Last Twilight – Episode 9

“A última imagem que eu quero ver”

Um episódio de tirar o fôlego e de arrancar lágrimas! Eu já comentei em muitas outras ocasiões o quanto eu adoro a direção do Aof, e eu nunca assisti a uma produção dele que não tenha me tocado de alguma maneira. Admiro imensamente a sua capacidade de contar boas histórias e de tomar as decisões corretas de como fazê-lo, entregando uma sequência tão linda quanto essa de “Last Twilight”, na qual Mhok e Day sobem a montanha que foi inspiração para o livro favorito de Day, e compartilham um momento especial e emotivo lá em cima. Acho que uma característica fortíssima das obras do Aof, das mais fantasiosas às mais realistas, é a maneira como ele se importa em conferir humanidade aos seus personagens, tornando-os reais e fazendo com que nos importemos com eles.

Todo o episódio é brilhantemente construído com, talvez, o clima mais melancólico de “Last Twilight” até o momento. Ainda na viagem que fizeram para comparecer ao casamento de Aon e Plan, Mhok e Day ainda têm um dia inteiro na cidade para fazer alguma coisa, e uma das coisas que o Day quer fazer é ir ver o pai… afinal de contas, o pai aparecera de surpresa na festa de casamento para vê-lo, e Day não foi muito receptivo – especialmente porque o pai apareceu falando sobre Night, e Day não quer saber do irmão, que ele julga responsável por ele ter ficado cego. E essa é a deixa para começarmos a explorar mais detalhadamente o que aconteceu entre Day e Night que fez com que Day o detestasse tanto, algo que vem nos intrigando desde o início da série.

E tudo é bastante doloroso. Depois do primeiro encontro com o pai, Day conta para Mhok a história da noite do acidente que danificou suas córneas, e ele estava indo buscar o Night em um bar porque ele estava bêbado… e isso é uma situação tão complicada. Day culpa Night pelo acidente, e sabe que ele não teria acontecido se ele não tivesse ido buscar o irmão, mas o Night não é inteiramente culpado, na verdade – foi um acidente, e Day tem a sua parcela de culpa ao distrair-se da pista para tentar impedir que “o Night vomitasse no seu carro”. Naquele momento, a relação entre os irmãos se rompeu, mas eu não consigo detestar o Night, e eu acho que deve ser terrível viver com o peso da culpa que ele carrega, porque ele mesmo se sente culpado pelo acidente.

A cena do Night ligando para o pai e dizendo que “o Day está ficando cego por sua causa” é uma das cenas mais surpreendentemente dolorosas desse episódio de “Last Twilight”. Por isso, embora Day não esteja disposto a perdoar o irmão (ainda?), o pai sabe o que está dizendo quando Day pergunta “como ele sabe” que o Night se sente mal, e é um passo importante, embora ele não admita, o fato de o Day ter querido saber… ter perguntado ao pai sobre isso. O diálogo com o pai também traz outros momentos marcantes, como o pai falando sobre seus próprios arrependimentos, o Day se permitindo admitir que sente a sua falta, e o momento em que Day toca o rosto dele para se lembrar de sua aparência. Tudo tão repleto de sensibilidade e emoção!

Na noite anterior à partida de volta para a cidade, Day e Mhok descobrem que a imagem na capa do livro Last Twilight foi tirada em uma cidade vizinha, em uma montanha que tem a vista mais bonita de um crepúsculo – e Mhok pergunta se Day quer ir lá, mesmo que as passagens de volta já estejam compradas. Inicialmente, Day diz que não precisa, que o médico disse que ele ainda tem uns 3 meses até perder completamente a visão e eles podem “voltar outro dia”, mas ele acaba mudando de ideia quando, antes de dormir, ele percebe que não enxerga direito a mão de Mhok, mesmo quando ela está a menos de um palmo de distância… o pedido dele e a maneira como Mhok o abraça silenciosamente e o acolhe, pronto para atendê-lo, é algo muito simbólico.

Então, Mhok e Day começam uma “nova aventura”, que os leva até a cidade vizinha e, eventualmente, no pé da montanha que pretendem subir – mas do lado errado, e não há mais forma de chegar no topo a tempo de ver as bonitas luzes do crepúsculo, não naquele dia. Então, eles precisam encontrar um lugar para passar a noite, e eles são acolhidos por Cherry, em uma espécie de pousada, que acaba se tornando uma importante aliada: ela conheceu David, o autor de “Last Twilight”, e ela conta para eles a história de como ele estava em uma viagem pelo mundo com a filha que estava ficando cega (!), e como a viagem deles terminou ali, naquela montanha… Cherry também é importante para eles porque é ela quem dá a última página do livro, que faltava na cópia deles.

Naquela noite, também ganhamos uma cena LINDÍSSIMA que é uma das minhas cenas favoritas de “Last Twilight”: a primeira vez de Mhok e Day. Os dois estão conversando sobre todas as “primeiras vezes” que eles conquistaram nessa viagem, e Day diz a Mhok que “tem mais uma coisa que ele quer fazer pela primeira vez naquela noite, com ele”. A sensibilidade, a beleza, o cuidado e o romantismo quase poético com o qual a cena é conduzida entrega uma das cenas de sexo mais belas do mundo BL, com a tensão e o prazer de cada toque, de cada novidade e de cada descoberta sendo explorados com sentimento e beleza. Mais uma vez, a direção fascinante de “Last Twilight”, entregando uma verdadeira obra de arte que significa tanto para os personagens!

Que cena!

O dia seguinte, então, traz a subida à montanha, finalmente – rumo ao último crepúsculo. E a série brinca com nossos sentimentos – ou não, porque o tempo todo sabemos que história está sendo feita ali, e que teremos uma das cenas mais emocionantes de “Last Twilight” quando eles finalmente chegarem ao topo. E eles enfrentam o que precisam enfrentar para chegar lá, inclusive uma ligação de Night pedindo que Mhok leve Day de volta porque “a mãe vai voltar naquela noite”, mas Mhok não se importa de “estar encrencado” no dia seguinte: naquele momento, ele quer que Day tenha a oportunidade de ver o crepúsculo do alto da montanha, que é o que ele quer fazer. Então, os dois sobem juntos e esperam, enquanto leem a última página do livro.

Gosto muito de como a cena acaba sendo, de alguma maneira, uma quebra de expectativa. É curioso como a paisagem é, de fato, linda lá de cima, mas o céu não é o que eles esperavam porque ele está cheio de nuvens, e Mhok está desapontado – mas Day já descobrira que existem outras formas de se ver… e, então, ele ajuda Mhok a ver o que ele está vendo, que é o seu mudando de cor, o sol se escondendo no horizonte, a luz por trás da ponta das nuvens. A emoção que essa cena transmite é palpável e difícil de explicar: há muito sentimento na forma como Day fala, na forma como isso atinge Mhok, e na forma como eles compartilham aquele momento e aquela visão, mas aquela não é a última coisa que o Day quer ver: ele quer ver o rosto e o sorriso de Mhok.

A menos de um palmo de distância.

As lágrimas de Mhok e a maneira como Day espera pelo seu sorriso e olha para ele, satisfeito, antes de a sua visão escurecer por completo entregam uma das cenas mais lindas de “Last Twilight”, com toda a certeza. Eu não sei como a série abordará o tema de agora em diante, e eu gostaria que o foco nunca chegasse a ser a doação de córnea, porque eu acho muito bonita a mensagem de que Day “está vendo as coisas pela primeira vez” (ele falando do sol, do mar, da brisa), e ele não precisa voltar a enxergar para ser feliz: ele encontrou um homem que ele ama e que o ama de volta, ele aprendeu coisas novas e ele finalmente saiu de seu quarto, exatamente como Mee… agora, ele está vivendo, como talvez ele não vivesse antes. E “Last Twilight” é sobre isso: sobre como o Day PODE viver!

 

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