Malhação 2004 – Bullying
Mais uma vida em risco.
Bullying é um assunto sério, e é triste
pensar em como 20 anos se passaram e
continua sendo uma realidade dolorosa e perigosa das escolas – à qual nem mesmo
todos os professores dão a devida atenção. Trabalhei
durante anos em escola com alunos do Ensino Médio, eu sei que o discurso de que
“é só brincadeira” ou “isso é exagero” é recorrente e não parte apenas dos
alunos, muitas vezes. Por isso, acho extremamente válido que “Malhação” tenha tentado trazer uma
discussão conscientizadora a esse respeito, em um tempo em que ainda se estava
começando a falar sobre o assunto (inclusive, é interessante ver a alternância
da pronúncia da palavra “bullying”,
provavelmente porque ainda era um termo bastante novo no Brasil, na época).
Acho
extremamente válido discutir bullying
em uma produção como “Malhação”,
devido ao seu público alvo, mas, ao mesmo tempo, parte de mim se pergunta qual é a extensão da efetividade de tal
discussão. Talvez a mensagem só chegue, de fato, a quem já a conhece. Sinto que quem de fato pratica bullying e devia aprender algo com a narrativa vai reproduzir falas como as de
Gustavo, que acusa Letícia de “estar exagerando” e defende os amigos dizendo
que “é só brincadeira”. E mesmo a representação do bullying que Catraca faz com Alvinho pode ser “problemático” no
sentido de que quem pratica bullying
vai tentar se defender dizendo que “o que faz não é tão grave assim”, como se
apenas casos como o de Catraca x Alvinho se configurassem como bullying.
Mas aquele é
um extremo. O bullying é muito mais
do que isso.
De todo
modo, “Malhação” tentou e traz a
temática através de Alvinho, um garoto tímido e com asma que é alvo de ataques,
risadas e humilhações constantes. As “provocações” constantes de Catraca e
Natasha com Alvinho se intensificam quando Natasha faz caricaturas do garoto
como “um pastel de vento” e ela e Catraca espalham para toda a sua sala, e
agora Pasqualete está de olho e quer saber quem é o responsável por isso… ou o
culpado se entrega, ou ele convocará uma reunião com todos os pais do terceirão. Assim, começa uma prensa para que
Catraca e Natasha se entreguem porque, na verdade, todos sabem que eles são os culpados, e Letícia está
particularmente incomodada, inclusive
com o Gustavo, porque ele pode não estar envolvido dessa vez, mas ele também
tem culpa sim.
Ele sempre esteve ao lado dos amigos nesse
tipo de atitude, ele já praticou bullying outras vezes, tudo o que ele fez foi
“pedir que eles pegassem leve”. Sua omissão o torna cúmplice e tão culpado
quanto o restante da Vagabanda, e embora Gustavo até tente fazer o que é certo,
confrontando o Catraca, nada adianta… Catraca jamais admitiria que está errado,
porque, na cabeça dele, ele não está, e ele planeja fazer com que o próprio
Alvinho assuma a culpa das caricaturas, dizendo que foi ele que espalhou porque
“achou que seria divertido” e “queria se enturmar”. As coisas passam dos
limites quando Catraca rouba a bombinha de asma de Alvinho, ele e Natasha ficam
brincando de bobinho com ela (!), e o garoto passa mal, sem ar, e desmaia. A crueldade de Natasha e Catraca não tem
limites.
Não tem
graça. Não é legal. Só é maldoso e cruel.
E quantos adolescentes assim temos nas
escolas de verdade?
Quando
Alvinho desmaia, os dois ficam visivelmente
tensos, mas não se importaram com ele um segundo antes: só se importam
agora porque sabem que, se algo acontecer com o Alvinho, eles estão f*didos.
Catraca e Natasha até tentam fugir de um flagrante, mas Letícia viu tudo, o
Rafa também pode confirmar que eles estavam “fazendo bobinho com a bomba de
asma do garoto”, e um grupo formado por Rafa, TDB, Murilo e Flávia impede a
fuga de Catraca e Natasha, e eles ainda fazem questão de acompanhá-los à
direção, porque não pretendem deixá-los
mentir. Eles colocam tudo para fora, E É UMA GRANDE CENA. Rafa fala que viu
o Alvinho passar mal, Murilo diz que eles ficam zoando o Alvinho o tempo todo
em sala, Flávia fala da caricatura e tudo vem à tona…
É um sentimento catártico assistir àquilo.
Catraca e
Natasha até tentam seguir negando, tentam dizer que “eles não têm prova”, mas a
situação não está fácil para eles e no fundo eles sabem. Pasqualete dá um
sermão que, infelizmente, não é o
suficiente, e diz que conversará com os pais deles e avisar que isso ficará
nos registros deles e, se voltarem a fazer algo assim, eles vão ser “convidados
a se retirar”. Enquanto Catraca e Natasha lidam com punições dos pais (queremos
muito ver o Catraca se ferrar por
causa disso tudo!), Alvinho está no hospital em estado grave porque teve uma
parada cardíaca e é, ironicamente, a segunda vida que a Vagabanda coloca em
risco desde a estreia da temporada… mas parece que eles nunca vão aprender,
nunca vão ver o quanto as atitudes deles são graves e perigosas.
Felizmente,
mesmo que não adiante muita coisa, temos Letícia dizendo a Catraca e Natasha o
que também gostaríamos de dizer: que, se alguma coisa acontecer com o Alvinho,
eles vão ser inteiramente culpados e o pai do garoto pode abrir um processo
contra eles… ela também diz que ela vai
ser a primeira a depor contra eles. Como essa é uma discussão mais rápida e
um arco fechado da temporada, a situação de Alvinho não fica em suspenso por
tanto tempo como foi com o Fabrício, e logo descobrimos que ele está bem e
prestes a ter alta. Inclusive, a participação de Alvinho chega ao fim quando
ele procura Letícia para contar que vai mudar de escola, porque quer recomeçar
e vai ser muito difícil fazer isso no Múltipla Escolha… infelizmente, é o
melhor para o Alvinho.
Agora, que o Catraca sofra um pouco com as
punições do pai. Ele merece.
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