A reta final de “Cúmplices de um Resgate”: Parte 1

Nos capítulos que antecedem o último capítulo de “Cúmplices de um Resgate” (que fica dedicado ao encerramento de poucas tramas e o show final da banda “corrigida e aumentada”, como eles dizem), várias tramas são encerradas e já começamos a nos despedir desses personagens e dessas histórias mais uma vez. Vemos, por exemplo, o último golpe de Regina (ou Tânia), vemos a reconciliação linda de Joaquim e Mariana durante um show, vemos o Vicente ser solto depois de passar tanto tempo preso injustamente, vemos os novos Cúmplices de um Resgate se juntarem, vemos um casamento importante acontecer, vemos os vilões começarem a pagar pelos crimes que eles cometeram durante a novela, vemos algumas pessoas se “regenerando”…

 

A casa de Silvana

Um dos principais golpes de Tânia/Regina vem quando ela consegue roubar a casa de Silvana – e eu confesso que eu tenho um pouco de dificuldade de “sentir pena” de Silvana nessa situação, porque ela confiou cegamente em Tânia, assinou documentos sem os ler antes, e obrigou a Marina a fazer o mesmo… ela simplesmente entregou as coisas para Tânia, sendo que podia ter evitado todo esse transtorno de maneira muito simples e pensando o mínimo, que era lendo o que estava assinando. Então, Regina volta para a casa que considera sua, enquanto Silvana e os demais que estavam morando na mansão precisam encontrar depressa um lugar barato no qual morar, e eles acabam indo para uma espécie de cortiço, o que deixa Silvana envergonhada e revoltada.

 

A estreia de Priscila

Tendo dificuldades para aceitar a mãe desde que descobrira que fora negada por ela (embora a Nora esteja fazendo de tudo para ser uma boa mãe para ela), Priscila se aproxima de Tânia sem saber que ela é sua tia Regina. Por algum motivo, Tânia realmente acredita gostar de Priscila, daquele seu jeito perigoso, por isso ela resolve a ajudar e dar a ela a chance que ela sempre quis de ser solista. Então, embora tivesse prometido isso para Silvana, Tânia passa umas músicas para que Priscila estude e na próxima apresentação, de surpresa, ela coloca Priscila sozinha no palco para cantar – Silvana fica em choque e muito brava, é claro, mas o que mais me surpreendeu foi o fato de que a música que Priscila usou para “estrear como solista” é uma música que Mariana cantava desde o início da novela.

Não era para ser uma música nova?

Ao menos isso tudo serve a algum propósito… Silvana está muito mal, sentindo-se mais do que frustrada, roubada de uma grande oportunidade que fora prometida a ela, e essa é a prova de que Tânia não presta, como vários estavam desconfiando há algum tempo já. Abalada, Silvana quase se recusa a cantar naquele dia, mas Joaquim e André a incentivam a subir ao palco, porque o público não tem culpa, e é verdade. Na apresentação dos Cúmplices de um Resgate, sem Priscila que se apresentou sozinha e sem Ramón, que está no hospital para fazer uma cirurgia, Martín se voluntaria para cantar com os amigos – supostamente para ajudar nos teclados, já que os dois tecladistas estão ausentes, mas na verdade todos eles abandonam os instrumentos e só cantam e dançam.

E a música segue normalmente, vai entender. Sem instrumento nenhum.

 

A loucura de Regina

Confiando em Tânia, Priscila está fadada a sofrer nas garras de Regina, que não segue escondendo sua identidade da sobrinha – que, por sua vez, está apavorada com o comportamento assustador da tia. Regina está em surto, com gritos desvairados, risadas macabras e sem dizer coisa com coisa, e Priscila está presa na casa com ela, sem ter como pedir ajuda de ninguém… eu sei que deveria estar sentindo pena da Priscila, mas eu realmente não consigo, não depois de tudo o que vimos durante a novela, mesmo que, em parte, Priscila seja uma vítima de várias coisas também. Mas a versão mexicana de “Cúmplices de um Resgate” não consegue fazer com que tenhamos empatia por essa Priscila, e sabemos que aquilo é consequência de seus atos e decisões.

Foi ela que afastou todos que podiam amá-la de verdade, como a mãe, agora dedicada, e os cúmplices… em silêncio (uma novidade para Priscila, que passou 90% de suas cenas na novela gritando de maneira irritante), Priscila chora desesperada e, sussurrando, ela chama pela mãe – talvez com um pouco de atraso. A cena é interessante especialmente por trazer a Regina no ápice de seu descontrole e com uma risada diabólica e descontrolada, dizendo para Priscila que a ama porque “ela é igualzinha a ela”. Priscila vai ter a ajuda, eventualmente, de Nora e dos cúmplices, a quem nunca deu valor, que seguem Tânia em busca de Priscila e acabam invadindo a casa e a encontrando lá. E eles também trazem a polícia, que leva Regina presa, enquanto outro grupo pega Geraldo no aeroporto.

Destaco alguns momentos aqui, como o momento em que Regina e Tânia brigam (a atuação maravilhosa!), e o momento em que Priscila abraça Silvana para dizer que “agora sabe que elas são amigas”, o que eu acredito que foi idealizado como um momento emocionante, uma grande redenção para a personagem ou qualquer coisa assim, mas infelizmente, para mim só ficou parecendo algo extremamente forçado – faltou a emoção que era devida, ou faltou nos importarmos o suficiente com Priscila. Mas essa regeneração nessa fase é típico dessa reta final de novelas infantis… mas sério, Priscila teve várias oportunidades durante a novela inteira de perceber que os cúmplices podiam ser seus amigos de verdade, mas ela nunca lhes deu essa abertura.

 

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Comentários

  1. A Priscila da versão brasileira foi tão maldosa quanto a da versão mexicana... e de alguma forma ainda, conseguiram nos fazer ter uma simpatia e empatia maior por ela do que a da mexicana. Não sei, derrepente foi melhor escrita, apesar de alguns deslizes do roteiro. Ou a atriz teve uma atuação melhor ou mais convincente.

    Sinceramente, penso a mesma coisa do Jorge do Carrossel. Passou a novela inteira sendo um bandidinho e deixou passar várias oportunidades de ser amigo da turma e fazendo de TUDO para ser inimigo deles... para no finalzinho começar a ter uma redençãozinha aos poucos, que não durou e nem se estendeu como devia, nem teve um final de fato. Pelo menos para mim não me convenceu nem um pouco.

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    1. Eu acho que um pouco é de época, também... a Priscila mexicana era bem exagerada, gritava demais e o tempo todo, bem caricaturada mesmo. A Priscila brasileira acabou ficando bem mais humana, por isso conseguimos sentir mais por ela. Eu acho que a versão brasileira acertou demais no desenvolvimento de vários personagens, a Priscila sendo um deles! Uma personagem complexa, na verdade.

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    2. A Silvana era muito exagerada também, gritava muito, fazia grandes escandalos, mini shows e tudo. Isabela era mais ''eu falo o que penso, goste de mim ou não''. Ela não era tanto de gritar constantemente, só de debochar e espetar mesmo.

      Áliais, a Regina da versão brasileira também conseguiu ser uma vilã de peso sem precisar gritar e escandalizar o tempo todo, como a original... As atitudes dela e aquele olhar dela já deixavam por si só bem claro que ela era um monstro.

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    3. Sim, concordo com tudo, mas eu realmente atribuo a maior parte disso à direção da época, porque anos 1990 e começo dos anos 2000, se você pegar novelas mexicanas, elas tinham esse tom mesmo... vilãs eram quase sempre bem exageradas, caricaturadas. Acho que a produção brasileira tentou outra abordagem mais "realista" que funcionou muito.

      Quanto à Isabela, acho que a Larissa Manoela ARRASOU! Em parte , acredito que teve coisa da Maria Joaquina que ela pôde "reaproveitar", ela soube se sair muito, muito bem no papel! Isabela foi o destaque de "Cúmplices" brasileiro.

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