HIStory: Make Our Days Count – Episódio 10/10
“Sinto tanta falta dele que meu coração dói”
Eu sinto que
o final de “HIStory: Make Our Days Count”
é o tipo de final que dividiu opiniões quando a série foi lançada, mas é sempre
necessário lembrar que o fato de as coisas não terem acontecido como você
esperava (todo mundo queria um final feliz para Hao Ting e Xi Gu) não quer
dizer que o final tenha sido ruim – “Make
Our Days Count” entrega justamente o que é sugerido pelo seu título: fazer com que os nossos dias valham a pena.
Xi Gu sofreu um acidente aos 18 anos que lhe tirou a vida cedo demais e,
infelizmente, essa é uma representação honesta, embora dolorosa, de como é a
vida… nós nunca sabemos quando a morte chega, nós nunca sabemos se ainda
estaremos aqui ano que vem, semana que vem ou amanhã para cumprirmos os planos
traçados.
Tudo o que
podemos é fazer valer a pena enquanto estamos aqui.
É doloroso.
Assistir a esse último episódio de “HIStory:
Make Our Days Count” foi como receber um soco no estômago. Passamos o
episódio inteiro acompanhados de uma sensação de angústia e de sofrimento que
era muito similar ao que víamos em tela através do personagem de Hao Ting, que
perdeu o homem que ele amava… e que nunca vai deixar de sentir a sua falta,
ainda que ele precise encontrar forças para seguir em frente porque, diferente
de Xi Gu, ele continua vivendo. Depois de nos apaixonarmos pela relação de Hao Ting
e de Xi Gu, de vermos tudo o que eles conquistaram juntos, de vê-los sonhar com
o futuro que eles estavam construindo, é terrível ser “surpreendido” por essa
morte que atrapalha todos os planos – e essa é a ironia intencional do
episódio.
Confesso que
foi diferente do que eu imaginava. Eu sempre soube que um dos morreria no fim
da série, e sempre me mantive longe de mais spoilers
para pelo menos não saber qual deles era ou como. O último episódio de “HIStory: Make Our Days Count” começa
cinco ou seis anos depois do acidente
que tirou a vida de Xi Gu, e eu acho que essa foi a melhor escolha possível do
roteiro: não acompanhamos, a não ser através de um diálogo, toda a realidade de
Hao Ting encontrando o Xi Gu, o funeral ou o que aconteceu logo em seguida, mas
toda a dor continua ali, em um episódio de tom melancólico que nos mostra que a
vida dos demais seguiu em frente, até mesmo a de Hao Ting, de alguma maneira…
mas isso não quer dizer que ele tenha esquecido ou que ele não sofra.
Eu senti
falta de Xi Gu. A história foi construída para que nos importássemos com ambos
e, na verdade, eu me apaixonei primeiro por Xi Gu, e comentei em outras
ocasiões como me fazia bem vê-lo sorrir, algo que ele não fazia muito no início
da série… enquanto assistia ao episódio, parte de mim sentiu falta de mais uma
cena de Xi Gu, de uma oportunidade de vê-lo de novo e de me despedir, mas essa
é justamente uma prova da destreza do roteiro de “Make Our Days Count”, que nos coloca no lugar de Hao Ting: a morte
de Xi Gu é um daqueles eventos abruptos e inesperados que não nos dão a
oportunidade de nos despedir, que nos deixam com uma sensação de “incompletude”
de “eu queria ter falado mais”… Hao Ting não sabia, no fim do episódio passado,
que aquela era a última vez que veria Xi Gu com vida.
Ele tampouco teve a chance de se despedir.
Mesmo anos
depois de ter perdido Xi Gu, Hao Ting continua vendo o homem que amava nos
lugares que ele vai, ou até no rosto de outras pessoas… aquele garoto que o
chama de “veterano”, por exemplo, e que é interpretado pelo mesmo ator que
fazia o Xi Gu, pode nem ser tão parecido
assim com o Xi Gu, no fim das contas, mas apenas alguém em quem Hao Ting
projetou a sua imagem porque o conheceu escalando montanhas – que é algo que
Hao Ting faz na tentativa de se sentir mais perto de Xi Gu… como se, quanto
mais alto ele subisse, mais próximo das estrelas ele pudesse estar e, quem
sabe, ao estender a mão, ele pudesse tocar uma, e essa estrela talvez fosse o
Xi Gu… ele precisou encontrar maneiras de continuar vivendo, de um jeito ou de
outro.
Uma das
coisas que Hao Ting fez para que continuasse vivendo foi justamente se dedicar
exaustivamente aos estudos – algo que seria a cara do Xi Gu fazer. É incerto se
isso foi exatamente saudável, porque em parte parece que Hao Ting se escondeu
atrás de seus estudos para se impedir de pensar e de sentir a dor da perda de
Xi Gu… muito impactante aquela fala da mãe de Hao Ting sobre como ele está há
anos sem parar, como um pião que gira
e gira e gira, e talvez seja hora de ele desacelerar. Prestes a partir para os
Estados Unidos, onde ele estudará em Stanford, Hao Ting parece ser confrontado
com algumas memórias, como se ele fosse convidado a colocar para fora toda a
sua angústia, a sua dor e a sua frustração… e são cenas fortíssimas.
Depois de uma
conversa com a ex-namorada da época de escola, Hao Ting é obrigado a lembrar do
acidente que levou Xi Gu e de como as coisas foram logo em seguida – então, ele
volta para casa correndo, como se quisesse extravasar toda a dor dentro de si,
e então ele chora desesperadamente enquanto olha para as coisas que restaram de
Xi Gu dentro de uma caixinha repleta de recordações, que também nos leva para
uma série de flashbacks de alguns dos
momentos que vivemos ao lado de Hao Ting e Xi Gu durante “HIStory: Make Our Days Count”, e aquele foi o momento em que,
assim como o Hao Ting, eu desabei em lágrimas pela primeira vez no episódio…
eles tinham tantos planos juntos, tantas coisas que eles queriam e podiam
fazer!
Acho que
mais forte do que essa sequência ainda é a seguinte, quando Hao Ting acaba
chorando no meio da rua, embaixo da chuva, e o Bo Xiang aparece com um guarda-chuva
para buscá-lo e para levá-lo para casa – não há muito mais que Bo Xiang possa
fazer, na verdade, mas ele está ali para acolher o Hao Ting, ouvir o seu
desabafo e, quem sabe, o incentivar a seguir em frente… é doloroso demais ouvir
o Hao Ting falando sobre a injustiça da morte de Xi Gu, sobre como ele mudou, e todos os demais mudaram,
mas Xi Gu não teve a chance de mudar porque o seu tempo parou de correr quando
ele tinha 18 anos. Bo Xiang tem coisas muito bonitas e muito sensatas para
dizer a Hao Ting, especialmente sobre como “seguir em frente” não é a mesma
coisa de “esquecer”.
Xi Gu sempre
terá Hao Ting.
E Hao Ting
sempre carregará Xi Gu consigo.
Bo Xiang e
Zhi Gang também ganham uma trama importante nesse último episódio, e eu fico
feliz em saber que o romance deles vingou e se consolidou ao longo desses
últimos seis anos – e é bom ver que existe alguma diferença nos comportamentos
de Bo Xiang, que se tornou uma pessoa mais responsável e mais madura com o
passar do tempo. E o episódio traz uma conclusão importante pela qual Zhi Gang
esperava há muito tempo: a autorização do
pai para que ele retornasse para casa e levasse com ele o seu namorado. Nem
sempre é possível, ou mesmo necessário, esse retorno à família quando ela o
renega e o faz sofrer, mas Zhi Gang sempre sonhou com aquilo, e eu gosto demais
do Zhi Gang para não ficar feliz com a sua emoção ao receber a notícia do
sobrinho.
Não há um
real momento de plena felicidade no
último episódio de “HIStory: Make Our
Days Count”. Ele é inteiramente conduzido pelo sentimento de melancolia que
permanece anos depois da morte de uma pessoa amada quando pensamos nela: é uma
dor com a qual se aprende a viver, mas que nunca deixa de existir. Acredito que
o episódio fez um belíssimo trabalho ao mostrar o Hao Ting tentando seguir em frente, se preparando para entrar em uma nova
fase de sua vida agora que ele está indo embora do país, e é muito bonito ver
que ele tem pessoas que o amam e que o apoiam ao seu redor, como o Bo Xiang…
pessoas sem as quais todo o sofrimento pelo qual ele foi obrigado a passar
seria mais insuportável. Triste, mas honesto e belo. Uma belíssima temporada!
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