Percy Jackson e os Olimpianos 1x07 – De certa forma, descobrimos a verdade

O Mundo Inferior.

Eu sempre vou dizer que existe, sim, um problema de ritmo em “Percy Jackson e os Olimpianos” (que não tem a ver com a duração dos episódios, porque eles acabam transmitindo certo marasmo e não correria, ironicamente), mas são coisas que eu acredito que podem e devem ser consertadas para a segunda temporada da série, e episódios como “De certa forma, descobrimos a verdade” ajudam a provar isso: não é um episódio perfeito e ainda falta algo para que nos conectemos (falta uma urgência e uma realidade que nem mesmo o fato de a Annabeth ficar para trás quando eles estão no Mundo Inferior conseguiu transmitir com eficiência), mas é um episódio bom que mostra todo o potencial que ainda precisa ser devidamente explorado pela série.

O trio formado por Percy, Annabeth e Grover chega, finalmente, ao Mundo Inferior – e é uma sequência menos expressiva do que eu esperava… talvez porque eu sempre fui muito apaixonado por essa faceta da Mitologia Grega e quisesse ver mais, por exemplo, do Caronte. Acho que a terceira temporada de “His Dark Materials”, adaptando “A Luneta Âmbar”, conseguiu fazer um trabalho muito melhor e mais macabro nesse sentido. Não há a travessia pelo Rio Estige com o barqueiro, mas há uma “batalha” com Cérbero, o Cão Infernal, e Annabeth precisa agir depressa, encontrando tanto uma maneira de acalmar o monstro quanto de se salvar eventualmente, quando ele desperta, e esse é o momento que entrega um pouco da ação que pedimos da série…

Ainda há espaço para melhorias, no entanto.

Toda a trama com o Cérbero tira de jogada uma das pérolas extras dadas a Percy Jackson no episódio anterior, o que quer dizer que, no fim das contas, a série não escolheu simplificar o retorno de Sally ao mundo dos vivos: apenas quis aumentar o drama de ter tido em mãos a oportunidade de salvá-la e, no fim das contas, não poder… confesso que não achei nada disso estritamente necessário, porque Percy não teria conseguido salvar a mãe do Mundo Inferior mesmo que ele estivesse em posse das quatro pérolas originalmente dadas a ele, já que ela tinha sido “transformada em uma estátua de ouro” por Hades, e acaba sendo o instrumento de barganha que coloca o Percy em busca do Elmo de Hades e, portanto, prolonga a sua missão por mais tempo…

Ainda que não tenhamos explorado o suficiente de Caronte e sua função no Mundo Inferior como eu gostaria de ter visto, gostei da adição do Campo de Asfódelos à série, mesmo que ligeiramente diferente do original nos mitos gregos. Aqui, as almas que ficaram no Campo de Asfódelos criaram raízes e ficaram para sempre presas, como se seguradas no lugar por causa de arrependimentos que carregaram com elas para o Mundo Inferior… tanto arrependimentos de decisões que tomaram quanto daquelas que não tomaram. E, enquanto Percy e Grover conseguem correr sem problemas daquele lugar, Annabeth fica presa para trás, o que confere certa profundidade e mistério à personagem, e altera os rumos da história, quando ela fica para trás e precisa escapar usando sua pérola…

Percy e Grover seguem a jornada sozinhos.

Ver Percy e Grover tendo que se virar sozinhos no Mundo Inferior é interessante, e entrega algumas boas cenas, como aquela de Grover usando os tênis alados que foram um presente de Luke (!), e que quase o carregam para o Tártaro (minha cena favorita do episódio, com o Percy salvando o amigo e os tênis indo sozinhos para o fosso), ou a conversa da dupla com Hades, o deus dos mortos. Falta certa imponência e grandiosidade ali, de alguma maneira, mas as informações importantes são passadas em um diálogo expositivo que revela à audiência o fato de que Hades não queria o raio-mestre de Zeus, no fim das contas, que apareceu na mochila que Ares deu a Percy assim que ele se aproximou do Tártaro (!), mas ele quer o seu elmo, que também foi roubado…

Com uma iminente guerra que Percy deduz estar sendo orquestrada por Cronos, a voz que ele escuta em seus sonhos, Hades muda de ideia e tenta fazer com que Percy lhe entregue o raio-mestre, mas Percy resolve aceitar a sua primeira proposta: ele vai encontrar o seu elmo e trazê-lo de volta e, ao fazer isso, Hades deve cumprir sua palavra e libertar a sua mãe. Então, Percy e Grover usam as pérolas restantes para “escapar” do Mundo Inferior, reencontrar Annabeth na praia e se preparar para conseguir de volta o elmo de Hades – que Percy supõe que esteja com Ares… assim, nos preparamos para um dos momentos mais aguardados de “Percy Jackson e os Olimpianos”: quando Percy vai enfrentar o deus da guerra na praia, mesmo sendo apenas um semideus de 12 anos de idade.

O episódio também explora flashbacks interessantes que trazem Sally tentando mandar Percy para colégios internos, na esperança de garantir a sua segurança, mas ele acaba sendo recusado por causa de um desenho deum “cavalo alado” e desconfianças de que ele precise de atenção psicológica especializada, que a escola não está disposta a dar… é dramático e difícil, porque Sally só quer manter o filho em segurança, e Percy não consegue deixar de lado a sensação de que “a mãe quer se livrar dele a qualquer custo”. Então, Sally tem uma conversa sincera com Poseidon, que aparece para ela assim que ela o chama colocando fogo em um milkshake (!), e é bacana conhecer um pouco da relação deles… naquele momento, ela precisava de alguém para conversar.

E ele era a única pessoa que a entenderia.

 

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