Vale o Piloto? – Dead Boy Detectives 1x01 – The Case of Crystal Palace

Agência Garotos Detetives Mortos.

Antes de mais nada, eu preciso dizer que ler “Sandman” é um prazer imenso, e Neil Gaiman constantemente nos presenteia com edições que nos marcam para toda a vida… se temos “O Som de Suas Asas” em “Prelúdios & Noturnos” e “Homens de Boa Fortuna” em “Casa de Bonecas”, o quarto volume de “Sandman”, “Estação das Brumas”, nos traz uma edição linda com a história de Edwin Paine e Charles Rowland, dois garotos que eventualmente estrelariam um spin-off com o título “Garotos Detetives Mortos”, abrindo uma agência para resolver casos sobrenaturais com os quais os humanos não sabem lidar… impedindo que casos como os dos dois passem “despercebidos” e fiquem sem solução. Com uma premissa e tanto, os personagens foram um sucesso!

Agora, a Netflix lança “Dead Boy Detectives”, e eu fico muito feliz com o fato de a série ser abertamente um spin-off de “The Sandman” e compartilhar o universo com a outra série: toda aquela sequência no início do episódio que mostrou a Morte buscando uma alma depois de Edwin e Charles resolverem o caso de um fantasma da Primeira Guerra Mundial possuído por uma máscara (!) me deixou muito feliz… sorri feito um bobo em ver a Morte novamente interpretada por Kirby. E “Sandman” é mesmo uma obra riquíssima e com um universo vasto que pode e merece ser adaptado – poderá a adaptação de “Garotos Detetives Mortos” abrir as portas para outros spin-offs desse universo? Só o tempo dirá… mas eu adoraria assistir “Os Livros da Magia”.

“The Case of Crystal Palace”, o Piloto de “Dead Boy Detectives”, é um episódio EMPOLGANTE. Repleto de ação do início ao fim, ele tem um ritmo frenético que nos deixa vidrados na tela e não nos deixa perceber o tempo passar – além de ser uma excelente apresentação a esses personagens! Sinto que a série tem toda a estranheza inerente a Neil Gaiman e a “Sandman”, mesmo sendo uma obra independente e com um tom um pouco diferente… é propositalmente mais adolescente, por causa da premissa: Edwin Paine é um jovem que morreu em 1916, como sacrifício durante um ritual feito por alguns garotos do internato em que estudava, e ele passou 70 anos no Inferno; Charles Rowland, por sua vez, morreu muito tempo depois, na década de 1980.

A dinâmica entre os personagens é interessantíssima, e eu gostei muito de ambos – embora eu já tenha meio que uma queda por Edwin. Gosto de como eles são diferentes no modo de se vestir, de se portar, de pensar… e de como essa é a riqueza da dupla que eles formam! A ação é divertida, cheia de elementos-surpresa e as coisas mudam quando eles recebem uma nova cliente com um novo caso: aparentemente, a amiga médium dela, Crystal Palace, foi possuída por um demônio… e, surpreendentemente, toda a história de “exorcizar o demônio possuindo Crystal Palace” é uma parte muito pequena (mas muito boa) do episódio. Ainda que David o Demônio ainda continue por aí e o caso não tenha realmente terminado, Crystal se junta a eles inesperadamente…

Depois de décadas trabalhando juntos apenas Edwin e Charles, a dinâmica quase perfeita parece “ameaçada” pela presença de uma terceira pessoa: viva, ainda por cima. Mas Charles está empolgado em ter mais alguém com quem conversar, e ele acha realmente que ter uma médium na equipe pode ser bastante útil… e ela meio que “prova” isso quando ela vê um cartaz de uma garota desaparecida e consegue sentir que ela ainda está viva, então, mesmo meio que contra a vontade de Edwin, eles partem para os Estados Unidos para salvar a vida de uma garota… pode até parecer, inicialmente, um caso diferente do que aquele que Edwin e Charles costumam investigar e resolver, mas eles acabam se deparando de fato com algo sobrenatural: Becky foi levada por uma bruxa.

O episódio abre muitas portas e possibilidades, mostrando todo o seu potencial… curiosamente, ele tem um quê de “episódico”, ao mesmo tempo em que apresenta personagens como David e Esther Finch, que certamente terão uma importância maior no decorrer da história. Além disso, “Dead Boy Detectives” tem o poder de ser séria e dramática se assim o quiser, como aquela cena em que Edwin discute com Crystal e fala sobre como “eles não importavam” mostra, mas também tem um humor bizarro que funciona muito bem, como na cena em que Edwin é sugado pelo armário da bruxa e resgata a garotinha a colocando dentro da “bolsa de truques” de Charles. Gostei DEMAIS desse primeiro episódio, parece que teremos uma ótima série pela frente!

 

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