[Series Finale] Bodies 1x08 – Know You Are Loved
“I’m sorry,
my boy. Please forgive me. And know you are loved”
QUE
CONCLUSÃO FASCINANTE! “Bodies” foi
uma maravilhosa surpresa de 2023 para mim! Apaixonado por narrativas com viagem
no tempo, mistérios e espaço para teorias, “Bodies”
me chamou a atenção desde que eu li sua sinopse, e foi uma jornada incrível do
início ao fim. Em “Know You Are Loved”,
o último episódio da minissérie (embora exista um quê de um gancho na última
cena), vemos um movimento que começa com a viagem de Iris Maplewood de 2053 a
1890 para quebrar o ciclo no qual eles
estão presos há tanto tempo… e eu gostei muito de como isso foi abordado
pelo roteiro, não de maneira exagerada, nem com uma cena megalomaníaca na qual
tudo é mudado/impedido ao mesmo tempo. A mudança é um processo presente nos
detalhes.
Por isso, eu
amo esse Series Finale de “Bodies”,
que confere importância a cada um dos detetives que encontraram o corpo de Gabriel
Defoe em Longharvest Lane através da história: TODOS eles têm um papel a
desempenhar para que o ciclo seja quebrado, de maneira sequencial… é Iris
Maplewood quem dá início, viajando ao passado com informações do futuro; Alfred
Hillinghead “atormenta” Elias Mannix garantindo a sua infelicidade que, por sua
vez, o faz gravar mais um disco; Charles Whiteman é quem recebe esse disco e o
esconde em segurança para que ele seja encontrado anos mais tarde; e é Shahara
Hasan quem usa o disco para chegar até a versão adolescente de Elias Mannix e
deter a explosão da bomba. Todas as peças se encaixando para a mudança.
É um roteiro
muito, muito bom!
Digo isso em
vários sentidos… eu acho que “Bodies”
brincou muito bem com a temática de viagem no tempo, concebendo Elias Mannix
através do Paradoxo de Bootstrap, flertando continuamente com paradoxos, sem
recorrer a soluções “fáceis” como linhas temporais alternativas que coexistem –
afinal de contas, a interferência no passado que altera a memória de Shahara
Hasan no futuro me fez pensar muito em “Efeito
Borboleta”, com uma linha temporal única e passado mutável. Além disso, o
roteiro precisa ser elogiado por entender a noção de protagonismo e dividir o peso das ações de Maplewood, Hillinghead,
Whiteman e Hasan na resolução do problema, mostrando que toda a construção dos
quatro personagens até agora sempre foi essencial.
É
fascinante!
A chegada de
Iris Maplewood a 1890 dá início à mudança… é o seu toque de contribuição, o
tijolo que ela coloca na nova história que eles estão construindo. Quase temi
que ela não fosse conseguir mudar nada
quando ela tentou falar com Alfred Hillinghead, mas ele nem se dispôs a ir até
o escritório porque tinha acabado de entregar a sua confissão e estava indo
para casa, para poder contar a verdade à esposa e à filha antes de ser preso,
mas Iris está na cela ao seu lado quando ele é preso, e então ela tenta
conversar com ele, tenta contar a respeito do futuro, de Elias Mannix, todas
coisas nas quais ele, inicialmente, não quer acreditar… porque parece
“impossível”. Até que ela fale sobre o nome que ele inscreveu no tijolo, a
mensagem que ele deixou para o futuro…
“You left a message for the future. And here I am”
Então,
Alfred Hillinghead escuta tudo o que Iris tem para lhe dizer… até o momento em
que ele é levado para ser transferido e ela avisa que eles vão matá-lo no
caminho e fazer com que pareça um suicídio. Infelizmente, Alfred continua
morrendo assassinado naquela carruagem, mas a sua conversa com Julian
Harker/Elias Mannix antes disso é completamente
diferente da conversa que vimos no episódio anterior. Aqui, Alfred o chama
de “Elias Mannix”, diz que sabe tudo a seu respeito, e que mentiram para ele,
porque ele não vai morrer amado, mas vai morrer “sozinho e cheio de
arrependimentos”. A CENA É INCRÍVEL. Mas as coisas seguem razoavelmente
similares, com Julian Harker casando-se com Polly Hillinghead e tendo um filho.
Mas a semente da mudança foi plantada.
Isso porque,
atormentado pelas palavras de Hillinghead que diziam que “ele morreria sozinho
e cheio de arrependimentos”, Julian Harker está frio e distante, tornando Polly
infeliz e, consequentemente, seu próprio casamento infeliz… se era ali que ele
esperava “ser amado”, as coisas não deram certo. Em uma cena fortíssima, Polly
diz que Julian mudou desde a noite da morte do seu pai e, distante e com medo,
não deixa que Julian se aproxime, a toque e pergunta se ele tem algo a ver com
a morte do seu pai… e ele confessa que o
matou. Polly dá à luz ao filho do casal, Hayden Harker, mas ela se recusa a
segurar o bebê depois do parto, por exemplo, virando a cabeça para o lado e
deixando Julian incomodado, porque Hayden “precisa saber que ele é amado”.
Curiosamente,
é por isso que foi tão importante acompanharmos a maneira como as coisas tinham
originalmente acontecido no episódio passado, entre Julian e Polly… para que
esse episódio pudesse ser esse contraste tão evidente. Quando chegamos a 1941,
vemos que muita coisa segue igual: Polly fez parte da seita, obedeceu às ordens
de Julian, está se preparando para ir ao metrô e matar Esther, mas a relação
deles não é a mesma, tanto que ela pergunta quando ela vai morrer e como ele vai morrer, perguntando se será
ela que o matará, e dizendo que “espera que seja”. Por enquanto, a sensação é
de que o ciclo segue intacto, com Julian dizendo a verdade ou não nas
gravações, o resultado sendo o mesmo… mas, com a vida infeliz que viveu nesses
50 anos, Elias toma uma decisão…
E grava um novo disco.
É
interessante pensar que foram as informações que Iris Maplewood trouxera do
futuro e as coisas que Alfred Hillinghead dissera a ele na noite de sua morte
que fizeram toda essa diferença, que garantiram a Elias Mannix uma vida infeliz
na qual ele está prestes a morrer sozinho e cheio de arrependimentos. E, antes
de morrer, ele pede um favor a Charles Whiteman: que ele pegue aquela gravação
e entregue a Shahara Hasan, porque é a partir daquela gravação que ele pode
mudar tudo, salvar a vida de Esther e salvar a vida de milhares de pessoas.
Diferente de Hillinghead e Maplewood antes dele, Whiteman deixa, também, o seu
nome gravado em Longharvest Lane para ser encontrado por Shahara Hasan, mas com
uma mensagem extra.
Um lugar para onde ela ir. O bar.
O mesmo bar
em que ele é brutalmente assassinado em uma cena terrível.
Antes de
chegarmos a 2023, partimos antes para 2053, onde as memórias de Hasan começam a
mudar conforme o tempo a alcança, e
ela percebe – “Something’s different.
Something’s changed. I can feel it”. O bar em questão foi destruição na
explosão de 2023, então Hasan precisa que Gabriel Defoe organize uma última
viagem no tempo, E QUE SEQUÊNCIA INCRÍVEL é o clímax do episódio! Vemos os
eventos retrocederem até a chegada de Hasan, e então ela começa o último
estágio da mudança e da quebra do ciclo: ela visita o bar, encontra o último
disco de Elias Mannix escondido em um quadro marcado por Charles Whiteman, e
então parte para a casa de Sarah, a mãe de Elias, antes da chegada da Sarah de
2023 e do Elias Manix de apenas 15 anos de idade…
A TENSÃO que
toma conta de toda essa sequência é eletrizante. A maneira como Hasan-2053
conversa por telefone com Hasan-2023, conta sobre o segundo gatilho que Elias
Mannix ainda pode acionar para detonar a bomba, e lhe dá instruções do que
fazer, como afastar as crianças de bicicleta de quem Elias tomaria um celular
ou colocar ela no viva-voz para que ela possa conversar com Elias e contar
sobre as mentiras que foram contadas para ele durante todos esses anos… a
direção incrível transmite toda a emoção necessária à cena através das várias
reações quando Hasan-2053 toca o último disco de Mannix, gravado em 1941, para
um Elias que ainda tem uma escolha,
ainda tem a chance de não matar todas aquelas pessoas, porque isso não vai
fazer com que ele seja amado.
No fim, a
decisão é do próprio Elias. Aos 15 anos, ele ainda tinha esperança mesmo.
Hasan não estava tão errada assim em
acreditar nisso.
Gosto muito
de como essa cena quebra o ciclo que parecia impossível de ser interrompido.
Elias rasga o número que acionaria a bomba e Sarah o abraça, enquanto as duas
Hasans também se abraçam, e então as mudanças chegam: Elias Mannix desaparece,
porque não existe sem o ciclo, e a Hasan de 2053 também desaparece, e
acompanhamos um pouquinho das vidas dos detetives sem a chegada do corpo de Gabriel
Defoe. Sabemos que Polly fez sucesso como música, vemos Charles esbarrar em
Esther em 1941 em uma cena breve e linda, vemos Hillinghead olhar para Henry
Ashe em 1890, sentindo alguma coisa que ele nem sabe o que é, e vemos Hasan ir
para casa em 2023, em segurança, de táxi… mas
a taxista, estranhamente, é Iris Maplewood.
E o prédio da “KYAL” está em construção lá à
frente.
Fiquei com
cara de “O QUÊ?!” com essa última
cena? Sim. Mas adorei a provocação!
Que série
incrível!
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