Cúmplices de um Resgate – Silvana chega à casa de Mariana

A resistência de Silvana.

Silvana já passou por bastante coisa desde o início de “Cúmplices de um Resgate”. Primeiro, ela descobriu que não era realmente filha de Rolando, como sempre acreditou, e com a morte do pai, uma das poucas pessoas que a amavam de verdade nessa vida, ela passou a viver um verdadeiro inferno na mão de Regina, que nunca gostara dela. Silvana foi trancada em um quartinho no porão de casa, passou uma noite na rua quando tentou fugir, ficou entre a vida e a morte no hospital, foi presa novamente em um lugar distante… e ainda descobriu que tem uma irmã gêmea e que provavelmente foi abandonada pela mãe biológica quando nasceu – na verdade, Mariana sabe que Rosa jamais teria dado uma de suas filhas, mas Silvana não sabe disso e, para ela, o sentimento de abandono é real… e isso gera uma revolta que não a permite amar Rosa.

Portanto, dias difíceis esperam as duas pela frente…

Depois de ser resgatada pelos Cúmplices de um Resgate, Silvana ganhou uma escolta até o vilarejo onde Mariana mora – o plano é que, enquanto Mariana não pode voltar para casa, Silvana assuma o seu lugar, se passando por ela. Aguardamos ansiosamente pela cena do reencontro de mãe e filha, e essa é uma cena poderosa de “Cúmplices de um Resgate”, porque é extremamente complexa. Há tantas emoções conflitantes naquele reencontro e tudo fica muito evidente. Temos a emoção inegável de Rosa, a emoção e o alívio se transformando em lágrimas enquanto ela abraça a filha, mal acreditando que ela está ali, depois de tanto tempo, mas no rosto de Silvana há certo desprezo e confusão, e o mais interessante é que, ao ser abraçada por Rosa, Silvana está lutando com a complexidade dos seus próprios sentimentos, porque ela nunca teve esse carinho de mãe…

E, no fundo, ela o quer. Mas ela acredita que foi abandonado.

Gosto muito dessa sequência de “Cúmplices de um Resgate”, mesmo que Silvana seja alguém muito difícil de se lidar, e Rosa vá sofrer bastante por causa disso… mas eu gosto de como a relação é rica e de como Silvana precisa aprender que a mãe nunca a abandonou. Enquanto acredita que sim, Silvana é tomada pela tristeza, pela revolta, pela inveja, talvez… porque Mariana pôde viver em um lar cheio de amor, sempre teve tudo o que ela nunca teve. Quando Rosa a abraça pela primeira vez, ela não quer retribuir o abraço, por causa de todos esses sentimentos ruins dentro dela, mas a parte que anseia por esse amor materno faz com que uma lágrima escorra, e é uma sequência inteligente e tocante. A novela consegue fazer a cena ser um misto de emoção e de tensão, graças às duas perspectivas exploradas… sim, é uma novela e tanto!

A volta de “Mariana”, no entanto, não traz a alegria que todos esperavam, porque Silvana é séria, seca, eventualmente grosseira, e está com os olhos constantemente cheios de lágrimas, mas não quer falar muito – e eu imagino o quanto deve ser doloroso e preocupante para a família, que não imagina os traumas pelos quais ela passou, mas também não consegue fazer com que ela fale sobre eles. Rosa tem um momento angustiante no qual implora para que a filha fale com ela, dizendo que a ama e que pode confiar nela, pode contar o que quiser, mas Silvana não diz nada e Rosa diz que a respeita. Estará lá quando ela quiser conversar. Silvana não consegue disfarçar que não gosta da mãe, e sente que precisa “fazê-la pagar por tudo o que ela sofreu”, já que Rosa passou a vida fazendo tudo por Mariana, mas nunca fez nada por ela… é um sentimento pesado que ela nutre.

Rosa, por sua vez, está atordoada, confusa, sem saber o que fazer… ela sabe que alguma coisa está errada, ela sabe que a filha sofreu muito, seja lá o que tenha acontecido no tempo em que esteve desaparecida, mas não consegue fazê-la falar, e sente que ela a está afastando como se ela tivesse culpa de algo – então, ela precisa que Helena esteja por perto e se aproxime dela, porque Silvana não tem toda essa resistência com a tia. Sinto pena de Rosa, que tem um sofrimento trocado por outro: primeiro, ela não sabia onde estava a filha; agora, a filha está ao seu lado, mas está sofrendo e ela não pode fazer nada para fazer com que ela se sinta melhor… além disso, ela sente que aquela garota ali no quarto “parece outra pessoa”, como se “não fosse a sua Mariana”. No fundo, talvez seu coração de mãe sinta… assim como sentia, quando estava grávida, que eram dois bebês.

 

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