Sítio do Picapau Amarelo (1979) – Emília, Romeu e Julieta: Parte 1
“Ora essa. O que faz William Shakespeare aqui em
Tucanos?”
Pode entrar:
UMA DAS MELHORES HISTÓRIAS DO “SÍTIO DO
PICAPAU AMARELO”. Tem como não amar “Emília,
Romeu e Julieta”?! Com roteiro de Marcos Rey (autor responsável pelo meu
livro favorito na Coleção Vaga-Lume, “O
Mistério do Cinco Estrelas”, e por alguns dos melhores roteiros do “Sítio do Picapau Amarelo” na década de
1970 e 1980), a sexta história da temporada de 1979 traz, como o título sugere,
a Emília “querendo interferir” na história de “Romeu e Julieta”, clássico escrito por William Shakespeare em 1597
– que chama a atenção e causa revolta no
próprio Shakespeare. A história é profundamente divertida e tem um roteiro
maravilhoso que mistura Romeu e Julieta em Verona com um teatro em Tucanos e um
casal apaixonado que o pessoal do Sítio conhece…
E é assim,
inclusive, que tudo começa! Eu gosto muito de como, diferente de como acontece
em algumas outras histórias, tudo parece
conectado em “Emília, Romeu e Julieta”,
e como o roteiro inteligentemente brinca
com a “recriação” da briga dos Montecchio e dos Capuleto através da famosa
briga entre os Camargo e os Peixoto, duas famílias “rivais” de Tucanos que se
detestam há muito tempo (faz duas gerações que um Camargo não dá “bom dia” para
um Peixoto e que um Peixoto não aperta a mão de um Camargo, segundo a Dona
Benta), mas como o roteiro não se resume a isso, de maneira simples… a chegada
de uma trupe teatral encenando “Romeu e
Julieta” causa furor e atrai a atenção de William Shakespeare (!), e as
crianças ficam empolgadas em saber mais sobre a história.
Emília,
inquieta e curiosa, resolve “assistir tudo ao vivo, em Verona mesmo”.
O convite de
casamento de Rosa e Tonico, uma Camargo e um Peixoto, deixa Dona Benta
assombrada, e ela até comenta que “eles são iguaizinhos aos Montecchio e aos
Capuleto” (destaque para a Emília: “Nunca
ouvi falar dessa gente. São também de Tucanos?”), fazendo com que eles
comecem a falar cada vez mais sobre “Romeu
e Julieta”. Desde o início, no entanto, sabemos que Emília jamais ficará
satisfeita com o final da história: ela mesma pergunta se eles se casam no
final, porque “só gosta de história que acaba em casamento como a da Rosa e do
Tonico” e que, se não gostar do final, “vai puxar a orelha de Shakespeare”. A
história da Rosa e do Tonico, no entanto, ainda não está perto de terminar… o
pai de Rosa e a mãe de Tonico saem recolhendo e rasgando todos os convites…
“É… a briga desses Montecchio e Capuleto vai
continuar!”
Com as
famílias andando por Tucanos e rasgando todos os convites, Narizinho se lamenta
por terem perdido uma festança, Pedrinho se lamenta por ter perdido os doces e
Emília tenta se consolar com o fato de que ainda
lhes resta o teatro… afinal de contas, eles estão empolgados desde a
chegada da companhia e o anúncio de “Romeu
e Julieta”, e já encheram o Visconde de Sabugosa com perguntas a respeito
de William Shakespeare… e é daí que nasce o conceito de “imortalidade” de
William Shakespeare, porque Visconde fala sobre como suas peças são imortais, e
Emília diz que, então, ele deve estar “vivinho, passeando por aí”, porque ele
não ia ser tão boboca de ficar morando no cemitério… deve ir lá só no Dia de
Finados e, nos outros dias, fica andando por aí e assistindo suas peças.
E parece que
é isso mesmo… porque William Shakespeare
aparece em Tucanos!
Visconde é o
primeiro a “esbarrar” com William Shakespeare em Tucanos, e ele fica
imediatamente encantado… ele corre
para casa para verificar a enciclopédia e se dá conta de que não restam
dúvidas: era mesmo William Shakespeare
– “Ora essa. O que faz William
Shakespeare aqui em Tucanos?” O que Shakespeare não esperava, é claro, era
a interferência de Emília em sua peça… todo mundo está empolgado no dia da
estreia de “Romeu e Julieta”: tomado
de animação e expectativa, Tucanos está em festa, e é lindo ver as posturas de
todos na plateia, como a curiosidade palpável de Emília, sem saber o que a
espera… conforme as coisas vão acontecendo e Emília entende para que rumo a
história está caminhando… bem, ela
resolve interferir.
E EU DOU
ÓTIMAS RISADAS, DE VERDADE!
Quando Romeu
encontra Julieta desacordada e acredita que ela está morta, Emília grita da
plateia: “Romeu! Ela tá só dormindo!
Acorda ela com uma alfinetada!” Então, na cena mais dramática, depois da
morte de Romeu, quando Julieta está quase tirando a própria vida, Emília não se
aguenta e grita novamente: “Julieta! Não
faça isso! larga esse punhal, Julieta!” Impaciente, a bonequinha sobe ao
palco, impede Julieta de se matar e manda o Romeu levantar logo dali porque
“ele não tá morto coisa nenhuma”. No fim, uma chuva forte começa a cair e todo
mundo vai embora depois da interrupção de Emília, sem saber o verdadeiro final
da história (que será reencenada no sábado). Shakespeare fica incomodadíssimo, e decide que “precisa
falar com essa menina”.
O Visconde
sabe que autores normalmente não gostam que alterem suas histórias…
Rosa
consegue a ajuda da turminha do Sítio do Picapau Amarelo mais de uma vez.
Primeiro, conversando com o Tio Barnabé e triste porque aparentemente o
casamento não vai mais acontecer porque todos os convites foram rasgados, ele
diz que talvez a Emília possa ajudar com o seu Faz-de-Conta, e ela aparece por
lá para pedir a sua ajuda e fazer com que as duas famílias sejam amigas…
infelizmente, Emília nem tem tempo de chegar a usar o Faz-de-Conta, porque
Antenor, o pai de Rosa, aparece furioso no Sítio de Dona Benta para buscá-la e
levá-la de volta para casa… de qualquer jeito, o Faz-de-Conta provavelmente não
teria ajudado nesse caso, porque “ele não pode mudar o que as pessoas sentem”.
Então, Rosinha e Tonico seguem tristinhos.
Na noite do
teatro, Rosa foge de casa novamente, e se esconde no Sítio, onde é acolhida por
Tia Nastácia e, eventualmente, por Dona Benta. No início, Dona Benta até tenta
resistir e diz que, apesar de que poderia acolhê-la com todo o carinho, não
acha certo que Antenor não saiba onde está sua filha, mas Rosa pede por alguns
dias que seja, só até ele se acalmar… enquanto isso, Dona Benta pode conversar
com ele, contar que ela está ali e, quem sabe, fazê-lo concordar com o
casamento? Toda a história também deixa a Emília inquieta, mas, no fim, ela
acaba deixando para que a própria Dona Benta resolva esse problema… ela está
bastante interessada em fazer com que Romeu e Julieta se casem e, para isso,
ela parte para a biblioteca para ler mais da história deles.
E, então,
William Shakespeare aparece no Sítio do Picapau Amarelo para puxar a orelha de Emília – “Você
me arranjou uma confusão que me fez mais mal que a própria chuva!” A
interação é divertidíssima e a Emília está HILÁRIA (nessa história toda, por
sinal!!!). Primeiro, Emília até reclama e diz que a orelha dela é de pano e ele
quase rasgou, mas quando descobre que “ele andou de Tucanos até ali só para
puxar a orelha dela”, ela até oferece a outra orelha, para ele ficar mais
satisfeito (HAHAHA), e no fim acaba resolvendo levá-lo para dentro de casa e
pedir para a Tia Nastácia fazer um chá de limão, por causa do resfriado que ele
aparentemente pegou durante a chuva que interrompeu a apresentação de “Romeu e Julieta” em Tucanos no outro
dia.
Acolhido no
Sítio do Picapau Amarelo, William Shakespeare diz à Dona Benta que ninguém tem o direito de alterar uma obra de
arte e que o que a Emília fez foi um crime, e embora a Dona Benta concorde
que Emília errou em sua interrupção, ela também defende a bonequinha, dizendo
que “ela é assim mesmo” e só interferiu porque a história mexeu com ela, então
é uma coisa boa – “Eu não permito que
modifique a minha peça! Jamais!”. Quando Visconde descobre que Shakespeare
está no Sítio, ele corre para cumprimentá-lo, todo pomposo e honrado, e quando
ele pergunta o que ele veio fazer ali,
a Emília responde: “Puxar minha orelha!”
Mas nada disso adianta… Emília está decidida a fazer com que Romeu e Julieta se
casem e vivam felizes para sempre.
E nós
sabemos que a bonequinha não desiste fácil.
Então, ela
usa o pirlimpimpim e parte pessoalmente para Verona!
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