Justiça 2 – Carolina Teixeira: Primeiro Capítulo

O inferno de Carolina.

Como é angustiante de se assistir à história de Carolina Teixeira, a segunda protagonista de “Justiça 2”. E é curiosa a maneira como esse segundo capítulo causa sensações diferentes do primeiro… se no primeiro capítulo foi revoltante assistir à prisão de Balthazar porque ele era inocente e foi um caso claro de racismo, nesse capítulo ficamos ansiando pela prisão de Jayme Teixeira – dessa vez, revoltados porque sabemos que sete anos se passarão e ele estará solto novamente. Com texto e atuações fortes, temos mais um capítulo marcante escrito por Manuela Dias, e eu estou bem intrigado com a maneira como a trama será conduzida daqui em diante, porque eu não sei bem para onde ela vai, e acho que o fim do capítulo não nos deu pistas o suficiente.

Carolina Teixeira é uma mulher de 28 anos que retorna para Ceilândia, no Distrito Federal, para visitar a mãe e por causa de algumas coisas que tem que resolver, mas a verdade é que ela não sente nenhuma vontade de retornar para o lugar onde viveu até os 18 anos, porque ela foi abusada sexualmente por seu tio, Jayme, durante dois anos antes de ela conseguir ir embora para longe dali. Retornar para o lugar onde ela viveu seu maior trauma continuamente lhe causa todo tipo de sofrimento imaginável, e “Justiça 2” consegue transmitir essa sensação sufocante e de impotência toda vez que ela é forçada à companhia do tio, que forja motivos para fazer com que ela vá até o seu escritório no supermercado em que trabalha, por exemplo, onde ele tenta repetir o crime.

Tudo é terrível de se assistir. Causa desconforto, revolta, nojo… uma sensação terrível. E o pior é que Carolina é vítima de mais de um tipo de violência, quando as coisas finalmente vêm à tona. Depois de ter sido trancada no escritório pelo tio e quase abusada novamente, Carolina acaba contando a Gabriel, seu marido, a verdade, e ele fica furioso e fala sobre como ela precisa denunciá-lo para a polícia, porque ele precisa pagar pelo crime que cometeu. Felizmente, Gabriel fica ao seu lado, mas o restante da família não fica. Júlia, a mãe de Carolina, pede perdão à filha “por não ter notado”, quando provavelmente fingiu que não via o que estava acontecendo nos dois últimos anos antes da filha ir embora da cidade, mas pede que ela “não vá à polícia”.

A família de Carolina depende financeiramente de Jayme e do supermercado que leva o seu nome, e eles não querem que ela faça nada. Além da violência sofrida pelo tio, então, Carolina tem que enfrentar agora, 10 anos depois, outras violências dentro de casa, quando a sua dor é invalidada pela mãe, que tenta dizer que “isso aconteceu há muito tempo”, e pela tia e pelo primo, que tentam desacreditá-la e culpabilizá-la, dizendo que “ela era uma assanhada”. Felizmente, Carolina não sofre ainda mais violência quando finalmente vai à delegacia para fazer uma denúncia, porque ela é atendida por uma mulher que a trata com respeito. A denúncia sofrida por alguém abusado sexualmente quando ainda era menor de idade pode ser feita até 20 anos depois da pessoa atingir a maioridade.

E Carolina tem provas o suficiente para a prisão de Jayme.

Ver o Jayme ser preso é um momento catártico desse capítulo – mesmo que saibamos que, sete anos depois e com um simples salto de tempo, ele estará livre novamente. Carolina acaba não tendo a oportunidade de ir embora, como ela e Gabriel planejaram ir, porque a mãe passa mal e termina no hospital quando vê na TV a matéria sobre a prisão de Jayme… e a família claramente a culpa por isso. Sete anos depois, pouca coisa mudou para Carolina. Quando Jayme é solto, ele retorna para a casa da irmã, onde é recebido de braços abertos e com saudade por Júlia, o que é NOJENTO, e ele faz todo um teatro sobre como “teve tempo para pensar enquanto esteve preso” e “quer pedir desculpas”, o que quer dizer que o sofrimento de Carolina ainda não acabou… ela terá que buscar justiça com as próprias mãos?

Se o fizer, eu a apoiarei.

E, dessa vez, ela está mais sozinha. Ela e Gabriel se separaram. Ainda exploraremos mais disso.

Gosto muito de como “Justiça” é construída com histórias se entrelaçando. Foi um dos destaques na primeira temporada, em 2016, e será um dos destaques para mim aqui. Podemos rever cenas como a do Balthazar passando para entregar um remédio a Carolina, de outro pondo de vista, e podemos ir preenchendo lacunas, quando vemos Carolina e Gabriel parando para pedir ajuda no restaurante de Galdino pouco antes do assalto pelo qual Balthazar foi preso, e descobrimos que foram eles que ligaram para a polícia quando viram o que estava acontecendo. Também me parece que a pessoa na cama de hospital ao lado da de Julia deve ser alguém que eventualmente conheceremos… e a saída misteriosa de Gabriel no meio do episódio também será explicada nos próximos 2 capítulos?

Sinto e espero que sim!

 

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