[Season Finale] Percy Jackson e os Olimpianos 1x08 – A Profecia se Cumpre

Percy enfrenta Ares… e Zeus.

Eu acho que a primeira temporada de “Percy Jackson e os Olimpianos” foi uma boa adaptação de “O Ladrão de Raios”, mas eu gostaria de estar mais empolgado e poder dizer que “é a melhor coisa do mundo” e não é. A série tem qualidades notáveis, assim como tem problemas que não se pode ignorar, e muito se deve à direção, ao roteiro e às atuações: diálogos expositivos demais, sequências de ação praticamente inexistentes e que são interrompidas antes de acontecerem, cortes secos e a fatídica tela preta entre cenas… acho que, ainda que muita coisa faça sentido nas escolhas criativas, faltou maturidade ao roteiro para escolher como conduzir a temporada: faltou emoção, imprevistos, sentimento de urgência, tensão, a chance de nos conectarmos de verdade com os personagens.

E o ritmo…

Sinto que não é uma série para ser maratonada: ela se torna monótona e tediosa se não for apreciada em doses homeopáticas, infelizmente. A direção e a montagem entregam uma obra que é fiel ao material original, ainda que com mudanças que funcionam para o audiovisual, e que é uma adaptação competente… mas não é uma adaptação empolgante. Não é algo que me deixou vidrado ou que me fizesse sentir que eu precisava ver o próximo episódio assim que ele fosse lançado, e eu digo novamente: isso é algo que pode e deve ser consertado na segunda temporada, porque o universo de “Percy Jackson e os Olimpianos” é rico e interessantíssimo, e tem todo o potencial necessário para se transformar em uma série que vai, de fato, empolgar quem está assistindo.

E digo isso sem me referir àqueles fãs dos livros que defendem a série com atitudes quase infantis, agindo como se ela fosse a coisa mais perfeita do mundo e não aceitando quaisquer críticas, por mais sensatas que elas sejam… estamos falando justamente sobre a maturidade necessária à direção e ao roteiro para explorar todo o potencial que “Percy Jackson e os Olimpianos” tem a oferecer! É inegável que o material escrito por Rick Riordan pode entregar uma série muito mais empolgante do que foi essa primeira temporada, e eu quero ver a série se encontrando conforme avança. Precisamos de melhor direção, precisamos de melhor roteiro, de humor, de tensão e urgência e precisamos que o elenco não esteja apenas recitando o seu texto.

A série como um todo parece… inexpressiva.

O último episódio, felizmente, fica um pouquinho acima dos últimos para mim, mas é com certa amargura que eu comentei, assim que Percy e Ares começaram a se enfrentar, que “fiquei feliz que a cena não tenha sido cortada no momento em que um corre na direção do outro” – quer dizer, isso é o reflexo da frustração causada pelo restante da temporada, então eu nem sei avaliar se a batalha de espadas foi realmente boa, mas eu estou satisfeito o suficiente que ela tenha existido. Percy, aos 12 anos, enfrenta o deus da guerra e o vence (com uma ajudinha de Poseidon, convenhamos), e ele cumpre a sua palavra, deixando o elmo de Hades para trás… agora, Percy o entrega a Alecto, para que o leve de volta para o Mundo Inferior, e espera que Hades cumpra sua palavra… e devolva sua mãe.

Enquanto isso, Percy pretende ir até o Olimpo, devolver pessoalmente o raio-mestre de Zeus, porque quer conversar com ele… quer falar sobre como a guerra iminente entre os deuses é justamente o que Cronos quer. Gostei da conversa de Percy com Zeus, mas a série alterou um pouquinho o livro para que o prazo da missão de Percy Jackson já tivesse chegado ao fim e AINDA ASSIM não sentimos realmente que os deuses estavam a ponto de entrar em guerra – é aí que falta emoção e tensão na série. De todo modo, a cena apela para a emoção conforme Poseidon aparece para ficar ao lado do filho, e eu acho a relação deles mais emotiva na série do que eu imaginei que seria, talvez para ser justamente um contraponto ao Luke e sua relação com Hermes.

Para explicar melhor por que Percy não concorda com Luke.

Luke e Percy foram grande parte desse último episódio, como esperamos. Luke ficou apagado durante a temporada, de certa maneira, mas ele ganha flashbacks bons com Percy da época em que o filho de Poseidon chegou ao Acampamento Meio-Sangue (inclusive, muito do que Luke ensinara foi usado na luta contra Ares), e agora ele está tentando manipular tudo ali, ainda tentando fazer com que Percy e os demais acreditem que foi Clarisse quem roubou o raio-mestre de Zeus… até que Percy perceba que foi, na verdade, o próprio Luke. É Luke quem está trabalhando para Cronos, e toda a sequência dessa revelação, com seus “motivos”, a luta breve contra Percy, a aparição de Annabeth e a eventual fuga de Luke é a minha sequência favorita do episódio.

“A Profecia se Cumpre” explica detalhadamente todas as linhas da profecia, e deixa algumas coisas encaminhadas para a segunda temporada, que adaptará “O Mar de Monstros” (o livro de que eu menos gosto na série). Presenciamos a fuga de Luke Castellan, a despedida temporária de Percy Jackson do Acampamento Meio-Sangue, a felicidade de Grover porque conseguiu sua licença para sair e buscar Pã (importantíssimo!), a Annabeth tendo a oportunidade de passar um tempo com o pai e de “ser uma criança normal”, o retorno de Sally Jackson e um pesadelo de Percy com o avô… impedir a guerra entre os deuses, agora, não significa, ainda, que eles tenham “vencido Cronos”, e ele aparece em sonho para Percy Jackson apenas para deixar isso bastante claro.

E há um aceno à Grande Profecia aqui.

Encerro a primeira temporada de “Percy Jackson e os Olimpianos” com um pouquinho de pesar, porque eu sei que poderíamos ter tido uma série muito melhor – fidelidade ao livro não é o suficiente, ser voltada primordialmente ao público infantil não é uma desculpa para as falhas apresentadas, e o tempo dos episódios não foi um problema, já que a série já consegue ser arrastada e monótona nesse curto tempo, o que só se agravaria com episódios mais longos. O tempo total da série, de aproximadamente 5h, é o suficiente para adaptar “O Ladrão de Raios”, mas precisávamos de um trabalho melhor de roteiro e direção… problemas que eu espero sinceramente que sejam notados e avaliados em caso da provável renovação. No mais, eu repito o que dissera em outra ocasião: “Desventuras em Série” teve uma adaptação muito mais legal e gostosa de se assistir.

“Fronteiras do Universo”, então, nem se fala! Uma aula!

Mas o ponto é: “Percy Jackson e os Olimpianos” PODE ser tão bom quanto. Mas vai precisar se encontrar na adaptação!

 

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