Alma Gêmea – A “viagem grande” de Serena
“Agora sei. É pra Sa’ Paulo que Serena tem que ir”
Serena
cresceu e se tornou uma jovem linda, cujo destino ainda é um mistério para ela… ela ama a sua aldeia, vive em paz com
a mata e com os animais, mas ela também sente que existe um lugar para onde ela tem que ir – e o pajé também sempre
acreditou nisso. Na infância, Serena fez desenhos de rosas e cidades que não
existem em nenhum lugar por perto, e quando o seu amigo José Aristides a pede
em casamento, ela diz que “não casa”, e começa a se perguntar se ela deve
abandonar tudo o que sente, ficar ali e se casar, ou se deve buscar aquilo pelo
que seu coração clama. E, com a morte de Jacira, a mãe de Serena, atacada por
uma onça, talvez seja finalmente o momento de deixar a aldeia para trás e
partir nessa “viagem grande” sobre a qual sempre ouviu falar.
Quando a
aldeia é atacada por um grupo de homens brancos garimpeiros, Serena é enviada
para conversar com Josias, seu pai, e tentar racionalizar com ele – ela o
reconhece facilmente por causa de “um pedaço de papel com sua imagem que a mãe
tinha”, e é estranho como há certa emoção e reconhecimento naquele momento
breve, até Serena ver que não há nenhuma esperança de o pai se importar o suficiente para fazer
alguma coisa e impedir um ataque brutal à aldeia, que custará a vida de tantas
pessoas… Serena pede que o pai não faça nada (“Não faz mal a povo que é minha família”), mas ele escolhe colocá-la
para fora de maneira violenta e humilhante (“Fora,
mestiça suja, fora! Eu não tenho filha mestiça!”), ao invés de fazer o que
ela pede.
Esse é o
primeiro contato de Serena com pessoas brancas, e é bastante importante, porque
a faz perceber que o ouro importa mais para eles do que as pessoas que vivem
ali, as árvores, os bichos, a vida da mata… a aldeia é atacada durante a noite,
com a intenção de tirar todos os
indígenas dali e, assim, os garimpeiros poderem explorar em busca do
famigerado ouro. São ataques, tiros, explosões, e um breve momento no qual
Josias para na frente de Serena, atira em um dos seus homens que poderia
matá-la e a manda fugir – “Foge, filha.
Seja feliz. Perdão pelo pai que eu fui”. Serena, no entanto, quase morre no
meio da confusão, quando tenta ajudar a professora a sair da escola em chamas,
e acaba sendo atingida na cabeça por uma parede que cai no incêndio…
Com a morte
de Jacira e a destruição da aldeia, não há mais nada que segure Serena ali…
chegou, então, o seu momento de partir em busca da sua “missão”. Serena sabe
que o seu coração está pedindo que ela faça “uma viagem grande”, mas ela não
sabe para onde – tudo o que o pajé diz, no entanto, é que quando ela encontrar
a flor que ela vê no lago, ela vai saber que chegou ao seu destino. E é a
professora Cleyde quem a ajuda a saber para onde ir, com base nos desenhos que
ela fazia na infância: ela acha que Serena deve
procurar uma cidade grande, uma cidade como São Paulo… infelizmente, no
entanto, Cleyde, que é a única que conhece
o mundo dos homens brancos, não vai com ela, porque sua missão como
professora na aldeia que precisa ser reconstruída não acabou.
Ainda assim,
Serena está determinada. Enquanto, muito longe dali, Rafael está “conversando”
com Luna e pedindo que “ela volte para ele”, Serena está no lago, olhando as
rosas brancas que só ela vê e ouvindo uma “voz” que a chama dentro do seu
coração – ela precisa partir. Então, ela recebe toda a ajuda que a professora
Cleyde pode dar dali: um pouquinho de dinheiro, alguns conselhos e o endereço
de uma prima sua, que vive em São Paulo… na despedida, Cleyde deixa com Serena
uma bíblia, a mesma que ela se arriscou para salvar do incêndio quando entrou
na escola em chamas na outra noite, que tem não apenas o endereço de sua prima,
mas um recado para ela, e ela diz a Serena que a prima reconhecerá a sua letra. O caminho até São Paulo, no entanto, é
longo.
É
arriscadíssimo… e preocupante. Serena não sabe nada do mundo fora de sua aldeia, e ela é jogada sem preparação
alguma e sozinha em um mundo que oferece muitos perigos, movida apenas pela sua
ingenuidade e pelo desejo de “encontrar o seu destino”. Instruída a pedir ajuda
no meio do caminho para chegar a Sa’ Paulo, Serena sabe que a viagem é longa,
mas cada passo que ela dá torna a distância um pouco menor… infelizmente, no
entanto, ela pode encontrar qualquer tipo de pessoa no meio do caminho. Ela
pode encontrar um homem simpático e bondoso que lhe dá carona em uma carroça
puxada por bois, por exemplo; mas ela também pode encontrar um homem maldoso
que lhe dá carona em um caminhão e a leva para uma fazenda, com outras
intenções.
De fato, é
uma viagem grande…
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Essas imagens da Serena numa comunidade que parece ser isolada usando fitas de cetim é um erro dos mais grosseiros.
ResponderExcluirMas não é totalmente isolada, como é mostrado durante os capítulos... eles já tiveram contato com brancos, tanto que a Serena é filha de um minerador com uma indígena. E tem uma professora branca lá também, que os ensinou a ler e escrever em português. Não é uma comunidade inteiramente isolada.
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