Cúmplices de um Resgate – Florência abandona os sobrinhos!
“Nos
quedamos solitos otra vez”
O TANTO QUE
EU CHOREI ENQUANTO ASSISTIA A ESSAS CENAS! Sempre acho muito interessante como as novelas mexicanas
infantis não poupam as crianças de
alguns temas bem sérios e cenas sofridas – se em “O Diário de Daniela” tínhamos toda a história de Martín, que era
maltratado pelo padrasto (e eram cenas fortes de se assistir), em “Cúmplices de um Resgate”, além de toda
a trama de sequestro e cárcere privado, que ainda está por vir, temos a
história protagonizada por Joaquim, Julia e Felipe: três irmãos que perderam os
pais recentemente e que estão morando com a tia que não gosta de cuidar deles… toda a história é apresentada nos
primeiros capítulos da novela e é carregada de emoção e tristeza, fazendo com
que nos conectemos rapidamente aos irmãos, porque sentimos por eles em todo o
sofrimento que os aguarda.
Florência, a
tia, está exausta de ter que cuidar
deles, mandar arrumar o quarto, ouvir o barulho do ensaio para a banda da qual
eles querem participar… por isso, ela constantemente desaparece por horas, o
que chega a incomodar até Alícia, a vizinha e mãe de André, que acha que as crianças passam muito tempo sozinhas.
E a verdade é que eles realmente sentem
esse abandono, mesmo antes de Florência ir, de fato, embora – quando a tia
desaparece, por exemplo, eles ficam cabisbaixos e se perguntando por que a tia saiu de novo, e Joaquim,
Julia e Felipe protagonizam uma conversa que me partiu o coração, quando dizem
que eles “estorvam a tia”, que “cada vez ela os ama menos” e, o pior de todos,
que “se os pais não tivessem morrido, eles estariam com eles e não precisariam
estar ali, incomodando a tia Florência”. Isso
foi muito cruel.
A cena mexeu
muito comigo. Chorei o tempo todo.
Eu gosto de
como “Cúmplices de um Resgate”
valoriza o que as crianças sentem, porque a dor deles é REAL. Eles acabaram de
perder os pais, algo que dói demais, eles não têm o carinho que esperavam da
tia, e Joaquim, o mais velho dos três, precisa ser maduro demais para a pouca idade que tem, tentando animar os irmãos
e dizer que eles amam uns aos outros e que ele nunca vai decepcioná-los. Quando
Vicente aparece para anunciar que eles
foram selecionados para fazer parte do grupo musical que está sendo montado,
Florência percebe que essa pode ser a sua “grande chance” de escapar. Ela faz
uma série de perguntas e exigências, pede que Vicente se encarregue de se
certificar que os seus sobrinhos continuem estudando, por exemplo, e abre uma
conta separada para os sobrinhos e pede que todo o dinheiro que ganharem com a
banda seja depositado ali.
Então, ela
acha que “está tudo bem” ir embora.
Inusitadamente,
Florência comete uma atrocidade sem ser exageradamente demonizada pelo roteiro,
o que é um feito e tanto. Ela está 100% errada ao abandonar os sobrinhos, mas
vemos que ela o faz porque está cansada e porque nunca nem quis ficar com eles, em primeiro lugar e, de alguma maneira
distorcida e bizarra, ela acredita que vai ficar tudo bem se ela garantir que
alguém cuide de seus estudos e que eles tenham dinheiro para comprar comida.
Achando que eles não vão mesmo sentir sua falta, Florência vai embora, dizendo
que “espera que Deus a perdoe”, e então cenas ainda mais cruéis nos aguardam… e
começa com a Julia chorando, olhando para a foto dos pais, na noite em que a
tia se arruma para ir embora, e o Felipe indo até a cama dela para dizer que a
ama, mas ela se vira para o outro lado e manda ele voltar para a cama e dormir…
Ela não quer que o irmão mais novo a veja
assim.
Florência
entra no quarto de Julia e Felipe, olha para os dois sem saber que eles só estão fingindo que estão dormindo,
e depois sai… olha para o Joaquim, dormindo no sofá da sala, e vai embora.
Joaquim acorda com o barulho e o movimento, se pergunta “onde a tia está indo a
uma hora dessas”, mas não vê a mala. Mesmo assim, eles não demoram a entender o
que aconteceu… Julia corre para o quarto da tia e vê que os armários foram
esvaziados, e depois eles encontram a carta de despedida, breve e seca, dizendo
que “ela foi atrás de sua felicidade”, e o cartão e a senha para pegarem
dinheiro… A DOR QUE É VER AQUELES TRÊS IRMÃOS CHORANDO ABRAÇOS UM NO OUTRO,
falando sobre como ficaram sozinhos
novamente… a emoção que esses atores transmitem naquele momento tão intenso
e tão triste é de arrepiar. Personagens incríveis de verdade!
Na manhã
seguinte, Joaquim e os irmãos vão à biblioteca, para pesquisar e ler a respeito
de leis sobre crianças que foram abandonadas e processos de adoção, e, com medo
de serem separados se forem levados para um abrigo, eles decidem que ninguém
pode ficar sabendo que eles estão sozinhos… eles vão ter que continuar fingindo
que existe um adulto responsável por eles, enquanto pelo menos têm um ao outro:
“Estamos solos. Nos quedamos solos”.
Eu acho a história dos irmãos Olmos a mais dolorosa de “Cúmplices de um Resgate” (apesar de que existem muitas histórias
dramáticas na trama dessa novela), e sempre choro com as crianças com a
realização de que eles estão sozinhos… e
não pela primeira vez. Felizmente, eles têm um ao outro, eles têm um melhor
amigo incrível, e Alícia, que nem sabe de tudo, mas que já se preocupa por eles.
Vamos ver,
agora, como eles se viram com todas as dificuldades.
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de Luz
Toda essa cena de Joaquim, Júlia e Felipe me lembrou os Irmãos Baudelaire- a Tia Florência não é uma pessoa como o Conde Olaf, nem há toda uma perseguição e mistério envolvendo eles, nem eles são ricos ou herdeiros de nada, ou são terrivelmente maltratados... mas todo esse clima deles relembrando os pais, como ''seria muito melhor se eles não tivessem morrido'', que eles só estão dando trabalho e causando problemas ao redor... pareceu muito com os Baudelaire durante toda a série, mesma vibe, mesma sensação. Senti muito por eles aqui também.
ResponderExcluirNunca tinha pensado assim, mas de fato há certa semelhança no sentimento... não no contexto que eles vivem em si, mas no sentimento de falta dos pais, de medo de estar "causando problema", isso tudo. É uma cena que me marcou bastante, senti demais pelo Joaquim e os irmãos!
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