As Crônicas de Spiderwick, Livro 1 – O Guia de Campo (Tony DiTerlizzi e Holly Black)
O guia de campo de Artur Spiderwick.
Escrito por
Tony DiTerlizzi e Holly Black e publicado em maio de 2003, “O Guia de Campo” é o primeiro livro de “As Crônicas de Spiderwick”, contando as aventuras de Jared, Simon
e Mallory Grace depois que eles se mudam para uma casa antiga, encontram um
misterioso Guia de Campo e descobrem
que há um diabrete morando nas paredes de sua nova casa… e esse é apenas o
começo de uma grande descoberta que
os irmãos estão prestes a fazer a respeito de um outro “mundo” que vive bem
debaixo do nosso nariz, mas do qual não temos conhecimento. De leitura rápida e
envolvente, “As Crônicas de Spiderwick”
é uma mistura interessante de prosa e imagem, com ilustrações belíssimas que fazem parte da contagem de história e
enriquece a experiência.
Também
preciso comentar a respeito de como o livro é lindo visualmente. Eu tenho em casa (conforme a foto acima) uma edição
lançada pela Editora Rocco que eu comprei em 2008, e que é um dos xodós da
minha biblioteca… em formato pequeno e de capa dura, o livro é cheio de
detalhes que o tornam especial, como os relevos na ilustração e no título da
capa, ou o fato de que as páginas são todas “irregulares”, dando ao livro um
aspecto rudimentar e único, como se fosse algo feito à mão – o resultado é
lindíssimo. Também gosto muito do fato de cada livro da coleção ter uma cor diferente, deixando “As Crônicas de Spiderwick” como algo
muito bonito na estante aqui de casa… além, é claro, de ter uma história
fascinante que eu estou adorando ler novamente.
A
apresentação do livro começa ainda antes
de o livro começar oficialmente – o que eu acho muito legal. A carta de Holly
Black nos joga dentro da história antes mesmo que possamos perceber, quando ela
conta sobre quando ela e Tony DiTerlizzi receberam uma carta misteriosa depois
de uma sessão de autógrafos em uma livraria… uma carta que vinha diretamente dos Irmãos Grace. Aqui,
somos inusitadamente apresentados ao universo fantástico de “As Crônicas de Spiderwick”, recheada de
seres incríveis, e brevemente aos Irmãos Grace, que acompanharemos durante os
próximos cinco livros. Essa mistura entre ficção e realidade me faz pensar um
pouco em como Lemony Snicket sempre brincou com a história dos Baudelaire em “Desventuras em Série”.
“As Crônicas de Spiderwick” é uma série
mais curta e rápida que outras sagas que fizeram muito sucesso na literatura
fantástica para o público infanto-juvenil, como “As Crônicas de Nárnia”, “Harry
Potter” e, uns anos mais tarde,
“Percy Jackson e os Olimpianos”. Mas isso não quer dizer que ela seja menos
fascinante! A leitura envolvente e extremamente prazerosa de “O Guia de Campo” me fez pensar muito
no Jefferson criança que adorava ler a Coleção Vaga-Lume (que me rendeu algumas
das minhas leituras favoritas na vida, como “A
Ilha Perdida”, “Sozinha no Mundo”
e um dos livros que mais gostei de ler: “O
Mistério do Cinco Estrelas”), e essa é uma experiência e tanto… de fato
entrei nesse universo através do Guia de Campo de Artur Spiderwick.
Os
protagonistas de “As Crônicas de
Spiderwick” são Jared e Simon Grace, irmãos gêmeos de 9 anos de idade, e
Mallory, a irmã mais velha, de 13 anos… Mallory é apaixonada por esgrima, Simon
é apaixonado por animais que a maioria das pessoas não iam querer ter como
bichinhos de estimação, e Jared se tornou um “famoso encrenqueiro” na escola da
qual só não foi expulso porque ele e a família estavam prestes a se mudar da
cidade, depois do divórcio dos pais. Depois que o pai os abandonara, a mãe teve
que recorrer a uma antiga casa no campo de Lúcia, uma tia que supostamente
“enlouqueceu”. E é assim que as crianças chegam a uma casa velha e um pouco macabra, mas que guarda segredos
fascinantes para o que eles estão prestes a viver por ali.
Gosto muito do
quanto Tony DiTerlizzi e Holly Black conseguem fazer em tão poucas páginas… o
livro é muito mais complexo e cheio de informações do que se pode pensar em uma
primeira olhada – e esse é um tipo de literatura que, particularmente, eu acho fascinante. Praticamente não
saímos de dentro da casa de Lúcia durante esse primeiro livro, mas exploramos
os segredos escondidos dentro dela de
maneira interessante… as crianças ouvem um barulho vindo de dentro das paredes
e descobrem o que parece ser o “ninho” de algum animal quando Mallory usa um
cabo de vassoura para quebrar a parede da cozinha, e eles também descobrem um
pequeno elevador que leva a um cômodo misterioso e “secreto” que se parece com
uma biblioteca.
O refúgio de Artur Spiderwick. Onde Jared
encontra o Guia de Campo.
O Guia de
Campo é o que dá início à capacidade dos Grace de enxergar um mundo invisível ao seu redor – bem, não literalmente…
isso ficará para “A Pedra da Visão”.
Mas o que quero dizer é que o Guia de Campo de Artur Spiderwick deixa Jared encantado, e depois de lê-lo
afoitamente (e passa a carregá-lo para todo lugar), Jared finalmente parece
entender quem estava vivendo dentro
da parede… e, consequentemente, quem é que está aprontando aquelas
“travessuras” (maldosas, diga-se de passagem) durante a noite – primeiro, os
cabelos de Mallory que amanhecem amarrados à cama; depois, os novos girinos de
Simon que aparecem congelados em cubos de gelo na geladeira… trata-se de um
diabrete, um gnomo que eles irritaram quando mexeram na sua casinha da parede.
E, por isso,
Jared quer consertar esse erro.
Também gosto
muito da profundidade dada aos personagens – e como eu sinto por Jared. Toda a
situação da família é deplorável e parece traumática a maneira como o pai os
abandonou, e não sei se dá para julgar Helen por estar sobrecarregada tendo que
recomeçar sozinha com os três filhos, mas é incômodo
ler a maneira como ela parece se voltar contra Jared, achando que ele é o
culpado por trás de tudo de ruim que está acontecendo na casa. Uma das
passagens mais fortes e mais inteligentes do livro vem de dentro
da mente de Jared, quando ele comenta que ele está, de fato, chateado com o fato de o pai os ter
abandonado, mas isso não quer dizer que ele amarraria os cabelos da irmã à
cama, mataria os girinos do irmão ou destruiria toda a cozinha.
A mãe, no
entanto, parece acreditar que foi ele quem fez tudo.
É injusto e
doloroso.
Jared quer
que ao menos seus irmãos acreditem nele… e em parte é por isso que os envolve
quando anuncia que vai tentar resolver o problema do diabrete que os está
atormentando: se eles o chatearam
quando mexeram na sua casinha e a destruíram, Jared vai lhe dar uma nova de
presente, que ele montou, e espera que tudo fique bem. Foi muito gostoso ler os
três irmãos indo juntos à biblioteca de Artur Spiderwick, o autor do Guia de
Campo, para deixar a nova casinha ao diabrete, e foi ótimo conhecer,
finalmente, o Tibério: o diabrete, agora
de volta como gnomo, que eventualmente aparece para eles… avisando que eles
deviam jogar o Guia de Campo fora, para não atrair algo. É nesse momento que
Jared, Simon e Mallory percebem que se envolveram em algo grande.
E estão apenas começando.
Mais reviews de “As Crônicas de Spiderwick” EM BREVE!
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