A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets (Chicken Run: Dawn of the Nugget, 2023)
“This time
they’re breaking in!”
Lançado no
dia 15 de dezembro de 2023 na Netflix, “A
Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets” é a sequência do clássico em
stop-motion de 2000, que segue sendo uma das minhas animações favoritas de
todos os tempos! Com uma aventura divertida e um visual lindíssimo, a sequência
infelizmente parece deixar de lado a complexidade, o tom de inovação e quase
todo o teor político original de “A Fuga
das Galinhas”, que é um dos elementos que o tornaram tão grandioso e tão
marcante, mas consegue, ainda, ser um filme bem gostoso de se assistir comendo
pipoca (!), no melhor estilo Sessão da Tarde – e é ótimo reencontrar esse grupo
de galinhas carismáticas por quem nos apaixonamos no primeiro filme e de quem
sentimos tanta saudade!
Dessa vez,
reencontramos Ginger, Rocky e todas as galinhas que fugiram da Fazenda Tweedy
vivendo tranquilamente em uma verdadeira utopia, em uma ilha aonde acreditam
que o perigo dos humanos não pode alcançá-las… até que elas vejam uma estrada
sendo construída no continente e um caminhão com uma “galinha feliz dentro de
um balde” de uma grande granja produtora de nuggets – e se a Ginger do passado
fosse querer lutar para salvar essas galinhas, a Ginger do presente prefere se
esconder e manter-se em segurança, porque agora ela tem que pensar na sua
filha, Molly… mas Molly é uma garotona corajosa e curiosa, que não saiu lá
muito diferente da mãe, para dizer a verdade; e como ela não sabe dos perigos
do lado de fora, ela quer conhecer…
Assim, Molly
acaba se colocando em perigo!
Existe uma
ironia bacana na concepção de “A Fuga das
Galinhas: A Ameaça dos Nuggets”: como Molly não sabe o que Ginger e as
demais passaram na Fazenda Tweedy porque Ginger e Rocky decidiram “deixar o
passado para trás”, ela não tem como saber o quanto aquela ilha é, de fato, “o
melhor lugar do mundo”. A superproteção gera tanto a curiosidade quanto o
despreparo para quando Molly precisa enfrentar de verdade os perigos do mundo…
ela é inocente demais para estar em uma granja tão sofisticada e fantasiosa
como aquela para onde ela é levada, e Frizzle, a amiga que ela faz no caminho,
é tão ingênua quanto. Mas Molly se coloca, sem saber, nesse perigo porque ela quer liberdade – que é justamente
pelo que Ginger lutou, mas não soube dar à filha.
Mesmo sem
perceber.
Uma das
principais diferenças entre o filme original e a sequência, para mim, é
justamente a questão da originalidade. “A
Fuga das Galinhas” foi basicamente uma adaptação do Manifesto Comunista
como nunca havia sido efeito, e “A Ameaça
dos Nuggets” me parece, em parte, uma “colagem” de uma série de outros
filmes. Tanto visualmente quanto na concepção de algumas cenas, existem
influências de animações da Pixar como “Toy
Story” (a cena do caminhão; a cena da fornalha; o cara vestido de galinha)
e “Procurando Nemo”, e todo o lugar
onde as galinhas ficam presas me fez pensar visualmente em “Round 6” mas conceitualmente em “A Ilha”, talvez por causa de toda aquela celebração por “tamanha
sorte” ao ser escolhida para receber um “prêmio”.
E o “prêmio” era ser picotada, frita e
vendida como nuggets em um balde.
As galinhas
jovens iludidas com um lugar “incrível” também me faz pensar em “Pinóquio”.
Com a filha
presa nesse lugar terrível e sofrendo essa ameaça constante, curiosamente a
missão de Ginger e dos demais, dessa vez, é ENTRAR em uma granja – para depois,
é claro, fugir dela. Mas como Molly é “filha de sua mãe”, ela também não é
daquelas que fica parada esperando um resgate nem nada… ela percebe que há algo de muito errado naquele lugar, e
faz de tudo para salvar a amiga, ela mesma encontrando maneiras de se esgueirar
por corredores, fazer descobertas e, quem sabe, escapar dali. “A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets”
também traz de volta Melisha, a Sra. Tweedy, como a principal vilã: e ela está querendo vingança contra todas as
galinhas! Quando ela reencontra Ginger, então, a batalha entre elas se
torna algo bem pessoal…
E cheio de
referências ao primeiro filme!
O filme
funciona muito bem como uma aventura no melhor estilo Sessão da Tarde mesmo,
com as galinhas inteligentes pensando em planos mirabolantes que envolvem
inspirações em “Esqueceram de Mim” e “Inspetor Bugiganga”, e que contam com
uma ajudinha da conveniência para dar certo, mas somos capazes de relevar
enquanto nos divertimos com uma série de situações absurdas que rendem bons
momentos de comédia, reencontros emocionantes e umas lições que a Molly
aprendeu… gosto particularmente de como a Ginger parece “bêbada” quando está
sendo controlada pela coleira da Sra. Tweedy (!), e de como o Rocky tem uma
ideia para tirá-los de dentro do depósito de milho antes que eles acabem no
moedor…
A conclusão
do filme traz uma sequência eletrizante que nos remete a toda a sequência da
torta, no primeiro filme, e é um grande momento para Ginger, Rocky e Molly,
cada um desempenhando um papel importante contra a Sra. Tweedy e a sua máquina
de nuggets, salvando um grupo imenso de galinhas de um final terrível… e,
depois, escapando dirigindo um caminhão! Gosto de como o roteiro divide o
protagonismo para mostrar que é apenas com a ajuda umas das outras que as
coisas dão certo no final… e ganhamos de volta uma Ginger guerreira, que não
vai se esconder com medo em sua “ilha paradisíaca”, e é divertido pensar nesse
grupo de galinhas se tornando revolucionárias que invadem granjas e salvam
galinhas cotidianamente.
É icônico e
marcante como o primeiro? Não. Mas é um bom filme!
Me diverti
assistindo!
Para a review do primeiro “A Fuga das Galinhas”, clique
aqui.
Para outros filmes, clique
aqui.
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