Minha Irmã & Eu (2023)
Protagonizado
por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck, “Minha
Irmã & Eu” é um filme de comédia lançado no dia 28 de dezembro de 2023,
e que certamente arranca risadas com a divertida história de duas irmãs bastante diferentes, que precisam
encontrar uma maneira de se entender e trabalhar juntas para reencontrar a mãe
que desaparece depois de sua festa de
aniversário de 75 anos. O filme é repleto de situações absurdas, participações
especiais famosas e um espírito de road
trip que eu gosto bastante, mas embora eu tenha dado boas risadas no
cinema, eu ainda sinto que eu esperava um
pouco mais, talvez – não fica, para mim, à altura de outras comédias
brasileiras que me fizeram deixar o cinema repetindo
as falas e dando gargalhadas
durante a semana inteira.
Ingrid
Guimarães interpreta Mirian, uma mulher do interior que se casou, teve dois
filhos e vive uma vida monótona e “óbvia”, nunca olhando para si mesma para se
entender e descobrir do que realmente gosta. Tatá Werneck, por sua vez,
interpreta Mirelly, a irmã mais nova de Mirian que foi para o Rio de Janeiro e
que supostamente leva “uma vida luxuosa e bem-sucedida”, mas tudo é de fachada.
E quando Dona Márcia, interpretada pela maravilhosa Arlete Salles, anuncia
durante sua festa de aniversário (rosé) que vai se mudar para a capital para
morar com Mirelly, Mirelly percebe que toda a sua mentira está prestes a ser
descoberta… e quando ela e Mirian entram em uma discussão acalorada no meio da
celebração e Dona Márcia escuta, ela se sente a pior pessoa do mundo.
Como se fosse um fardo para as filhas.
E desaparece.
É muito
complexo falar sobre “Minha Irmã &
Eu”, e eu gosto de como o filme brinca com o absurdo e com a comédia, mas
culmina em uma conclusão bastante emotiva e com uma bela mensagem… eu adoro a
Ingrid Guimarães, acho que ela é um dos maiores nomes da comédia no Brasil, e
eu gosto muito da Tatá Werneck, mas talvez eu goste mais da Tatá como
apresentadora do Lady Night do que como atriz? Acho que o carisma de ambas
acaba elevando o filme, e eu gosto da premissa de as duas serem irmãs em busca
da mãe, mas talvez tenha me incomodado um pouco o fato de a Mirelly ser
exatamente como toda personagem da Tatá, enquanto a Mirian é uma personagem que
a Ingrid criou para esse filme. Gera uma sensação de discrepância.
Deixando
isso de lado, o filme proporciona ótimos momentos de comédia… achei
desesperadamente hilária a sequência em que Mirian aparece na casa do Lázaro
Ramos e da Taís Araújo (!), achando que é a casa de Mirelly, e como Mirelly faz
de tudo para sustentar o personagem de “garota do interior bem-sucedida na
capital” que ela criou, quando ela apenas trabalha cuidando dos animais de
estimação de alguns famosos, como a Iza, e não tem dinheiro nem para pagar o
próprio aluguel – e, agora, ela acaba de ser exposta na internet, por ter
invadido a casa do Lázaro Ramos! Então, sair do Rio de Janeiro em uma viagem
louca em busca de Dona Márcia acompanhada da irmã parece uma boa ideia, e as duas pegam a estrada rumo ao interior de
Goiás.
Toda a
jornada de Mirian e Mirelly é a oportunidade que o roteiro pedia de as duas se
aproximarem – e, é claro, de viver as situações mais absurdas e entregar
comédia. As duas batem em um caminhão e soltam um boi (!) enquanto estão
distraídas cantando “Evidências”, por
exemplo; conhecem um “cowboy” gostoso interpretado pelo Leandro Lima, que acaba
tendo uma noite com Mirian, mas rouba o carro dela ao amanhecer; se hospedam em
um hotel com “desconto especial de lua-de-mel”, com uma história mirabolante
contada por Mirelly; invadem um velório que temem ser de Dona Márcia, mas acaba
não sendo; e encontram um antigo caso de Dona Márcia, lá da época de sua
juventude, que tem uma carta que ela deixara às filhas.
Acho que o
filme surpreendentemente funciona em sua parte mais emotiva. A carta de Dona
Márcia é uma das coisas mais reais e mais dolorosas do filme e dita o tom da
reta final. É muito triste ouvi-la falar sobre como sentiu que era um peso para
as filhas quando começou a ser “jogada de um lado para o outro”, e como quer
encontrar seu lugar no mundo e pede que elas não a procurem. Também é muito
bonito quando ela fala sobre cada uma das filhas, dizendo a Mirian que a
ensinara a fazer frango com açafrão, sem nunca perguntar se ela gostava de
frango com açafrão, e a Mirelly que ela é a filha que eles achavam que
“precisava de mais atenção” porque “ela engatinhou para trás”.
Mirelly
recebe a oportunidade de encontrar a mãe em
um show do Chitãozinho & Xororó, porque Dona Márcia nunca perde nenhum
show deles, e então ela convida a irmã a ir com ela, e esse é o momento em que,
depois de todas as brigas e as mentiras descobertas, as duas fazem as pazes,
deixam tudo de lado e seguem adiante… afinal de contas, elas são irmãs, elas se
amam e elas podem sempre contar uma com a
outra. A viagem e toda a experiência traz mudanças para ambas, como a
Mirian deixando o marido e o casamento infeliz (!), e as duas estão na sintonia
em que precisam estar para encontrar uma maneira de invadir o backstage do show
de Chitãozinho & Xororó e, quem sabe, conseguir a ajuda deles para falar
com Dona Márcia e dizer tudo o que querem dizer.
O que rende
um momento emocionante do filme. O
discurso de Mirian e Mirelly era, talvez, tudo o que Dona Márcia queria ouvir,
porque mostra elas se dando bem e mostra que elas a amam e sentem sua falta – vê-la surgir do meio da multidão quando
as filhas pedem que “todos que não sejam mãe delas se abaixem” é emocionante, e
ela é convidada a subir no palco para cantar “Evidências” com a dupla. “Minha
Irmã & Eu” é uma experiência interessante: divertido e emocionante, o
filme me tocou bastante na reta final, especialmente quando revive os momentos de Mirian e Mirelly
através de rápidos flashbacks sem som,
da infância à viagem maluca que acompanhamos, e aquilo me ajuda a entender que de fato foi uma experiência que valeu a
pena.
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