Doctor Who (3ª Temporada, 1966) – Arco 022: The Massacre of St. Bartholomew’s Eve
“Now,
they’re all gone”
Escrito por
John Lucarotti (com a contribuição de Donald Tosh no episódio de conclusão do
arco) e dirigido por Paddy Russell, “The
Massacre of St. Bartholomew’s Eve” é o quinto arco da terceira
temporada de “Doctor Who”, e foi
exibido entre 05 e 26 de fevereiro de 1966, em quatro episódios. Trata-se de um
episódio histórico que começa com a materialização da TARDIS na França de 1572,
onde Steven e o Doctor estão prestes a vivenciar os acontecimentos que levam ao
Massacre da Noite de São Bartolomeu, um evento sangrento da história humana –
não é um dos meus arcos favoritos nem mesmo na temporada, mas é interessante
ver o Steven tendo que lidar com a sua “consciência” depois de vivenciar um
evento histórico como esse e “não poder fazer nada”.
Infelizmente,
o arco acaba sendo bastante confuso e, quiçá, pouco envolvente… eu não tenho,
particularmente, muito conhecimento a respeito da repressão francesa ao protestantismo,
que levou a esse massacre com milhares de
mortos em 1572 no dia de São Bartolomeu, e eu não acho que o arco de “Doctor Who” faça um trabalho lá tão bom
em explicar para os leigos no assunto
as complicadas relações que motivavam esse evento histórico. É tudo bastante
histórico, mas pouco didático, e não saímos com a sensação de que, por meio da
ficção, assistimos também a uma aula de história esclarecedora ou algo assim… o
que é uma pena. Por isso, a impressão que resta do arco está muito mais
centrada nas relações estabelecidas por Steven com os personagens locais.
Steven
Taylor, o único companion atual do
Doctor, acaba se envolvendo com os huguenotes e se torna, de certa maneira, o
protagonista da história, com o Doctor ficando bastante ausente durante os desenvolvimentos de “The Massacre of St. Bartholomew’s Eve”.
Curiosamente, William Hartnell não fica realmente ausente do arco na ausência do Doctor porque ele interpreta um
outro personagem, o Abade de Amboise, que funciona como uma espécie de vilão
para a história, o que é interessante para “Doctor
Who”. Mas o destaque fica mesmo para Steven e a maneira como ele se torna
amigo de Nicholas, por exemplo, e de Anne Chaplet, uma garota que avisa sobre o
massacre vindouro depois de ter ouvido uma conversa, e que se aproxima de
Steven.
A relação de
Steven e Anne é a mais marcante desse arco, até por causa de como reverbera na
conclusão e na apresentação de uma nova companion…
o Doctor e Steven escapam de 1572 pouco antes de começar o Massacre do dia de
São Bartolomeu, e Steven está horrorizado
com o fato de o Doctor ter tido, talvez, a oportunidade de salvar a vida de
Anne, mas ter “escolhido” deixá-la para trás. É a primeira vez que Steven
precisa lidar com um evento histórico que o Doctor permite que se desenrole como sempre aconteceu – afinal de
contas, ele não pode modificar a história. O fato de Steven ter conhecido Anne
e se importar com ela (poderíamos ter
acreditado que Anne se tornaria uma companion,
se já não soubéssemos que esse não é o caso) muda tudo.
Isso nos
remete a outros momentos de “Doctor Who”
– quando Barbara fez de tudo para impedir algumas mortes e descobriu que ela
não podia mudar a história, e também teve embates com o Doctor por esse motivo…
intenso, furioso e ultrajado, Steven anuncia, no entanto, que independentemente
de onde a TARDIS se materializar em seguida, ele vai descer, porque “não quer
mais ser parte disso”, e então ele o faz assim que eles chegam a uma era
contemporânea da Terra, deixando o Doctor para trás, sozinho. E é possível
notar o seu pesar antes mesmo de ele começar o seu monólogo, mas ouvir o Doctor
falando sobre os seus antigos companions
– Susan, Vicki, Barbara, Ian – e como todos eles “o abandonaram” é algo bastante triste.
O Doctor se sentindo sozinho… todos se foram.
Então, uma
garota entra pelas portas da TARDIS, tendo confundido a nave com uma cabine de
polícia (bem!), e, logo depois, Steven acaba voltando correndo para dentro da
TARDIS, para a surpresa do Doctor, mandando ele decolar de uma vez porque
“policiais estão vindo nessa direção” ou algo assim… ele não vê a garota ali
dentro até que seja tarde demais, e isso gera uma discussão divertida entre o Doctor e Steven,
porque o Doctor diz que ele parece “inconstante”, estando reclamando há pouco
tempo sobre eles terem deixado Anne para trás e agora estar reclamando sobre
levarem a garota com eles… a verdade é que realmente
ficou parecendo um sequestro (!), porque a garota não sabe quando e se poderá
voltar para casa agora!
Não que ela
pareça se importar!
Dodo, como a
garota se apresenta, parece estar aceitando até que facilmente essa coisa de “viagem através do tempo e espaço”, e ela
não tem família e tudo o mais… a primeira interação dela com o Doctor e com o
Steven nos faz pensar que teremos, em Dodo, uma ótima companion! É curioso, também, como Dodo diz que o seu nome completo
é “Dorothea Chaplet”, e que seu avô era francês, o que quer dizer que,
ironicamente, ela é descendente de Anne Chaplet, a garota deixada para trás na
França, em 1572… além disso, isso deve querer dizer que Anne sobreviveu ao
massacre, no fim das contas, não? Gostei desse toque especial na apresentação
de Dodo, e da reação de Steven, o que dá mais significado a esse arco e a
relação dele com Anne…
Agora, vamos
ver como Dodo se sai como companion!
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