Alma Gêmea – O luto de Rafael e o mistério de Serena

“Flor é aviso do destino. Um dia, Serena vai ouvir voz do coração e encontrar destino dela”

Depois de um primeiro capítulo PERFEITO, “Alma Gêmea” ainda toma algum tempo antes da passagem dos 20 anos que transformarão Serena em uma mulher adulta: precisamos entender como foi todo o processo de luto de Rafael, e como ele se intensificou ao longo dos anos, bem como todos os “mistérios” que cercam a pequena Serena na aldeia indígena em que nasceu, antes de ela empreender sua “viagem grande”. No fim do primeiro capítulo, depois de Rafael clamar desesperadamente para que Luna “voltasse”, seu espírito ficou perdido em um labirinto de escadas infinitas, até cair de volta na Terra durante o nascimento de Serena, que vem ao mundo com uma marca de nascença no mesmo lugar em que Luna levou um tiro poucas horas atrás.

Filha de uma indígena e de um garimpeiro (“Pedaço de eu, pedaço de você”), Serena já nasceu como “filha de dois mundos”, e com um pai que nunca se importou com ela, porque ele está em busca de ouro e, segundo ele, “não pode ficar ali perdendo tempo”. Josias desaparece, no entanto, “antes que os índios venham atrás dele para lavar a sua honra”, e Serena é criada sem pai, mas com uma mãe presente que a ama profundamente, e um pajé que entende um pouco do que ele chama de “mistério no coração”. Quando Jacira, a mãe de Serena, conta sobre como ela chegou antes da hora e como ela começou a sentir as dores do parto assim que viu uma “estrela” caindo do céu (!), talvez ele tenha entendido o que aconteceu, mas tudo o que diz é: “Menina Serena fez viagem grande”.

Enquanto isso, Rafael sofre de maneira angustiante a perda do amor de sua vida… ainda no hospital, ele beija seus lábios uma última vez, prometendo que “vai amá-la para sempre”, e é o que ele faz. A morte de Luna transforma a vida de muitas das pessoas ao seu redor… Agnes, a mãe de Luna, parece tomada de uma fúria e de uma desesperança que fazem com que ela se volte contra Deus, perguntando aos quatro ventos “que Deus é esse” que deixa sua filha morrer com um tiro… uma mulher jovem, no auge da vida. Enquanto isso, Débora diz que “ela tem que aceitar”, como se a Luna não tivesse acabado de morrer. Acho um tanto absurdo que esses discursos de “aceitar” venham na mesma cena em que a Agnes fica sabendo da morte da filha… não tem como “aceitar” naquele momento!

Cristina, por sua vez, passa uma noite toda sem dormir, porque sabe que tem parte da culpa da morte da prima, e que “cometeu um erro terrível” ao pedir que Guto recuperasse as joias para ela, mas é como ela diz à mãe: ela estava farta – “Todos dizem que eu sou linda. De que me adianta? Eu queria o Rafael, queria essa casa, queria a vida dela”. Cristina até pensa em fugir para sempre, mas Débora diz que ela não poderá vender as joias roubadas, porque foram o motivo do crime e ela será descoberta se fizer isso, então ela precisa recuperar as joias, escondê-las, e ficar ali: agora, Rafael está sozinho, e ela precisa ser um anjo na sua vida, assumindo a casa, cuidando do filho e esperando – “Um dia, ele olhará para você. Seja perfeita e um dia esse homem será seu”.

Ela paga Guto, pega as joias de volta e se estabelece na casa.

Definitivamente.

Rafael manda que todas as mudas da Rosa Luna na loja sejam destruídas, porque ele pretende ficar com apenas uma muda, em sua própria estufa, onde ela ficará de recordação, só para ele – ele não pretende vender essa variação de rosa. Sofrendo e disposto a padecer por Luna (“Parece que arrancaram um pedaço de mim!”), Rafael se fecha em seu mundo e se prende ao passado, transformando a estufa e o ateliê em seus refúgios, onde parte dele “sente que Luna ainda está viva”. O ateliê, onde Luna ensaiava, onde tem um quadro seu pendurado e Rafael manda colocar o piano que ela tocava, se torna uma espécie de santuário para a esposa falecida – “Quando entrar, vou sentir como se ela estivesse aqui… ainda”. E, com o passar dos anos, ele passa cada vez mais tempo ali.

Enquanto isso, Serena é colocada em uma escola na aldeia com uma professora branca, porque o pajé acredita que ela “precisa aprender coisas para fazer a viagem grande” – segundo ele, “Serena é lua, e lua tem que buscar sol”. Serena aprende a ler e a escrever em português, e chama a atenção da professora em uma aula de desenho na qual ela desenha uma rosa linda, mas é uma flor que não existe ali. Além disso, Serena também desenhou uma cidade com casas e com uma igreja. Confusa, a professora leva os desenhos até o pajé, sem entender como ela pode ter desenhado aquilo se não há rosas nem casas como aquelas na região, mas quando a professora pergunta se “ele sabe se Serena já viajou para longe”, ele não tem uma resposta direta para dar.

O mistério nasceu com ela.

Embora Serena veja, desde sempre, lindas rosas brancas dentro do lago que visita com frequência, a única roseira daquela variedade, na estufa de Rafael, nunca mais floresceu desde a morte de Luna – ela continua viva, mas nunca mais deu nenhuma flor. Em parte, talvez como o próprio Rafael… ele continua “vivo”, mas não de fato vivendo. Rafael perdeu toda a inspiração para trabalhar, não consegue mais criar novas variedades de rosas, passa horas e horas trancado dentro do ateliê de Luna, ouvindo a música que era a sua favorita repetidamente… a vida continuou do lado de fora daquela casa, mas Rafael ficou trancado ali dentro, preso a um passado que ele gostaria de poder reviver – e, enquanto isso, não viu seu filho crescer, não foi um pai de verdade para ele.

 

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Comentários

  1. Da parte do Rafael, tá aí uma coisa que nunca fez sentido pra mim (Talvez a intensidade do luto dê, mas enfim):
    O fato dele ter se apegado a tanta coisa material e não ter valorizado ou se aproximado mais do Felipe, fruto da história dele com a Luna e ainda por cima "uma herança viva" da existência dela, uma pessoa com a qual ele poderia ter se apegado e etc. 😐

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    1. Em parte eu entendo que ele "deixou de viver", ficou preso à Luna propriamente e às coisas dela, mas também acho que não faz tanto sentido, porque ele poderia ter sido um pai presente e incrível para o Felipe, fruto desse amor... as primeiras cenas do Felipe são bem tristes, falando sobre como "ele nunca teve um pai de verdade" e coisas assim.

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    2. Jefferson, assunto nada a ver, mas vc viu que a Isabella Souza (Protagonista de "Bia" da Disney) vai ser protagonista da nova novela infantil do SBT, A Caverna Encantada? Pelo que vi a temática vai ser mais infantil (Estilo Carrossel e Carinha de Anjo) por conta da faixa etária do elenco (7, 8 anos) e tbm misturar "A Princesinha" com "O Jardim Secreto'

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    3. Nossa, não tinha visto não! Eu parei de acompanhar as notícias das novelas do SBT desde Poliana... fico curioso com essa temática, gosto muito das duas histórias, fiquei com vontade de ver (mas não vou, pelo tamanho hahaha é o meu problema com as novelas do SBT, porque eu gosto de novelas infantis também)

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    4. https://www.terra.com.br/amp/diversao/tv/sbt-anuncia-elenco-de-a-caverna-encantada-sua-proxima-novela-infantil,65e403316badb8497dc0e1cd73eae84d9vmi7buc.html

      Link c/as fotos de apresentação do elenco da novela, Rosy Campo e Magali Biff (Ernestina/Matilde de Chiquititas 97) tbm vão estar

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    5. Ai, que legal! É uma pena mesmo que as novelas do SBT atualmente sejam tão tão longas!

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