My Stand-In – Episode 3: Married Life
“Por que você não me escolheu?”
E se eu
disser que eu detesto mais o Tong do que o Ming? Não vou justificar as ações do
Ming, de maneira alguma, porque eu acho que ele está fazendo muita coisa errada
e ver o coraçãozinho do meu Joe se partindo no fim desse episódio foi difícil
de se assistir, mas eu ainda vejo, em Ming, que suas ações têm motivação em sua
própria frustração e infelicidade, o que o torna humano e, consequentemente,
passível de falhas: ele está usando o Joe
e brincando com ele para esquecer seu próprio sofrimento. No caso de Tong,
por outro lado, eu só vejo uma pessoa arrogante e egocêntrica que se sente bem
“tendo o controle da situação”, e esse terceiro episódio de “My Stand-In” me fez perceber isso de
maneira mais clara do que nunca… tudo é bem complexo aqui.
Então, eu volto
a dizer o que eu sinto que eu disse antes em alguma review: “My Stand-In” não
é para qualquer um. NÃO ADIANTA chegar à série esperando personagens perfeitos
e relacionamentos saudáveis, e esse é um dos motivos de eu estar gostando tanto
da série: ela não fica presa à tentativa de “perfeição”, e tem personagens
falhos que podem (e devem) gerar histórias complexas à frente… uma coisa é
certa: é impossível assistir a “My
Stand-In” e passar pela série indiferente… é exatamente o tipo de série que
gera discussão, debate, o nascimento de “jurídicos” no Twitter, e, por isso
mesmo, é o tipo de série que faz barulho
– e olha que ainda estamos bem no
comecinho dela, e esse episódio deve ser o primeiro ponto de virada da
história…
Ming e Joe
estão dividindo uma casa há pouco tempo… mas o Joe não poderia estar mais contente com isso. É muito triste
que, em toda a sua felicidade e na sua ilusão de que “está vivendo um sonho”,
Joe não consiga perceber os sinais que estão à sua frente – Ming não é
exatamente o “namorado ideal” que, na sua cabeça, Joe imagina que ele é. Toda
aquela sequência na qual Joe o leva para comprar coisas novas para a casa é curiosa por a observamos de dois pontos
de vistas diferentes: de um lado, temos o Joe todo felizinho, cheio de planos
para o futuro, realmente vivendo o seu sonho, e em parte queríamos estar
felizes por ele; de outro, observamos como espectador as reações frias e
distantes de Ming que não correspondem
às expectativas de Joe.
Joe não
percebe isso… não por enquanto. O seu “eu” do futuro gostaria de ter percebido
antes e, assim, ter se poupado do sofrimento que estava por vir, mas ele não
pôde. Ele fechou os olhos para os sinais enquanto se iludia com bons momentos
que ele inegavelmente tem com Ming, como quando eles se sentam para comer
camarões de água doce e Ming os descasca para ele ou pequenos momentos assim.
Na verdade, se Ming não estivesse tão
obcecado por Tong, ele teria percebido a pessoa incrível que ele tem ao seu
lado e a oportunidade que ele está perdendo: é difícil defender o Ming por
ainda querer qualquer coisa com o Tong quando ele tem O JOE na sua frente,
apaixonado por ele, sabe? E até sua irmã percebeu o que ele não foi capaz de
notar…
Que ele está mais feliz quando está com Joe.
Tong, por
sua vez, é inteiramente desprezível, em todo e qualquer momento – naqueles que
entendemos por completo e naqueles que ainda não entendemos direito.
Profissionalmente, Tong é irresponsável e movido pelo seu ego, e é asqueroso
como ele se sente superior a todo mundo. E quando ele se recusa a gravar mais
uma cena do seu novo filme, “porque ele tem um evento ao qual comparecer”, Joe
é colocado para atuar no seu lugar, já que é seu “dublê”, e quando ele chama um pouco de atenção por causa de seu
talento, Tong se volta contra ele como se ele estivesse tentando roubar o seu
lugar – sem assumir a responsabilidade de que ele não quis estar ali para gravar a cena! E, depois, ele acusa Joe
de “estar pegando o caminho mais curto para a fama”, dormindo com Ming.
Sério.
E Tong
também sabe do domínio que ele exerce
sobre Ming… e se aproveita disso. Em uma das sequências mais revoltantes do
episódio, Ming deixa Joe sozinho para poder conversar com Tong, e depois age
todo ciumento e possessivo sobre Joe quando o vê conversando com Sol, e os
beijos que acontecem naquele banheiro não têm nada de romance – Ming está
descontando sua frustração beijando outro homem, e está agindo como se Joe
fosse “seu”, sendo que nem mesmo valor ele dá a ele. E, logo depois, o próprio
Tong aparece no banheiro e os encontra se beijando, e chama Ming com uma voz
autoritária que não é questionada em nenhum momento… Tong sabe o quanto ele tem Ming na palma de sua mão; e Ming age
exatamente como ele espera.
Ele o segue fielmente.
No meio
disso tudo, é claro, está o Joe. Usado por um, acusado de ser um aproveitador
por outro… e ele só queria a liberdade de se sentir bem, de se sentir feliz, de
celebrar o Natal com o homem que ele ama e para quem ele comprou um presente.
Não acho que o Ming reaja da melhor maneira possível ao presente de Joe (que,
inclusive, comprou um relógio muito bonito para ele, tá?), mas ele estava quase
conseguindo “se salvar”, até que o Tong aparece e impõe que eles comam todos
juntos, depois tentando arrancar de Joe e de Ming alguma confissão do que eles
estavam fazendo juntos no dia de Natal… felizmente, Joe é resgatado por Sol,
que aparece no momento mais indicado, mas isso não quer dizer que tudo não
tenha sido um desconforto imenso!
Depois de
Joe ir embora sozinho e de Tong sair para atender uma ligação, Ming ouve da
irmã que “ele parece feliz quando está com Joe” e que “ele deveria ir embora
para celebrar o Natal com ele”, e o Ming está mesmo disposto a fazer isso: ele vai deixar aquele jantar para
poder ir atrás do Joe e lhe entregar o presente que ele comprara… parece quase
uma atitude decente de Ming, se você
me perguntar. E é o Tong quem estraga tudo, o parando no meio do caminho e
mostrando para ele o anel que ele pretende dar à namorada agora, para pedi-la
em casamento. E, então, todo o mundo de Ming desmorona. E eu vou dizer algo com
o que nem todo mundo vai concordar: é possível sentir raiva de Ming e
condená-lo por suas ações e, ainda assim, ficar
com pena dele naquele momento.
O erro de
Ming (e é um erro grave!) é usar o Joe como um “substituto” de Tong, mas o que
ele sente por Tong é real… ele nutriu essa paixão por ele em forma de admiração
desde antes de conhecê-lo; ele viu Tong namorar a sua irmã e fugiu para estudar
no exterior para não ter que ver isso; e agora ele voltou e Tong vai pedi-la em
casamento. Ele errou ao usar o Joe e ao brincar com os sentimentos dele, mas
sofrer por Tong não foi um erro, e nos minutos em que ele caminha para fora
daquele restaurante, debulhando-se em lágrimas e se lembrando de toda a sua
“história” com Tong, eu não consegui odiá-lo. Por alguns minutos, eu realmente
me coloquei no lugar dele e senti o peso daquelas lágrimas, daquela desilusão,
do sofrimento que tomou conta dele…
Mas “My Stand-In” quer nos lembrar que ele
também nos faz passar raiva.
A cena final
é emblemática, e ela vai de um extremo a outro muito rapidamente. Desiludido,
Ming chega bêbado em casa, ainda carregando o presente que comprara para Joe… e
é lindo quando Joe abre e vê o que é: as canecas de casal das quais ele
gostara, com os nomes deles gravados. Toda a felicidade que toma conta de Joe
só dura alguns segundos, no entanto, até que Ming se levante, bêbado, o abrace
e o chame de “Tong”, perguntando “por que ele não o escolheu”. E, então, Joe
entende tudo… entende por que ele o
escolheu, ou por que ele só faz sexo
com ele de costas… ele entende por que ele foi chamado de “apenas um dublê”. O
mundo de Joe desmorona ao perceber que, para Ming, ele é apenas o dublê da vida
real do homem de quem ele verdadeiramente gosta.
Que dor.
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