Vencer o Medo – O pedido de divórcio
Relacionamento abusivo.
Inês está
tendo que lidar com muito… além da preocupação com as filhas, ela também vive
um casamento abusivo repleto de constantes humilhações e maus-tratos, e agora a
sua saúde está dando sinais de que não anda muito bem. Inês já passou mal mais
de uma vez, e até terminou no hospital, mas a operação que ela tinha que fazer
era cara demais para que eles
pudessem pagar, e ela voltou para casa apenas com alguns remédios que
precisavam ser tomados… em uma das vezes em que Inês passa mal, Rommel está
presente porque estava em busca de Marcela e, sem saber bem o que fazer quando
a mulher passa mal de dor na sua frente, ele a coloca no carro para levá-la ao
hospital. Quando Vicente, Cristina e Marcela chegam, eles descobrem que a conta dela já foi paga.
Não é muito
difícil perceber que isso é coisa do
Rommel… Inês pode não saber o nome do rapaz, amigo de Marcela, que a
ajudou, mas ela tem certeza que só pode ter sido ele a quitar a dívida, e a
própria Marcela vai em busca de Rommel para saber se foi ele, e quando ela
pergunta por que ele fez isso, ele
diz que o fez porque ainda gosta dela
– e isso acaba jogando a favor de Rommel para reconquistar Marcela, é claro.
Ele até marca um encontro e faz uma surpresa em um terraço todo decorado para
ela, e ela acaba aceitando o seu pedido de namoro. As coisas estão mudando na
vida de Marcela também: ela até volta para casa, por insistência da mãe, e
Vicente, embora nada feliz em recebê-la de volta em casa, acaba encurralado e
não pode dizer nada.
É muito bom
ter Marcela de volta em casa, porque ela e Cristina já se aproximaram
novamente, e as duas estão presentes para dar forças para a mãe quando ela mais precisa. Além das
constantes humilhações e maus-tratos, Inês também descobre uma traição de Vicente, e talvez essa seja a gota d’água para ela
se livrar desse relacionamento abusivo. Quando ele chega em casa, Inês está
perfeitamente amparada pelas filhas quando as três o confrontam, e é
verdadeiramente nojenta a maneira
como Vicente ainda se acha o certo e responde com gritos, a mesma atitude
babaca, o mesmo deboche, o mesmo descaso, dizendo a Inês que “ela o fez passar
vergonha indo atrás da mulher com quem ele a estava traindo”. É realmente uma
cara-de-pau sem limites.
O mais
triste é ver que Inês já está há tanto tempo nesse relacionamento abusivo, há
tanto tempo sendo diminuída por Vicente, que, no dia seguinte, é como se toda a
sua força para confrontá-lo e/ou para ir embora se esvaiu, e ela chega a se
sentir culpada e dizer às filhas que Vicente tem razão e ela “não devia ter ido
atrás da mulher”. Isso é uma inversão tão ABSURDA, e é tão triste ver Inês
acreditando naquilo… também é triste a cena em que Inês aparece no quarto das
filhas, perguntando “se tem um espaço para ela”. A cena das três dormindo
juntas é imensamente triste, mas, também, é um momento lindíssimo, porque o
apoio que Marcela e Cristina representam para Inês naquele momento é palpável.
No dia seguinte, Inês diz a Vicente que vai
dar entrada no divórcio.
Esse é um
momento aguardadíssimo dessa trama
toda: Vicente acusa as filhas de terem convencido Inês a fazer isso, mas Inês
se levanta para dizer que isso não foi necessário, porque foram as próprias
atitudes dele que fizeram com que ela tomasse essa decisão. Então, ela diz tudo
o que era preciso ser dito, dizendo que o pedido de divórcio não vem apenas da
traição, mas também dos anos de maus-tratos, de todas as humilhações e
grosserias… e Vicente promete que vai “fazer com que ela se apaixone por ele
novamente” e, infelizmente, Inês deixa cair um papel no dia que vai assinar o
divórcio finalmente, e, por isso, Vicente sabe exatamente onde encontrá-la,
fazendo uma cena exagerada e que não reflete em nada quem ele é, para impedi-la
de assinar o divórcio.
Infelizmente,
é um retrato fiel de muitos relacionamentos abusivos… por isso “Vencer o Medo” tem tanta força, eu
acho. Eu queria MUITÍSSIMO ver a Inês assinando aquele divórcio, expulsando o
Vicente de casa, mas ela acaba sendo manipulada por ele e aquele teatrinho
barato que não poderia ser mais forçado: ele chega com flores para ela, dizendo
que ela não pode fazer isso, com uma voz que ele nunca usou na vida, os olhos cheios de lágrimas, e se ajoelha
na frente dela. Cristina e Marcela sabem
exatamente o que ele está fazendo, e tentam trazer a mãe de volta à realidade,
tentam mostrar para ela como isso é uma chantagem emocional, mas Inês desiste
de assinar o divórcio dizendo às filhas que “o Vicente merece uma segunda
oportunidade”.
E é claro que esse teatro não vai durar.
Nunca dura.
Cristina,
por sua vez, está lentamente voltando à sua vida e ao que ama de verdade: nadar. Quando o massagista que a abusou
se recusa a assinar a “demissão voluntária” e pode voltar à equipe a qualquer
momento, no entanto, ela percebe que vai
precisar fazer mais alguma coisa… quando Cristina comenta sobre como seria
diferente “se todos soubessem o que ele fez”, o seu treinador diz que eles não
sabem porque ela nunca falou, e ela precisa entender que se não pode vencer o
silêncio, não poderá vencer nada nem ninguém, muito menos ele. Por isso, é hora
de Cristina vencer o medo e contar sua história à família (nem mesmo Marcela
sabia dessa parte da história ainda), em uma sequência fortíssima, triste, mas
necessária. É importante que se fale, que
se quebre o silêncio.
Esse é o primeiro passo.
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