De Volta Para o Futuro: Aventuras nunca vistas e linhas do tempo alternativas (Parte Final)

“Eu preciso disso, Emmett. Preciso ver o futuro!”

A quinta edição da HQ de “De Volta Para o Futuro”, que encerra o Volume 1, “Aventuras nunca vistas e linhas do tempo alternativas”, quebra o padrão utilizado até ali, com as edições contendo duas histórias: uma de 14 páginas e outra de apenas 6. “A história de Clara” é um conto único de 20 páginas na última edição que ainda apresenta “histórias independentes”, já que a narrativa em arcos se iniciará a partir da Edição #6 – e eu gosto de ir lendo a HQ e ir percebendo como isso é um processo interessante… é muito bacana usar as HQs para nos levar de volta ao universo dos filmes e nos trazer pequenos detalhes que não foram mostrados em tela, mas aos poucos vai se percebendo que a HQ também pode ser uma maneira de contar novas histórias.

“A história de Clara” começa em 12 de junho de 1893, quando a máquina do tempo construída pelo Doc Brown em um trem fica pronta… ou ele acha que fica. Com o seu invento quase completo, o Doctor fica receoso de dizer à Clara, porque não sabe como será, para ela, viajar no tempo – afinal de contas, aquela é a única época que ela de fato conhece, embora tenha ouvido muitas histórias a respeito do futuro. O que ele não sabe é que Clara está mais empolgada do que ele jamais poderia imaginar, e que seu sonho é poder sair dali e conhecer outras épocas! Como o título sugere, Clara assume a narrativa e conta um pouco da sua própria vida, desde o seu nascimento em 1855, em Nova Jersey, até a inesperada chegada do Doc Brown a Hill Valley, em 1885.

Na verdade, a edição não traz necessariamente muita informação que não conhecêssemos a respeito de Clara Clayton, mas é legal tê-la em destaque e entender mais sobre como ela QUER ser uma viajante no tempo, e não é apenas uma mulher que aceitou essa “aventura” por causa do marido. Vemos um pouco da sua infância, vemos o seu fascínio pelas estrelas, vemos a sua paixão pelos romances de Júlio Verne e como ela sempre esperava ansiosamente pela chegada do próximo, e vemos o motivo pelo qual ela se tornou professora… até o momento em que a chegada de Doc Brown em Hill Valley mudou sua vida para sempre – porque ela tinha finalmente conhecido alguém que realmente a entendia! Quer dizer, depois que ela acreditou no que ele tinha para contar, é claro.

Gosto de como a edição tem dois lados muito distintos. Se temos a história de Clara, voltada ao passado, também temos a história do Doc Brown, voltada para o futuro, e ele compartilha com Clara a sua viagem a 2015 e a maneira como arrogantemente quis mudar o futuro e salvar o filho do seu melhor amigo, mas isso colocou em perigo o seu próprio presente… e, bem, todo o universo, quando um paradoxo foi criado com a viagem de Biff Tannen e a criação do 1985-Alternativo. A narração de Doc Brown nos leva a eventos já conhecidos de “De Volta Para o Futuro II”, mas também a coisas que não chegamos a ver, como uma visita do Doc Brown ao Doc Brown daquela realidade alternativa, o que tinha sido internado à força e tinha sofrido uma lobotomia.

É bastante forte e triste, por sinal.

Uma das coisas de que mais gostei em “A história de Clara” é como podemos “revisitar” alguns momentos dos três filmes de “De Volta Para o Futuro”, e como cenas icônicas são recriadas através da arte belíssima de Marcelo Ferreira, que se fixaria como o artista das edições seguintes. Com a narração de Clara, vemos a partida de Marty McFly em 1855, com o DeLorean sendo empurrado pelo trem, e o Doc resgatando a Clara com o hoverboard, por exemplo, enquanto a narração do Doc nos leva de volta ao início de “De Volta Para o Futuro II”, quando o Doc buscou Marty e Jennifer para ajudarem o seu filho no futuro, ou aquela perseguição eletrizante entre Marty e Biff no túnel, quando Marty McFly consegue pegar o Almanaque de Esportes de volta.

É bastante curioso como ambas as histórias, colocadas lado a lado, mostram uma divergência entre Clara e o Doc: de um lado, temos Clara, que anseia mais que tudo por conhecer novas épocas e viver aventuras em uma máquina do tempo; de outro, temos o Doc, que depois de tudo o que viveu e o risco que correu ao mexer com a história, acredita que sua vida no século XIX é uma “segunda chance”, e ele gosta da tranquilidade que encontrou ali. No fim, no entanto, ele abraça o sonho de Clara e, também, de Júlio e Verne, que também ainda existe dentro de si mesmo… afinal de contas, ele é um cientista e um explorador, não é? A máquina do tempo ainda não está pronta no dia 12 de junho de 1893, mas isso não quer dizer que Doc Brown não tenha outras ideias.

Em breve, as aventuras no trem do tempo começam!

 

Para mais reviews de HQs de “De Volta Para o Futuro”, clique aqui.

 

Comentários