[Finale] Last Twilight – Episode 12

Reencontro.

Assistir a BLs dirigidos pelo Aof sempre foi, para mim, uma experiência singular. Acredito que o diretor tem a capacidade de trazer verdade às suas histórias, sejam elas mais humanas e reais ou mais fantasiosas mesmo, porque a verdade está na construção dos personagens. Talvez indo contra a maré (mas também com a consciência de que as pessoas, na maioria das vezes, tendem a escolher como seus “favoritos” a obra boa mais recente que tenham assistido), eu coloco “Last Twilight” abaixo de outras produções do Aof, como as icônicas “1000 Stars” e “Bad Buddy”, ou a minha favorita de todas, “Moonlight Chicken”, mas isso de modo algum quer dizer que essa série não seja também incrível – afinal de contas, Aof está sempre disposto a entregar obras de arte.

É o caso de “Last Twilight”, embora eu tenha ressalvas e o último episódio tenha trilhado, eventualmente, um caminho que eu não achava estritamente necessário, tendo em vista a construção da série. Ainda assim, é um episódio grandioso, repleto de momentos marcantes, e certamente transmite emoção do início ao fim… muito menos melancólico ou mesmo dramático do que eu imaginei, achei uma boa escolha criativa avançar a história para 3 anos no futuro, o que paradoxalmente diminui o impacto do término no fim do episódio anterior para a audiência, mas confere-lhe peso, mostrando que não era uma atitude precipitada e/ou desnecessária. Realmente acredito que o Mhok e o Day, mesmo com o quanto eles se amam, precisavam desse tempo…

Muita coisa mudou nesses três anos separados – e muita coisa permaneceu a mesma. Acho que era importante que o Mhok fosse para os Estados Unidos e realizasse o seu sonho, bem como que aprendesse não apenas que o Day podia conquistar a sua independência, mas também conquistasse a própria, porque não seria saudável ele estar pendente de Day e se sentindo responsável por ele o tempo todo: por mais que o ame, é necessário que ele também viva para si mesmo. Do mesmo modo, eu acho que o Day aproveitou esse tempo para aprofundar a sua independência, algo que ele vinha conquistando durante toda a série, e foi muito bonita aquela reflexão durante um discurso dele sobre como, a partir do momento em que ele se adapta, ele volta a viver normalmente…

E as pessoas ao seu redor se adaptam com ele.

Gosto de “reencontrar” Mhok e Day anos mais tarde, amadurecidos pelo tempo e conscientes de seus sentimentos, bem como da necessidade daquele tempo, sem precisarmos lidar com a mágoa deixada – gosto de como “Last Twilight” não tornou seu último episódio sobre isso. E, assim, quando Mhok se prepara para retornar à Tailândia apenas por alguns dias, nos preparamos para todos os momentos fofos de constantes “reencontros” que estamos prestes a presenciar, e que transmitem um sentimento muito bom que nos acompanhou durante grande parte da série… um afago no coração em sucessivas cenas que giram em torno do casamento de Night e Porjai, que está para acontecer, e para o qual o Mhok retornou (embora fale que veio por causa do visto e só).

É curioso como esse último episódio consegue emular sentimentos que experimentamos anteriormente conforme a relação de Mhok e Day se construía, justamente nos levando de volta à era dos toques, dos sorrisos e dos flertes, em um verdadeiro recomeço para ambos… o primeiro momento de reencontro acontece quando eles se cruzam na escada rolante e Mhok resolve seguir Day, se oferecendo para guiá-lo até o carro, mas sem falar nada… é bonito como o coração de Day sabe que é o Mhok: como ele o sentiu, de certa maneira, na escada, ou como ele relembra momentos com Mhok enquanto vai até o carro, e eu tive um pequeno surto com o Mhok respondendo ao “Obrigado” de Day antes de fechar a porta do carro e deixar que ele fosse…

Acho que meu coração disparou como o de Day.

Os momentos seguintes também são incríveis. Com Porjai e Night, Mhok descobre que Day abrira uma livraria e o procura, e dessa vez Day o reconhece por causa do perfume que ele está usando: o perfume que ele mesmo lhe dera, três anos antes, e que Mhok “só usa em ocasiões especiais”. E pensar que um dia Day já desconfiara das capacidades de flerte de Mhok! Mhok é, e sempre foi, um jogador brilhante: amo o flerte através do perfume, através do título do livro que ele escolheu e, eventualmente, através da despedida, dizendo que “ele não está namorando ninguém”. No dia seguinte, Mhok está “de surpresa” na casa de Day, preparando o café-da-manhã na companhia de Porjai e Night, duas das pessoas que mais torcem por Mhok e Day no mundo!

Tanto que eles os fazem sair juntos… como Mhok é a “dama de honra” de Porjai e Day é o padrinho de Night, eles são enviados juntos para provar e buscar seus ternos para o casamento, e é uma sequência leve e bonita de constante provocação e diversão, que nos remete à icônica cena do provador, lá no início da série. E é mais ou menos ali que percebemos o quanto o que eles sentem e vivem é complexo: é mais do que claro o quanto eles seguem se amando como se amavam há três anos, e Mhok está ansiando por uma “segunda chance”, mas como Day pode simplesmente se entregar, com o medo de que volte a se sentir como se sentira no passado ou sabendo que ele vai voltar para os Estados Unidos dentro de alguns dias? Novamente, eu entendo os dois.

Isso não quer dizer que eles não estejam flertando entre si e com a ideia de reviver o amor deles, ainda tão latente… gosto de detalhes proporcionados por toques, como o momento em que Mhok provoca Day tocando a sua perna sob a mesa do café-da-manhã (essa cena acaba tendo um significado muito especial para mim, de certa maneira, mas eu não vou elaborar) ou quando ele toca o seu rosto e os seus lábios enquanto Porjai e Night os deixam para provar a comida e o bolo da cerimônia. Durante a cerimônia, Mhok se prontifica a acompanhar Day até o palco quando Night o convida para “dizer algumas palavras”, e quando ele o ajuda a descer, ele o conduz segurando a sua mão – como se fossem “velhos hábitos” dos quais ele não consegue se livrar.

Mas, na verdade, ele só queria segurar a mão de Day mais uma vez…

O casamento é um momento lindíssimo para Night e Porjai, dois personagens queridos de “Last Twilight”, e também o momento em que Day “parte o coração de Mhok mais uma vez”, dizendo que não pode lhe dar mais uma chance e que ele vai embora naquela noite, de qualquer maneira… quando o Mhok vai embora, de coração partido, Day se pergunta e pergunta à mãe se ele tomou a decisão correta, e ela fala sobre como o amor também é aceitar os riscos – Day está disposto a fazer isso? Com o apoio completo da Sra. Mhon e a companhia de Porjai e Night, Day corre para o aeroporto para tentar falar com Mhok antes de ele embarcar de volta para outro país, em uma sequência digna de comédias românticas… inclusive, Porjai estava FENOMENAL.

Mas o avião de Mhok já partiu.

Confesso que, ali, eu fiquei com um pouquinho de receio de que ele tivesse realmente ido embora, mas Mhok não teve coragem, no fim das contas: ele está de volta no salão onde foi celebrado o casamento de Porjai e Night, preparando uma surpresa para Day com a ajuda deles. Quando Night deixa o irmão sozinho no salão, sabendo que Mhok está ali e virá falar com ele, é emocionante DEMAIS ver o rosto de Day se iluminando em um sorriso que mistura amor, alívio e surpresa ao ouvir a voz de Mhok, e eles compartilham um dos momentos mais lindos de “Last Twilight”, quando eles dançam, como se o Day estivesse sonhando… mas não é um sonho: Mhok está ali, e ele não quer ir embora. Eu fico muito feliz com o caminho que esses dois trilharam desde o começo!

Então, a parte final do episódio traz uma nova cirurgia para o Day, que volta a enxergar – e, como eu comentei outras vezes, eu não sei se gosto disso. Quer dizer, eu naturalmente estou feliz por Day e é muito bom vê-lo feliz, mas eu não acho que “Last Twilight” precisasse disso para construir o seu final feliz: muito da série foi sobre como o Day precisava se aceitar e conquistar sua independência, e ele tinha encontrado a felicidade… ele tinha aberto uma livraria, estava trabalhando, tinha reencontrado o amor de sua vida, era provavelmente um tio exemplar… embora não seja a intenção da série e esse episódio mesmo tenha tido uma fala muito consciente sobre adaptação e viver normalmente, eu temo que esse fim dê a impressão de que a cirurgia era necessária para que o Day fosse “plenamente feliz”.

E não era o caso.

De todo modo, mais três anos se passam e vemos Mhok e Day visitando juntos os túmulos da família de Mhok, o que confere muito mais peso à cena em que a Sra. Mhon pede que Mhok passe a chamá-la de “mãe” (!), e o nosso casal querido retorna para a montanha que visitaram no nono episódio, e que está na capa do livro “Last Twilight”, e é um momento naturalmente lindíssimo. Amo o diálogo nos fazendo retornar a momentos da série, quando Mhok pergunta “quando foi que Day se apaixonou por ele”, e contendo mais uma declaração de amor sincera e bonita deles… dessa vez, no entanto, o rosto de Mhok não é “a última coisa que Day vai ver”, porque ele estará ali para sempre. Ainda assim, o rosto de Mhok é o que Day quer ver naquele momento, quando diz que o ama e o beija…

E é um beijo calmo, bonito e apaixonado.

Eu amei. Questiono, sim, algumas escolhas, porque eu posso ter amado algo e dizer que foi uma obra-prima e, ainda assim, reconhecer possíveis “equívocos”. Mas não é esse o sentimento que permanece ao fim da série. O sentimento que permanece ao terminar “Last Twilight” é de felicidade, satisfação e a certeza de que eu assisti a uma grande obra, que ficará marcado para sempre em meu coração e no mundo BL. Novamente, Aof prova sua competência na direção em uma série emotiva e com a capacidade de levantar questões que geram reflexões e discussões, e Jimmy e Sea entregam química em um romance lindo e sentimental que fez com que torcêssemos por eles o tempo todo… me despeço, agora, com um sorriso no rosto e um sentimento de saudade.

 

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