Young Sheldon 7x13 – Funeral

“I loved my father. I will miss him forever”

Quando uma obra é boa de verdade, ela faz com que sintamos coisas ao lado dos seus personagens. “Young Sheldon” é uma dessas séries. Durante tantos anos, nós a acompanhamos talvez sem perceber o quanto ela crescia em nossos corações, e eu me dei conta há não muito tempo que ela é uma das minhas séries favorita atualmente“Funeral” é, como já sabíamos que seria, intenso. Intenso. Triste. Arrebatador. Não sei há quanto tempo eu não chorava dessa maneira assistindo a uma série ou a um filme. O penúltimo episódio de “Young Sheldon” é uma das coisas mais lindas que eu já assisti na vida, e ele só é lindo dessa maneira porque, ao longo de sete temporadas, a série fez com que amássemos e nos importássemos com cada um de seus personagens.

Se despedir de um deles, agora, é doloroso.

O episódio anterior encerrou com a notícia de que George Cooper tinha tido um ataque cardíaco e não sobrevivera. Foi uma cena, um momento rápido no qual víamos a notícia assentar em cada um dos personagens, e passamos uma semana toda pensando nisso. Eu sabia que esse episódio seria o mais triste de toda a série – mas ele não é apenas “o mais triste”. Ele também é o episódio mais lindo, emocionante e sincero de “Young Sheldon”. Mostra de maneira tão direta e tão competente como diferentes pessoas lidam com o luto, além de ser respeitoso ao legado de George Cooper e uma bela homenagem e despedida ao personagem. Também nunca imaginei que seria tão forte acompanhar o Sheldon lidando (ou tentando lidar) com a morte do pai. Chorei mais do que eu jamais poderia imaginar.

Acho que “Young Sheldon” se saiu incrivelmente bem permitindo que todos os personagens sofram por George, cada um à sua maneira, mas conseguindo centrar-se em Sheldon, que é o protagonista – e Sheldon acaba sendo muito mais realista do que eu jamais esperaria. Nós vemos Mary recorrer à religião, enquanto tenta escrever algo para dizer no funeral e lidar com a sensação estranha de que está “brava” com George porque ele a deixou; vemos Georgie assumir a responsabilidade de cuidar de toda a burocracia da qual precisa ser cuidada; vemos a Missy explodir de raiva com a injustiça dessa morte, descontando em quem aparecer na sua frente. E cada uma dessas reações é exatamente o que se espera desses personagens que conhecemos tão bem.

Sheldon, por sua vez, era talvez uma incógnita… e o roteiro mostra conhecê-lo, e então explora isso de maneira lindíssima. No episódio anterior, ao receber a notícia, Sheldon caiu em silêncio sentado na poltrona… é assim que o vemos quase que durante o episódio inteiro aqui. Sheldon se fecha em seus próprios pensamentos, se recusa a conversar com as pessoas e não consegue chorar. Tudo o que ele consegue fazer é reviver o último momento que teve com o pai, quando ele estava saindo para o trabalho na outra manhã, se despediu de todos e ele deixou que o pai fosse sem que ele dissesse nada. Sem que ele dissesse um “tchau” que fosse. E, agora, ele “retorna” a esse momento repetidas vezes, pensando em tudo que ele poderia ter dito e/ou feito.

Temos cenas lindas do Sheldon com o pai ali… cenas que nunca aconteceram de fato, mas que são significativas porque são coisas que o Sheldon gostaria de ter dito – e nós sabemos que, se as tivesse dito, George responderia daquela maneira… quer dizer, talvez não na vez de “Star Trek”, mas nas outras sim. Sheldon imagina como teria sido dizer ao pai as palavras que o Capitão Kirk disse a Spock antes de sua morte; ou como teria sido dizer “tchau” ao pai e nada mais; como teria sido dizer “Eu te amo”, porque ele o amava, mesmo que não dissesse isso com frequência; como teria sido perguntar ao pai se podia ir com ele. As cenas são lindas, mas é tão triste e tão doloroso ver isso consumir o Sheldon, vê-lo estático, vivendo isso na sua própria mente…

E não externando nada disso.

O funeral em si é outro momento arrebatador do episódio. A despedida individual de cada um é linda: Missy agradecendo ao pai por tudo, enquanto relembra um momento antigo com ele; Mary dizendo um “até logo”; Georgie pedindo que ele não se preocupe, porque ele tem tudo sob controle ali. Depois, os discursos… o discurso de Mary não sai nada como ela planejou, e é justamente isso o que torna o momento tão real e tão forte: acho que é só ali, naquele púlpito, quando deixa para trás as palavras que escrevera, que Mary se permite ser vulnerável e chorar de verdade. Connie faz um discurso belíssimo, uma despedida a George que tem tudo a ver com ambos os personagens e a relação deles. Tudo contribui para que aquele seja um momento perfeito.

A última cena, por fim, me arrancou toda uma nova leva de lágrimas, embora eu já estivesse chorando há tanto tempo sem parar… vemos Sheldon se levantar para dizer sobre o que tem pensado, para falar sobre como ele mal percebeu que ele tinha saído naquele dia, como tantas vezes “mal o percebia”, mas ele espera que o pai saiba que ele o amava. Infelizmente, Sheldon não subiu realmente naquele púlpito naquele momento, ele não disse nenhuma daquelas palavras, assim como não olhou para o pai antes de o caixão ser fechado, assim como não chorou e tentou escapar da dor… isso é algo que pesa e machuca demais quando é guardado dentro de si como Sheldon guardou. Agora, adulto, na idade que George tinha, ele entende tanta coisa que não entendia antes…

E diz que amava o pai. E sentirá sua falta para sempre.

QUE EPISÓDIO!

 

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