Cúmplices de um Resgate – Daniela Luján substitui Belinda
“Cúmplices de um Resgate” é uma novela
que ficou muito conhecida pelo fato de a
atriz protagonista ter sido substituída no meio da trama – mas não é a
primeira vez que isso acontece. A substituição de atores em novelas mexicanas é
uma prática razoavelmente “comum” que podemos observar em várias outras obras,
como a troca de Marcelo Buquet por Gerardo Murguía no papel do pai de Daniela
em “O Diário de Daniela”, ou de
Eugenia Cauduro por Cecilia Gabriela em “Alegrifes
e Rabujos”. O Brasil também já teve que recorrer a uma troca abrupta por
diferentes motivos, como aconteceu com Marjorie Estiano entrando para
substituir a Drica Moraes em “Império”,
ou mesmo Sophia Valverde substituindo Duda Wendling na versão brasileira de “Cúmplices de um Resgate”.
Naturalmente,
a troca de Belinda por Daniela Luján em “Cúmplices
de um Resgate” é um caso mais chamativo porque Belinda dava vida às gêmeas
protagonistas da novela: Mariana e Silvana. Portanto, ela era o rosto da novela, e a troca causou certo
espanto. Sabemos que a troca das atrizes foi motivada especialmente pelo desejo
do canal de estender a bem-sucedida novela para um número de capítulos que não estavam
originalmente previstos… Belinda já tinha outros compromissos logo após o fim
das gravações e parece que a família e a produção não conseguiram chegar a um acordo. Outros atores também não
“estenderam seu contrato” além do que tinha sido previamente estabelecido
(cerca de 90-100 capítulos) e a trama precisa correr para se adaptar com as
ausências.
Daniela
Luján foi convidada, então, para assumir os papéis que eram, até aquele
momento, de Belinda. Existe uma thread no Twitter que traz algumas informações
e alguns vídeos da época que nos ajudam a entender melhor essa substituição e
seus antecedentes (você pode ler a thread inteira em espanhol clicando aqui),
e eu te advirto: ficamos com o coração
apertado por causa de Daniela Luján. Aparentemente, Daniela foi quem
“sugeriu” que Rosy Ocampo fizesse uma novela infantil sobre gêmeas, porque era
um assunto que dava sucesso em novelas adultas, e ela sonhava em interpretar
esses papéis – existe, na thread, um vídeo da Daniela pequena, pouco depois de “O Diário de Daniela”, falando sobre
isso no programa do Gugu, por exemplo. Mas
o papel ficou com Belinda.
Admiro
demais Daniela Luján como atriz e como profissional. Daniela protagonizara outras
ótimas novelas infantis que também fizeram parte de minha infância, como “Luz Clarita” e “O Diário de Daniela”, e ela aceitou uma missão que demandaria um
trabalho hercúleo – e uma preparação psicológica que eu nem sei se alguém na
sua idade tem. Apesar de amar a Mariana e a Silvana de Belinda (!), eu tenho
certeza de que a novela teria sido igualmente um sucesso com Daniela Luján
interpretando as gêmeas desde o início da trama, e ela aceitou assumir esses
papéis na reta final da novela, mesmo sabendo de toda a rejeição que ela
poderia sofrer (e que, de certa maneira, sofre até hoje quando “Cúmplices” é relembrada)… nessas
condições, a comparação era inevitável.
A meu ver,
ambas as atrizes fizeram o melhor que puderam e entregaram seu coração às personagens…
Belinda é o rosto de Mariana e Silvana, é quem originou esses papéis na
televisão, e tudo foi feito para ela: o texto, a caracterização, foi ela quem
deu seu tom às personagens, e ela arrasou nos papéis. Daniela Luján, assumindo
do capítulo 92 em diante, não tinha a liberdade de “criar” suas personagens
como bem entendia, porque precisava dar continuidade a um trabalho iniciado meses antes, mas ela faz o melhor que pode
e entrega uma boa atuação, especialmente no papel de Silvana… particularmente,
deixando qualquer birra infantil de
lado, ambas as atrizes conseguiram interpretar boas versões de Mariana Cantú e
Silvana del Valle e construir uma ótima novela.
E é sempre bom lembrar que Daniela Luján não
tem culpa alguma da troca… sem Belinda, alguém precisava assumir os papéis e
ela aceitou essa missão – o que, a meu ver, só reforça como ela queria interpretar essas gêmeas!
Naturalmente,
a novela sofreu alterações – mais do que pela troca das atrizes, no entanto,
porque a extensão no número de capítulos interferiu diretamente na trama. Dos
capítulos 92 ao 104, a novela segue mais ou menos o que tinha sido
originalmente previsto e, por isso, tem uma cara de reta final, trazendo Silvana descobrindo que nunca tinha sido
abandonada por Rosa e perdoando a mãe, e a Rosa descobrindo que tivera gêmeas…
dali em diante, no entanto, com vários atores deixando a trama, novos
personagens foram adicionados, tramas não finalizadas foram descartadas com
desculpas esfarrapadas, e com todos os conflitos originalmente propostos para “Cúmplices de um Resgate” resolvidos, o
centro da narrativa vira as bandas, a música e os amores juvenis.
É bem diferente, e o que mais me incomoda é o
descarte da história de Silvana e Ramón, que vinha sendo trabalhada com cuidado
e calma há muito tempo. A dinâmica do
casal funcionava muito bem, era importante para o desenvolvimento de Silvana
como personagem, mas o roteiro apela para uma estratégia que eu julgo covarde e
desesperada: eles trazem Martín Ricca para “Cúmplices
de um Resgate”, como um cantor, para que ele seja o par romântico de
Silvana e eles possam “recriar” o casal que foi sucesso em “O Diário de Daniela”. Mas não é a mesma coisa, é claro, e isso faz
com que uma das melhores propostas de “Cúmplices”
seja jogada fora através de diálogos como aquele em que Ramón diz a Mariana que
acreditou estar apaixonado por Silvana, mas “só se confundiu”.
Antes de
encerrar esse texto, eu gostaria de enaltecer brevemente a versão brasileira de
“Cúmplices de um Resgate”, feita pelo
SBT em 2015, com Larissa Manoela no papel das gêmeas Isabela e Manuela. Mesmo
que com um número imenso de capítulos, o fato de isso ser uma prática
recorrente do canal fez com que o elenco se mantivesse e a nossa versão pudesse
seguir a trama de forma planejada e explorando temas que não foram explorados
na versão mexicana: depois que Rebeca (a nossa Rosa) descobre que tivera
gêmeas, por exemplo, tudo o que ela quer é poder passar mais tempo com Isabela,
e ainda que Isabela a tenha perdoado,
a relação delas não é imediatamente fácil e elas têm que aprender a ser mãe e
filha… a história de Isabela com Téo (nosso Ramón) também não é descartada e
eles são o melhor casal da novela.
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de Luz
Admito que acho meio que uma sacanagem o que fizeram com Daniela inicialmente... Ela foi a iniciante com a idéia do projeto, e disse que sempre quis interpretar gêmeas... mas então ignoraram completamente a garota sem nenhuma explicação dada até hoje, e chamaram a Belinda... não a escalaram nem como personagem coadjuvante! Fico imaginando como ela deve ter se sentindo frustrada e rejeitada. Por mais que eu ame a atuação da Belinda e parte de mim ainda gostaria que NUNCA tivessem que trocar, acredito que os papéis eram da Daniela por direito mesmo.
ResponderExcluirComparando com a versão de 2015, é inegável que algumas coisas uma versão fez melhor que a outra. A de 2002 vence pela nostalgia e por ser realmente ótima, até hoje sem dúvida, mas é preciso reconhecer que a de 2015 melhorou em algumas coisas (e declinou em outras). Ambas tiveram seus pontos fortes e fracos afinal.
Eu amo a Belinda e eu acho que ela estava incrível como as gêmeas, mas continua sendo uma sacanagem o que fizeram com a Daniela mesmo, porque ela achou que os papeis seriam dela, e era só uma criança. Além disso, eu fico muito triste com o hate que a Daniela recebe até hoje por ter substituído a Belinda quando ela não tem culpa nenhuma. A novela foi estendida, a Belinda saiu, ela aceitou a proposta, só isso. O hate em cima dela é desnecessário.
ExcluirEstive aqui pensando mas eu acho que a troca de atrizes na versão original fez com que o SBT decidisse criar um remake anos depois.
ResponderExcluirTipo assim, se a versão original terminasse com apenas 98 capítulos ou menos como era esperado e com a Belinda no papel, talvez o SBT nem sonharia em fazer um remake brasileiro porque seria uma novela curta e sem muita história para contar, fora que compensaria melhor fazer remake de Patito Feo, mas o que não iria mudar era o fato da Larissa Manoela ser a personagem principal já que o SBT sempre quis que ela protagonizasse uma novela desde a época em que Carrossel terminou :/
Acho que isso não interferiu em nada na decisão do SBT não, até porque nada do roteiro esticado foi aproveitado no remake brasileiro. Com a extensão da novela depois da entrada de Daniela Luján, a novela seguiu mais ou menos o plano original até o Capítulo 104, e depois disso focou muito na banda, alguns personagens novos, todas coisas que não fizeram parte do roteiro. Eles seguiram com a ideia original mesmo no Brasil, e aproveitaram para explorar o que poderia ter sido explorado no original e não foi, como o romance de Silvana/Isabela e Ramón/Téo, ou a relação de Silvana/Isabela com a mãe.
ExcluirUm detalhe, considerando na época a Daniela lujan faria 15 anos não me admira do porque a produção escalou Belinda na época atriz já cantava bem e tinha a idade certa já não é surpresa, se Daniela tivesse começado os papéis das gêmeas Silvana e Mariana desde o começo não me admira que a novela faria sucesso mas as músicas não seriam da forma que conhecemos, foram feitas exclusivas para a Belinda algumas a Daniela cantou mas sua voz não se compara da Belinda a música superstar sendo a mais marcante foi deixada de lado das turnês da novela e quando a Daniela entrou algumas músicas dos discos Silvana e Mariana ficaram esquecidos e colocaram músicas das novelas infantis anteriores como alcanzar lá liberdade de amigos para sempre ou loucos de amor de o diário de Daniela deixando assim a essência das músicas da Belinda cada vez mais para trás até a banda que deveria ter sido um marco não se sustentou por muito tempo
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