Sítio do Picapau Amarelo (2007) – O Adorável Abominável: Parte 1
Emília conhece o Fofim!
Com uma
influência muito grande de “Caçadas de
Pedrinho”, mas também com um quê de “O
Irmão do Pinóquio” e “O Circo de
Cavalinhos” – ambas histórias de “Reinações
de Narizinho” –, “O Adorável
Abominável” é a terceira história da temporada de 2007 do “Sítio do Picapau Amarelo”. Como eu
comentei em outras ocasiões, eu adoro o resgate
que essa temporada faz das histórias mais clássicas do “Sítio do Picapau Amarelo”, mas reinventadas: dessa vez, por
exemplo, não temos as matérias no jornal sobre um rinoceronte que escapou e que
viria a morar no Sítio de Dona Benta com o nome de Quindim, mas temos uma
criatura alienígena e misteriosa que está apavorando o Capoeirão e o Arraial, e
que Emília eventualmente vai amar e chamar de “Fofim”.
A história ganha muito a partir do momento em que
de fato começa a focar no Fofim, mas tem um começo um pouco mais arrastado com toda aquela história de partida de
futebol dos Pica-paus contra o Arraial – ainda assim, vemos que isso é, de
certa maneira, uma “adaptação” do espírito de “Caçadas de Pedrinho”, porque conta com o Pedrinho sendo bem machistinha não querendo deixar que
Emília e Narizinho se juntem ao seu time, por exemplo, porque ele não acha que
“seja um esporte para meninas”, ainda que Dona Benta diga o contrário. No fim,
Visconde inventa umas Chuteiras Cibernéticas Sabugosa para se tornar um craque
(o que, convenhamos, seria trapaça, não?), e Pedrinho está determinado a vencer
porque fez uma aposta com o Barão de
Tremembé.
Quem perder,
vai ter que trabalhar para o outro por um dia inteiro!
Mas se o
pessoal do Sítio está cogitando trapacear
usando as Chuteiras Cibernéticas Sabugosa, o Barão também está trapaceando à
sua maneira pelo time do Arraial, e de várias maneiras muito mais baixas:
Minerva está tentando seduzir o delegado, que vai ser o juiz da partida; o
Barão coloca laxante em uma abóbora que deixa para o Rabicó encontrar; e
Minerva sabota as chuteiras do Visconde. No fim, o time do Sítio perde dois jogadores: o Rabicó com piriri e o
Visconde, que sai dançando para longe do campo, e Pedrinho finalmente tem que
aceitar Narizinho e Emília em seu time. E quando Pedrinho e Barão ficam frente
à frente na partida, com a Minerva tentando cegar o Pedrinho com o reflexo do
sol, Emília vem e faz um gol por baixo
das pernas do Barão…
Vitória da
bonequinha!
Agora, o
Visconde vai passar um dia todo trabalhando para o pessoal do Sítio!
Enquanto
isso, as criaturas da mata estão curiosas
com uma criatura misteriosa que apareceu por lá… o Urucaca, o urubu de
estimação da Cuca, está até com medo,
e Cuca está determinada a descobrir que criatura é essa que está pelas
redondezas, tão perto de sua caverna – e ela quer ensinar uma lição a essa
criatura, para que aprenda a respeitar a Cuca e não invadir os seus domínios.
Felizmente, o Saci e o Caipora ajudam o “monstro”, porque ele não fez nada de ruim, mas isso desperta a ira de Cuca, no fim
das contas… em paralelo, conhecemos a C.A.C.A. (Comando Articulado de Caça a
Alienígenas), que identifica a criatura que estão buscando em uma cidadezinha
do interior do Brasil: o Arraial dos
Tucanos. E, então, eles estão indo para a cidade.
A criatura
misteriosa, no entanto, só está tentando conseguir comida, e não é ruim –
apesar de ser julgado por sua aparência e tratado feito um “monstro”.
Felizmente, ele está prestes a ficar amigo de Emília, a boneca de pano do Sítio
do Picapau Amarelo. Quando Emília pede que os besouros “descubram uma novidade
que interesse ao Pedrinho”, porque ela quer alguma coisa que possa trocar por
um carrinho dele, os besouros a levam até o capoeirão para que ela veja a
criatura, e Emília quase sobe em cima dele, achando que é apenas uma pedra…
depois de ver que a “pedra” tem vida e de protegê-lo da Cuca (!), Emília
pergunta a ele qual é o seu nome, e
ele não sabe responder, porque já foi chamado de “Coisa”, de “Assombro” e de
“Estrupício”, mas Emília não gosta de nenhum desses nome…
E o chama de
“Fofim”.
Afinal de
contas, ele pode ter essa “casca dura” por fora, mas ele é um fofo por dentro,
e o nome combina com ele… assim, começa uma amizade muito bonitinha, e é aqui
que “O Adorável Abominável”
realmente GANHA VIDA e FICA UMA DELÍCIA DE SE ACOMPANHAR. A amizade com a
Emília é linda, a mensagem da história também é muito bacana, e o Fofim
realmente me emociona quando ele conversa com a bonequinha… Emília pergunta o que ele fez para ser tão popular, já
que tanto a Cuca quanto o delegado estão atrás dele, mas Fofim simplesmente diz
que sempre foi assim: as pessoas gritam ao vê-lo, querem caçá-lo, querem
prendê-lo, mas Emília se compadece e lhe dá “a sua palavra de boneca” de que
isso não vai mais acontecer, porque ela vai levá-lo para o lugar mais seguro do
mundo, cheio de gente legal: o Sítio do
Picapau Amarelo.
Emília o
esconde, a princípio, na capelinha do Sítio, e ele diz que “está habituado a
ficar escondido”, mas pergunta se Emília vai vir visitá-lo de vez em quando…
ela garante que virá de vez em sempre.
A relação dos dois é muito bonita e com um quê de tristeza, porque Fofim está
agradecido pela atenção e diz que ninguém
nunca cuidou dele, e os olhinhos de Emília se enchem de lágrimas com isso,
enquanto promete que “vai ser a melhor amiga que ele pode ter”, mas ela tenta
não chorar, para “não molhar toda a sua macela”. De todo modo, Fofim realmente
encontrou um lugar seguro onde não será julgado por sua aparência, e Emília se
despede dele com um beijinho carinhoso no rosto, o que o deixa todo comovido… ele não está habituado a receber afeto.
Que coisa
forte, não?
Vamos ver
como “O Adorável Abominável” se
desenvolve, mas tem muito potencial!
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