Glee 1x04 – Preggers
“Thanks for
telling me, Kurt”
Esse é um
daqueles episódios que mostram a força de “Glee”.
Eu sou um homem gay adulto, com mais de 30 anos, namorando há 10 e toda a cena
do Kurt contando ao pai que é gay AINDA ME FAZ CHORAR COPIOSAMENTE. Comecei a
chorar na sequência de dança no jogo de futebol americano e não parei até
depois do abraço de Kurt e do pai, porque a história, a emoção e a
identificação ainda me atingem tão forte quanto me atingiram há 15 anos, quando
eu assisti a esse episódio pela primeira vez… é por cenas como essa e episódios
como esse que eu digo que “Glee” foi
e ainda é MUITO IMPORTANTE na minha vida e na de tantos jovens como eu, porque
a série veio em um momento no qual eu estava me entendendo e me aceitando como
um homem gay.
Exibido
originalmente em 23 de setembro de 2009, “Preggers”
é o quarto episódio da primeira temporada de “Glee”, e traz tantas coisas icônicas – o suficiente para marcá-lo
como um dos melhores episódios da temporada! Além de toda a trama de Kurt, que
começa quando o pai o encontra ensaiando “Single
Ladies” com Britt e Tina e eles inventam que “o Kurt está no time de
futebol americano”, esse episódio também traz outros momentos importantes, como
o início da principal história de Quinn Fabray na temporada, o Mr. Schuester
tentando ensinar uma lição a Rachel Berry e estimular a confiança dos demais
membros do New Directions e uma estreia de Sue Sylvester na televisão, com um
segmento só seu em um jornal local, no qual ela pode “dizer o que pensa”.
Com Sue
Sylvester sendo alçada à fama, ela rende momentos divertidos na sala dos
professores e dizendo absurdos na TV, e ela também resolve fazer de tudo para derrubar o glee
club de Will: afinal de contas, ela pode estar perdendo algumas de suas
melhores líderes de torcida para o New Directions e, se ela não ganhar as
Nacionais com as Cheerios, a sua carreira corre perigo… e ela sabe exatamente o que ela precisa fazer, e
traz o Sandy de volta à escola (chantageando o Diretor Figgins para isso) e o
coloca à cargo do Departamento de Artes com um objetivo claro: eles precisam “roubar” a melhor voz que Will
Schuester tem no glee club. E tirar a Rachel do New Directions não parece a coisa mais difícil do mundo com tudo o
que vem acontecendo ultimamente.
Rachel tem
um problema seriíssimo de ego. Ela pode até ser considerada a melhor cantora do New Directions, mas
ela saber disso e dizer isso aos
quatro ventos é um tanto problemático; em paralelo, o Will pode ainda estar
tentando “descontar” as críticas que ela fizera antes e tudo o mais, mas ele
também está certo em motivar os demais membros do grupo e fazer com que todos se
sintam talentosos e essenciais… só assim eles vencerão as Regionais! E, nessa
tentativa, o Mr. Schue dá a Tina um solo de Maria em “West Side Story”: “Tonight”.
E Rachel não fica nada feliz com isso.
Rachel é meio intragável, e a Tina ARRASA cantando “Tonight” (!), e eu amo o fato de o Will tentar falar com a Rachel,
mas ele permanecer em sua decisão até o final… ele não podia ceder.
Com o ego
ferido, Rachel deixa o New Directions.
(“Taking Chances” é linda!)
Quinn, por
sua vez, está vendo a sua vida virar de
ponta-cabeça porque ela descobriu que está grávida… e ela está dizendo para
o Finn que o filho é dele, embora eles
nunca tenham transado – Finn é burro o suficiente para acreditar que ela
teria engravidado por causa de uma vez que ele ejaculou durante uns beijos que
eles deram na hidromassagem, mas Puck é o verdadeiro pai da criança que ela
está esperando… nesse episódio, vemos uma Quinn desesperada, sem saber o que
fazer do futuro, mas de uma coisa ela sabe: ela não quer assumir nada com Puck,
e ela não pretende tirar o bebê. A inesperada “solução” para Quinn pode ser a esposa de Will, que está simulando uma
gravidez que não existe e que “precisa encontrar um bebê” para manter a
mentira.
Toda a
reação de Finn também é uma grande parte do episódio, e entrega um dos meus
momentos favoritos do personagem nesse início de série, quando ele aparece
afetado no auditório, o Mr. Schue pergunta o que está acontecendo e, sem dizer
nada, Finn vai até ele, o abraça e desaba em lágrimas… AQUILO É TÃO FORTE, TÃO
SIGNIFICATIVO! A maneira como o Finn confia em Will, como ele se sente seguro
para contar toda a história para ele, para mostrar as suas inseguranças, para
falar sobre o medo que ele tem do que será o seu futuro, porque ele viu o que
virou a vida de outras pessoas que tiveram filhos na adolescência, e ele quer
ir para a faculdade… e, para ir para a faculdade, ele depende de uma bolsa de
estudos por futebol americano.
E é aí que a
história de Finn se encontra com a de Kurt. Depois de o Kurt deixar o pai
acreditar que ele está no time de futebol americano e o pai querer ir
assisti-lo no próximo jogo, Kurt precisa da ajuda de Finn para entrar mesmo no time… como kicker.
E EU ADORO O FATO DE O KURT SE SAIR TÃO BEM! Kurt o faz à sua maneira, ao som
de “Single Ladies”, mas ele é
justamente a estrela de quem o time precisava! E, eventualmente, Finn percebe
que talvez todo o time também precise
dançar como o Kurt. Ele faz pesquisas (!), ele conversa com o Will, ele
ajuda a convencer o treinador, e todo o time de futebol americano acaba
ensaiando ao som de “Single Ladies”
(primeira cena de dança do nosso Mike!), e é isso que faz toda a diferença para
a sua vitória.
Graças ao
Kurt.
Mas, para
mim, é o que vem depois do jogo que é
a grande força do episódio. É aquela cena tão intensa de Kurt com o pai, uma
cena que eu acredito que atinge diferente
pessoas que já estiveram no lugar de Kurt Hummel. A cena desperta algo tão
íntimo, tão sincero e tão cru em mim que eu mal consigo processá-la racionalmente… as lágrimas vêm
naturalmente, e eu me torno parte de tudo aquilo – porque eu entendo o Kurt. A coragem e a força necessárias para
dizer em voz alta para o pai que é gay,
e como isso parece tirar um peso de suas costas e como a sua vida muda para sempre depois disso… é algo que quem não
esteve nessa posição jamais entenderá por completo. E o pai dizendo que “já
sabia”, que “o ama” e o abraçando. Aquilo
é de arrepiar.
Chorei como
da primeira vez. Tocou profundamente. Eu AMO essa série.
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