Dark Matter (Matéria Escura) 1x06 – Superposition

Um grão de areia.

É maravilhosa a maneira como “Dark Matter” explora o tema de universos paralelos e a infinidade de possibilidades que significa que encontrar um mundo em específico no meio de todos possíveis é como encontrar um grão de areia no deserto… a jornada de Jason1 e Amanda segue adiante, com as ampolas diminuindo em quantidade depressa, e pode ser ainda mais difícil se deparar com mundos que são tão próximos ao seu, mas que ainda não são o seu, do que com os mundos absurdamente diferentes que eles encontraram antes; Jason2, por sua vez, está tentando lidar com o fato de que a vida que ele roubou de Jason1 não é exatamente como ele esperava que fosse, as coisas não vão bem e uma parte dele chega a pensar em “ir embora dali”.

Mas ele fez tanto para estar ali.

Um diálogo entre Jason e Amanda é um dos mais importantes do episódio, na minha opinião, quando eles estão conversando sobre o que faz você ser o que é e sobre personalidade. Amanda fala sobre como muitas vezes pensamos que a personalidade é algo fixo que nunca muda, mas ela também é determinada pelas experiências e decisões que tomamos – e é isso o que difere o Jason1 do Jason2. Em algum momento, eles foram, sim, a mesma pessoa, mas esses 15 anos que os separam os transformaram em duas pessoas diferentes… e são diferenças pequenas ou grandes que os tornam cada um uma pessoa. Jason2 é muito mais controlador, muito menos empático, capaz de fazer qualquer coisa. Jason1, por sua vez, ainda tem o coração no lugar certo…

Daniela tem notado “diferenças” em Jason, sem saber que está com outra versão do multiverso de seu marido. São coisas grandes como o fato de ele tomar decisões sem consultá-la antes, ou não ter estado presente no aniversário do filho que eles perderam, ou dar sorvete com nozes para Charlie e mandá-lo para o hospital, porque ele não sabe que Charlie é alérgico… mas deveria saber; saberia, se ele fosse mesmo o Jason Dessen pai de Charlie. Mas também são coisas pequenas, que tem incomodado Daniela, como o fato de ele estar se vestindo diferente ou estar passando fio dental todo dia – coisas que parecem inofensivas, mas que, quando se acumulam, lhe passam a sensação de que ela não conhece mais o marido com quem está casada há 15 anos.

O desenvolvimento dessa trama no episódio é muito bom, e Daniela resolve tentar averiguar o que está acontecendo – tentar entender as marcas que encontrou no braço de Jason, por exemplo, ou o fato de que ele sai quase toda noite. E é assim que Daniela se depara com um depósito que ele mantém escondido, e uma ampola da possível droga com a qual ele está se injetando… e, sem saber, Daniela acaba condenando Ryan a um destino possivelmente terrível; ou pelo menos muito incerto. Ryan confronta Jason2 sobre a droga que Daniela encontrou, que se parece com algo que ele está desenvolvendo, e então Jason2 conta toda a verdade para ele, o levando para a Caixa para mostrar o Corredor e explicar a superposição… e, então, ele o deixa em outro mundo.

Jason1 e Amanda, por sua vez, são os protagonistas de “Dark Matter”, e é DELICIOSO acompanhar a dinâmica deles, enquanto eles buscam o mundo de Jason, aparentemente chegando cada vez mais perto, mas sempre acabando em um mundo que não é o que o Jason procura… Amanda, por sua vez, nem sabe o que está buscando. E não se sentindo prontos para retornar para a Caixa e querendo “dormir em um lugar decente naquela noite”, Amanda e Jason1 saem para jantar em um restaurante em uma das cenas mais curiosas do episódio, na qual eles acabam conversando, dançando, e se divertindo dentro do que é possível… e, naquela noite, eles dormem em um quarto de hotel e apresentam uma química absurda, mas Jason pede que Amanda vá para a outra cama.

Afinal de contas, ele está em busca de sua Daniela.

No outro dia, Amanda diz que “precisa de um tempo para ela”, e os dois se separam em um mundo desconhecido, explorando o que puderem daquele lugar… e é algo tão melancólico. Jason encontra uma versão de Daniela que seguiu sua carreira de artista e está expondo pinturas em uma galeria, e é profundamente doloroso sentir que, de alguma maneira, ele está tão perto da Daniela, mas aquela não é a sua Daniela, aquele não é o seu mundo, aquela não é a sua vida. Amanda, por sua vez, encontra uma outra versão de si mesma: uma versão casada, com um filho, aparentemente feliz… e eu acho que a situação dela é ainda mais complicada, porque ela não sabe o que está buscando. Ela não pode voltar para o seu próprio mundo, para dizer a verdade.

E, no mundo de Jason1, já existe uma Amanda.

Inclusive, uma Amanda terapeuta que Jason2 procura para conversar.

Aos poucos, as ampolas vão diminuindo de quantidade… e Jason1 e Amanda terão que tomar uma decisão sobre o que vão fazer. Adoro a intensidade dos personagens quando Jason1 fala sobre ter passado o dia assistindo a uma outra versão dele casado com uma outra versão de Daniela e sobre “cada vez entender mais o que o outro Jason fizera ao roubar a sua vida”, e quando Amanda diz que eles estão ficando sem opções e eles vão ter que “tentar algo diferente”. Não sabemos, no entanto, o que isso significa… não sabemos se Jason e Amanda podem encontrar o mundo que buscam no meio de infinitas possibilidades e, mesmo que o façam, como eles sairão de dentro da caixa de Jason2 acabou de fazer o que dissera que faria e selou aquele mundo?

Quais são as chances de as coisas darem certo para Jason1 agora?!

 

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