Ritmo de Natal (2023)
Funk e música clássica, em ritmo natalino.
Protagonizado
por Clara Moneke e Isacque Lopes, “Ritmo
de Natal” faz parte de um projeto do Globoplay para produzir mais filmes
feitos para a TV e para o streaming,
e foi lançado no último dia 30 de novembro. Com roteiro de Juan Jullian e
Leonardo Lanna e direção de Allan Fiterman, o filme conta a história de Mileny
e Dante, dois músicos de mundos opostos que se apaixonam e, sete meses depois,
precisam lidar com um Natal que reúne
ambas as famílias e todas as confusões que essa situação pode trazer… e brigas, é claro. O filme tem a cara de
filme feito diretamente para a TV e, antigamente, home video (!), e se mostra competente ao entreter com uma história
de amor bonitinha que, para mim, funciona melhor do que o humor, que me pareceu
mais engessado.
Mileny e
Dante se conhecem por acaso em uma festa, quando a garota chama a atenção de
Dante e o amigo diz que ela é “violino demais para o seu arco” ou algo assim, e
explica que ela é “a garota da Sentada Mortal” – que, é claro, é o nome da sua
música de maior sucesso. Mileny é uma funkeira descolada, filha do MC Barbatana
e da Mulher Damasco; Dante Augusto, por sua vez, é um violinista clássico
“muito certinho”. Acho que essa premissa por si só teria dado uma boa história
de romance que nasce e se concretiza durante a época de Natal, mas não é a
proposta de “Ritmo de Natal”, porque
Mileny e Dante encontram uma maneira de fazer o romance funcionar, e eles estão
razoavelmente certos de que foram feitos um para o outro… até o Natal.
Dante está
pensando em pedir Mileny em casamento durante o Natal, mas faz isso sem avisar
a mãe, mentindo que está indo para um concerto para ela não “surtar” porque ele
não estará com ela no Natal; Mileny, por sua vez, está animada e pensando em
“ensinar Dante a ser menos certinho” durante o feriado, enquanto o restante da
família está em Orlando. Até que tudo
muda drasticamente. Minha parte favorita do filme (e é uma pena que ela
venha tão cedo, porque eu gostaria de
poder dizer que o filme foi continuamente se superando) é quando Mileny deixa
Dante nu na sala, esperando por ela, enquanto ela veste uma roupa natalina
safada (!), mas antes que ela possa retornar, a família de Mileny aparece de
surpresa e conhece Dante de forma…
inusitada.
O que era
para ser um Natal só entre os dois acaba se tornando, então, um Natal bem mais populoso – e complicado quando
Mileny resolve fazer uma “surpresa” para Dante e convida Inês, a mãe dele, para
vir passar o Natal com eles… afinal de contas, os planos já saíram dos trilhos
mesmo, com a chegada dos pais dela! O problema, é claro, é que Mileny e Dante
já avançaram em sua tentativa de encontrar uma maneira de fazer os mundos
opostos funcionarem juntos – a família, no entanto, é a representação de quando
esses mundos colidem… e é um caos. Os
pais de Mileny são divertidos, soltos, adoram o improviso; Inês é fechada,
rigorosa, gosta de planejar tudo e quer que tudo seja sempre do seu jeito. O que é um problema.
Assim, “Ritmo de Natal” explora as interações
que variam das cômicas às mais absurdas – e embora eu reconheça que Inês é o
principal problema (mas eu dei risada com algumas cenas dela, também não vou
negar, como a reação dela ao ver as coisas sobre o piano!), eu acho que o MC
Barbatana também pesa a mão ao retrucar (eu teria ficado irritado com as
provocações pelo “fagote”, por exemplo, e ele foi cruel no amigo oculto!), e as
discussões acabam respingando sobre Mileny e Dante, que precisam enfrentar a
verdade que talvez eles estivessem evitando até então: eles são mesmo de mundos diferentes… será que eles conseguem fazer com
que esse romance funcione? Se eles se amam de verdade, eles precisam estar
dispostos a tentar ao menos, não?
Não é, a meu
ver, um filme excelente… mas tampouco é um filme ruim. Eu gosto da vibe natalina, eu acho que a premissa de
“pessoas de mundos opostos que se apaixonam” funciona, eu acho que a energia
caótica de famílias se reunindo no Natal é aquela ali mesmo, e o romance de
Mileny e Dante é, certamente, a parte mais fofa do filme. Talvez ele tenha se
vendido como comédia e não tenha se saído tão
bem assim ao emplacar suas piadas na maior parte do tempo. A personagem da
avó me pareceu bastante caricaturada, por exemplo, e não me arrancou risadas,
mas acho que o humor funciona em momentos mais orgânicos como as reações de
Inês ou quando o MC Barbatana está explicando para ela quem é a Perla e toda a
família canta e dança, por exemplo.
Como o
romance é a parte que melhor funciona
para mim em “Ritmo de Natal”, eu
gostei bastante do final do filme… Inês reconhece seus erros, tem uma conversa
franca com Mileny sobre como agora percebe que a armadura que vestiu para se
proteger também a sufoca (a fala é fortíssima, uma discussão importante a
respeito de racismo!), e ajuda Dante a conseguir “um milagre de Natal”, que
termina com uma serenata que mistura música clássica e funk (o que me fez
automaticamente pensar em “Kally’s
Mashup”, que sempre fez um trabalho INCRÍVEL mesclando música clássica com música
moderna) e um pedido de casamento mútuo, e como o bobo romântico que sou, eu
fiquei feliz em vê-los felizes… foi um casal bem gostosinho de se acompanhar!
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