Dead Boy Detectives 1x04 – The Case of the Lighthouse Leapers

O passado de Charles.

COMO ESSA SÉRIE É FANTÁSTICA! Sério! Em mais um excelente episódio de “Dead Boy Detectives”, exploramos um pouco mais dos traumas de Charles, os desejos e inseguranças de Edwin, as dúvidas e medos de Crystal e pudemos ver Niko se juntar à ação principal… e tudo funciona incrivelmente bem. Em “The Case of the Lighthouse Leapers”, um novo caso chega (aos berros) para os Garotos Detetives Mortos, através de um fantasma de um farol que está incomodado com o fato de que mais fantasmas estão se juntando a ele – e ele gostava do silêncio e da tranquilidade que ele tinha até então. Com mistérios e surpresas, o caso evolui de maneira envolvente, e a série consegue utilizá-lo para trabalhar os problemas de seus personagens.

O grupo, agora com quatro detetives, chega ao farol a tempo de ver o momento em que um novo fantasma se junta aos outros dois mais recentes… algo está fazendo com que as pessoas pulem do alto do farol, mas os policiais humanos não dão nenhuma atenção à denúncia de Crystal e Niko, porque não existe nenhuma evidência de morte (os corpos parecem “desaparecer” assim que chegam à agua) – e, assim como Charles e Edwin estão fazendo há décadas, eles se tornam responsáveis pelo caso que ninguém mais vai resolver… os três novos fantasmas parecem ter ouvido vozes que o fizeram pular: uma ouviu o ex-namorado; outro o pai; outro a esposa. E quando Charles e Crystal sobem para investigar, alguma coisa também chama Crystal.

A série “brinca” com a possibilidade de colocar a vida de Crystal em risco, assim como Charles esteve em risco ao ser atraído para o loop no episódio anterior… e toda a sequência na qual Crystal se aproxima do penhasco para se jogar no mar enquanto Charles e Edwin estão envolvidos demais em uma discussão porque Edwin não contara sobre ter visto o Gato Rei novamente mais cedo (!) é angustiante – e, felizmente, Niko percebe a tempo de correr e puxar Crystal de volta à segurança pelo seu sobretudo… enquanto Crystal fica tentando se desvencilhar porque “a sua mãe está chamando”. Esse desejo de saber quem ela era, essa ânsia por respostas, quase custa a vida de Crystal, mas felizmente ela tem pessoas que se importam com quem ela é, não quem ela foi, ao seu redor.

Niko, por sua vez, está brilhando – e pode estar se tornando a minha personagem favorita de “Dead Boy Detectives”. Agora descobrimos que ela também é fã de “Scooby-Doo”, e a verdade é que ela é uma excelente detetive… até o Edwin precisa admitir isso! Niko aceita um chá de uma mulher suspeita depois de a polícia não lhes dar nenhuma atenção, e ela faz uma série de perguntas que trazem possibilidades, como a de que seja uma sereia atraindo as pessoas para o fundo do mar (não é). Gosto muito de como é Niko quem consegue encontrar uma pedra vermelha que os leva ao encontro da Lavadeira, uma entidade cheia de enigmas que pode ou não ser de ajuda para os Garotos Detetives Mortos… e, aos poucos, o caso vai caminhando rumo a possíveis respostas.

Edwin, por sua vez, tem cenas memoráveis tanto com o Gato Rei quanto com Monty – e é impressionante a tensão sexual que existe entre ele e o Gato, tá? Amei toda aquela conversa e o fato de o Gato Rei ter arrancado dele uma verdade sobre o porquê de ele se importar tanto com os casos: porque, caso ele acabe retornando para o inferno, ele pode pedir clemência provando que fez algo bom. Monty, por outro lado, está se fazendo presente de uma maneira que, dessa vez, eu achei um tanto exagerada… se eu estava parcialmente encantado por ele, acho que houve algo teatral demais que deixa transparecer suas reais intenções, embora o Edwin não perceba, é claro… e ele está se envolvendo. Com direito à Niko sendo uma espécie de “cupido” e tal.

Mas, novamente, Charles é a estrela do episódio – e eu acho que esse episódio é importante demais para dar continuidade ao que começamos a explorar no episódio anterior, quando o Sr. Devlin despertou gatilhos nele… Crystal está o episódio inteiro tentando fazer com que ele fale sobre o que aconteceu quando ficou preso no loop, e ele está o episódio todo evitando isso, até que muita coisa vem à tona quando os fantasmas são encurralados pelo Departamento de Achados e Perdidos do Além. E, aqui, acho que “Dead Boy Detectives” dá uma aula de roteiro ao amarrar a trama de Charles, com flashbacks e tudo, à resolução do Caso do Farol, que estávamos acompanhando durante todo o episódio… e descobrimos que a morte de Charles foi mais terrível do que imaginamos.

O episódio retorna a momentos horríveis de Charles, seja apanhando do pai enquanto a mãe assistia sem fazer nada ou quando os seus “amigos” o deixaram morrer de hipotermia e hemorragia interna em uma cena perturbadora… tudo isso é canalizado da maneira brutal e vemos um Charles mais intenso do que nunca, que encerra o caso “sozinho” e ainda se livra do Departamento de Achados e Perdidos, e quando até o Edwin fala sobre como isso foi “intenso”, ele desabafa colocando um monte de coisa para fora na cena mais forte que a série viu até então… ele fala sobre como nunca se sentiu bom o suficiente para o pai, ele fala sobre tudo o que tem dentro dele e ele abafa porque “alguém precisa manter o clima bom” ou qualquer coisa assim.

É fortíssimo.

Que episódio intenso! Que série incrível!

 

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