Doctor Who (2ª Temporada, 1965) – Arco 016: The Chase, Parte 3

“London, 1965”

Já comentei, em meus dois textos anteriores sobre “Doctor Who”, sobre como “The Chase” é UM DOS MELHORES ARCOS DA SÉRIE CLÁSSICA, e talvez um dos mais importantes… além de ser uma nova aventura escrita por Terry Nation que traz os Daleks como vilões principais, esse arco de seis episódios é muito mais ágil que outros arcos do mesmo tamanho, trazendo uma variedade de cenários, personagens e histórias… e culminando na despedida de dois companions extremamente queridos dos quais talvez não quiséssemos nos despedir. E isso acontece no Planeta Mechanus, o “Planeta da Decisão”, como diz o título do episódio (!), depois da vitória do Primeiro Doctor tanto sobre Mechanoids quanto sobre Daleks, com a destruição da cidade.

Steven Taylor, a princípio, morre no meio do caminho, quando volta para buscar Hi Fi, seu bichinho de pelúcia que é mais ou menos como o Wilson, em “Náufrago”. E é então que entramos no grande desfecho de “The Chase”, que é A DESPEDIDA DE BARBARA E IAN. Com a nova derrota dos Daleks, a máquina do tempo que eles usaram para chegar até ali está vazia, e com toda a sua precisão, ela poderia enviá-los para qualquer lugar no tempo e no espaço, e é a Barbara quem se dá conta de que ELES PODEM VOLTAR PARA CASA – “Ian… do you realize we could get home?” “Oh. Yes. You want to?” “Yes”. Não posso dizer que eu não fico triste com essa decisão, porque eu AMO DEMAIS o Ian e a Barbara, mas eu fico feliz por eles terem voltado para casa em segurança…

A despedida deles é um pouco mais longa e, para mim, mais emotiva do que fora a despedida de Susan – talvez porque eu goste mais deles do que gostava de Susan, é claro. Mas enquanto foi o Doctor quem “decidiu” dar a Susan o que ela queria e não conseguia decidir sozinha, ele não está muito a favor de perder Barbara e Ian, o que traz à tona seu lado mais nervoso e rabugento, que é, na verdade, apenas uma proteção que ele criou para si, já que sofre com a decisão de seus companheiros de “abandoná-lo”. Primeiro, ele os chama de idiotas, diz que é muito arriscado, que eles podem terminar mortos no espaço e um monte de coisas, e isso gera um momento fortíssimo de confronto entre o Doctor e Ian, enquanto a ideia vai se tornando mais real…

Ian faz um discurso um tantinho amargurado, eu diria, sobre o que ele quer, sobre tudo de que sente falta em casa e no seu tempo, e sobre como ele quer pertencer a um lugar, ao invés de ficar nessas viagens infinitas e “sem sentido”. Barbara é muito mais delicada e justa, falando sobre tudo o que aconteceu desde que eles entraram na TARDIS pela primeira vez, sobre todas as memórias e histórias que viverão sempre com eles e que provavelmente será a parte mais interessante de toda a sua vida, mas sobre como eles são pessoas diferentes do Doctor, e agora eles têm uma chance concreta de ir para casa, e querem aproveitar isso… mas, para isso, precisam da ajuda do Doctor para programar a máquina do tempo dos Daleks de volta para casa…

Sentido, triste e sem querer perder Barbara e Ian, o Doctor é teimoso – e é Vicki quem conversa com ele, falando sobre como ele tem que deixá-los ir se é isso o que eles querem… e quando o Doctor pergunta se ela não quer ir com Barbara e Ian, Vicki diz que não, porque não tem o que fazer no tempo deles (ela é do futuro, afinal de contas!), e ela quer continuar viajando com o Doctor, e acho que isso é uma espécie de alento: ele sabe que não estará sozinho, ao menos. Então, ele pergunta a Barbara e Ian se eles estão cientes de todos os riscos, mas eles estão decididos a arriscar, e não há nada mais que o Doctor possa fazer a não ser ajudá-los… e é assim, com uma máquina do tempo criada pelos Daleks e usada em uma perseguição, que Barbara e Ian partem…

De volta para casa. Ou muito perto disso.

“London, 1965”

Eles deixaram Londres em 1963 e retornam em 1965, o que é perto o suficiente – embora eles precisarão de uma história que explique o seu desaparecimento… e a verdade não vai ser algo em que as pessoas vão acreditar com facilidade. “The Chase” traz uma série de fotos de Barbara e Ian se divertindo de volta em Londres, rindo alegremente de qualquer coisa, e o Doctor e Vicki assistindo a tudo no Visualizador do Tempo e do Espaço que o Doctor trouxe do Museu Espacial e que vimos funcionar no início desse arco… ao menos o Doctor sabe que eles estão bem e estão em segurança. Não quer dizer que ele esteja feliz, e é muito lindinho vê-lo reconhecer isso quando ele diz, de carinha fechada, que “vai sentir saudade”. Nós te entendemos, Doctor… nós também vamos.

Barbara e Ian tiveram uma passagem lindíssima em “Doctor Who”.

Sentiremos falta de dois companions tão queridos!

 

Para mais postagens sobre o Primeiro Doctor, clique aqui.

Para todas as publicações sobre “Doctor Who”, clique aqui.

 

Comentários