeta Mechanus, um lugar com plantas ameaçadoras que podem atacá-los, e onde os Daleks têm um plano inovador, enviando um robô com a aparência do Doctor para se infiltrar no grupo e matá-los – “Infiltrate and kill!” é o mote. Quando Doctor e Ian escutam o grito de Vicki e saem em busca dela, o Doctor Falso entra na caverna para se aproximar de Barbara, anunciando que “Ian está morto”, e quando Vicki desperta e vê o Doctor na sua frente, ela fica assustadíssima, acreditando que é o Doctor Falso, o robô que os Daleks enviaram para se infiltrar no grupo e matá-los, como ela ouviu dos planos dos Daleks… ao menos agora eles sabem que existe outro Doctor por aí.

E é uma história muito boa do arco, diga-se de passagem, embora seja razoavelmente rápida. Quando Vicki avisa o Doctor e Ian sobre o robô, eles voltam para salvar Barbara, e Ian consegue salvá-la enquanto o Doctor Falso está tentando matá-la (!), mas isso acaba resultando na fuga do robô e em um momento em que nem Barbara, nem Ian e nem Vicki estão com o Doctor Verdadeiro, gerando aquela cena clássica em que nos perguntamos QUEM É O DOCTOR DE VERDADE?! Adoro toda a confusão, os dedos apontados, as conclusões a que cada um chega e, é claro, um dos momentos mais épicos de “Doctor Who”, que é a luta entre o Doctor de Verdade e o Doctor Falso, com direito a uma guerra de bengalas e tudo. E o Doctor dá um jeito no impostor!

Mas eles ainda precisam lidar com o planeta… encurralados por Daleks e presos em uma caverna, o Doctor e os companions precisam aceitar a “ajuda” de um Mechanoid, que é a única saída possível da caverna, em um elevador rumo à Cidade Mechanoid que eles viram acima deles… preciso dizer que os Mechanoids são bem engraçadinhos (!), e Terry Nation cria outra criatura que tem um quê de Daleks: afinal de contas, são máquinas com vozes estranhas (a Vicki imitando a voz deles dizendo “Thank you” é maravilhosa, eu amo essa menina!) e que não são lá tão boazinhas… pena que não emplacaram tanto quanto os Daleks, mas talvez justamente por serem parecidos demais (mas ter um visual mais bonito). Aceitando a ajuda do Mechanoid, o grupo acaba preso

E é aí que eles conhecem Steven Taylor, um homem que está preso na Cidade Mechanoid há uns dois anos, e que imediatamente desejamos que se junte à TARDIS com a iminente saída de Barbara e Ian… ele conta um pouco a história de Mechanus e a tentativa dos humanos de colonizar o planeta, o que acabou ficando para trás, e ele também já desistiu de tentar fugir – o que Barbara, Ian e os demais nem pensam em fazer: eles não desistem tão facilmente assim… e um cabo no terraço pode ser a maneira de retornar à floresta e, consequentemente, à TARDIS. A reta final de “The Chase” é repleta de CAOS, de maneira até surpreendente (!), com o Doctor sendo responsável pela destruição da cidade, além de uma batalha entre Mechanoids e Daleks. No fim das contas, a cidade, os Mechanoids e os Daleks são todos destruídos…

E, então, chegou o momento…

Chegou o momento de nos despedirmos de dois companions queridíssimos.

 

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