Chiquititas Brasil (1ª Temporada, 1997) – A chegada de Pata

“Eu quero ser igual e nada mais”

COMO EU AMO “CHIQUITITAS”. Reassistir à primeira semana da versão de 1997 da telenovela me trouxe tantas memórias boas e um sentimento tão gostoso, e eu continuamente percebi que estava sorrindo, chorando e/ou cantando em vários momentos dos capítulos, que parecem me levar de volta no tempo… o segundo capítulo de “Chiquititas” já traz a chegada de Pata, uma das personagens mais icônicas e queridas da novela, e que ficaria na trama até o final, em 2001. Emília, a diretora do Orfanato Raio de Luz, reúne as garotas na cozinha para anunciar que hoje vão receber “uma nova companheira”, e explica que a garota que chegará tem uma história triste, foi criada na rua e fugiu de todos os lugares para onde foi mandada, portanto pede que a recebam com carinho, amor e compreensão.

Que abram a porta dessa casa para ela.

E elas bem que tentam… mas a verdade é que a Pata é bem difícil na sua chegada. Até achei que Bia fosse ser um problema, porque ela não gosta muito da ideia de “receber uma nova menina”, mas quando Mili a lembra de quando ela mesma chegou, Bia resolve ajudar, dizendo até que vai dar a sua cama para a nova garota, porque “é a mais confortável”. Então, as garotas se reúnem para dar as boas-vindas à Pata, com presentes e tudo – Tati até fez um desenho para ela! Quando Emília traz a Pata, no entanto, a sua postura já entrega que ela não está muito a fim de fazer amizades… e a primeira coisa que ela faz quando Mili entrega os presentes e lhe dá um beijo no rosto é limpar o rosto, jogar os presentes todos fora e rasgar o desenho da Tati, com comentários bem grosseiros.

É um início turbulento.

Sozinhas no quarto, logo em seguida, as garotas confrontam Pata para saber por que ela fez isso, e dizem que nunca foram tão insultadas na vida, e Pata diz que jogou as coisas fora porque “era um bando de porcaria” e diz que “não quer nada delas”. Quando uma briga entre Pata e Bia (!) se instala no quarto, Ernestina interrompe e, como punição, elas ficam três dias sem televisão“Tá vendo? Por sua culpa a gente ficou três dias sem televisão!”. Entediadas sem TV naquela noite, as garotas pedem que Mili conte uma história, e eu quase esperei pela estreia de “Era Uma Vez”, e eu preciso dizer: COMO É GOSTOSO OUVIR A MILI CONTAR HISTÓRIAS. Eu gosto de como, sendo a mais velha das garotas, ela “cuida” delas: ela se importa, e faz de tudo para distraí-las e deixá-las felizes…

E ela conta uma história de seis irmãzinhas… não, sete.

A manhã seguinte, no entanto, traz novas brigas – e é meio cômico ver as discussões de Pata e Bia! Quando as pequenas perguntam se Pata não vai à escola, Bia diz que a escola é para pessoas inteligentes, e elas trocam uma série de insultos, com a Pata a chamando de “cara de furúnculo” (!), e a Bia soltando um “Dessa vez eu te arrebento!”. Furiosa, Pata resolve “se vingar” das garotas que só tentaram recebê-la bem quando elas estão na escola, e entra no quarto se perguntando quem elas pensam que são, e se “são rainhas só porque tem tudo isso”, então ela começa a revirar e quebrar todo o quarto… um verdadeiro estrago que Emília reconhece que foi muito grave, mas pede que as meninas tenham paciência com Pata e lhe deem uma nova chance…

Se ela não se adaptar, vão levá-la para uma instituição de crianças com problemas de conduta.

O caos, no entanto, segue intacto. E sabe que isso é algo que eu gosto muito em “Chiquititas”? Eu gosto do fato de as crianças serem crianças, não necessariamente extremamente racionais, e de como a novela representa bem os anos 1990. Mesmo com a conversa franca com Emília, as garotas continuam furiosas com as atitudes de Pata e resolvem se vingar – o que poderia virar um ciclo eterno. Mili é a menos envolvida, a princípio, com todo o lance de “vingança”, mas eventualmente se convence de que, se elas não “cortarem o barato dela agora”, elas nunca mais vão viver em paz… então, s garotas planejam jogar uma lata de verniz na cabeça de Pata, e Mili é escolhida para jogar, e essa é a garantia de que essa vingança nunca chegará a acontecer de fato.

Quer dizer… a Mili?

Uma conversa rápida da Mili com o Júnior também deixa isso bem claro: ele fala sobre como “todo mundo precisa de afeto e carinho de vez em quando, até mesmo caras como ele, que não sabem reconhecer isso” – e o mesmo se aplica a Pata. Toda a atitude dela é, na verdade, uma proteção que ela criou para evitar sofrer, mas ela quer carinho. Quando as garotas seguram Pata e mandam a Mili jogar a lata de verniz, Mili não tem coragem, manda soltarem a Pata, e então “Chiquititas” estreia “Igual aos Demais”, a música da Pata que é, para mim, uma das músicas mais fortes e mais tristes da novela! A letra dessa música é um verdadeiro soco no estômago, e é interessante que ela venha pela primeira vez quando Pata sai da cozinha com um sorriso arrogante, mas chora sozinha, sem as garotas verem…

É bem ali que começamos a nos importar com a Pata.

Mili e Pata ganham uma cena ICÔNICA logo depois, quando Pata vai confrontar a Mili brava, querendo saber por que ela não jogou a lata de verniz na sua cabeça, e diz que Mili só não fez isso porque “se acha melhor do que ela”, e manda que ela “faça o que tem que fazer”: “Joga tudo na minha cabeça, vamos! Como eu teria feito!”. Mas Mili se recusa, enquanto Pata diz que ela não precisa “ter dó” dela, mas quando Pata ameaça ela jogar o verniz na cabeça de Mili, no entanto, ela também não tem coragem… e acaba chorando, deixando que os muros que ela construiu desabem. Ela nunca teve uma amiga ou alguém que se importasse com ela, e custa a acreditar que Mili está sendo sincera ao oferecer sua amizade, mas Mili garante que quer ser sua amiga.

E Pata aceita o seu abraço.

O início de uma amizade lindíssima! QUE CENA LINDA!

 

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Comentários

  1. Oi Jefferson, tudo bem?

    Voltei a ler seus textos e encontrei os de Chiquititas... Sou de 95 e não tenho muitas lembranças dessa 1ª versão a não ser os clipes. Evito comparar as versões, mas fiquei um pouco chateada quando na versão de 2013 a Bia tomou o balde da Mili e derramou na Pata. Depois ela melhora, mas acho que tentaram fazer da Bia uma Maria Joaquina 2.0 por conta de Carrossel 😐

    Ou as crianças/pré-adolescentes daquela época (década de 80-90) que eram mais inocentes a ponto de perdoar e esquecer do que as crianças de 2013?

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    1. Eu também era bem novo, mas eu sou do fim de 1992, então eu era um pouquinho mais velho que você (quando acabou, em janeiro de 2001, eu tinha acabado de fazer 8 anos, e teve uma reprise mais tarde). Retornar a essa versão de "Chiquititas" tá sendo maravilhoso hahaha Mas eu vou dizer: eu gosto muitíssimo da versão de 2013 em muitas coisas, eu acho que muita coisa é muito bem desenvolvida... inclusive a Bia, que é uma das minhas personagens favoritas de 2013, se não a favorita. Acho que é uma questão de época mesmo, e no começo de "Chiquititas 1997" as histórias eram meio que mais breves, fechadas mais rapidamente, talvez isso tenha a ver... mas mais inocentes as crianças da década de 80/90 não eram não hahahaa

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    2. "Evito comparar as versões, mas fiquei um pouco chateada quando na versão de 2013 a Bia tomou o balde da Mili e derramou na Pata. Depois ela melhora, mas acho que tentaram fazer da Bia uma Maria Joaquina 2.0 por conta de Carrossel 😐"

      Eu lembro que o SBT queria muito que o público de Carrossel se apegasse a nova versão brasileira de Chiquititas, o que explica várias mudanças no roteiro mas eu discordo que a Bia é uma Maria Joaquina 2.0, ela não é patricinha e tem mais a ver com a Valéria, se bobear, a Vivi tem mais traços da Maria Joaquina(ela só não é preconceituosa) do que a própria Bia.

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    3. Não consigo ver a Bia tendo mais a ver com a Valéria não hahahah

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    4. Acho que é porque ambas são mandonas e encrenqueiras, mas tirando isso, as duas são de fato personagens com propostas diferentes.

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    5. É, "mandona e encrenqueira" é algo que pode ser usado para definir tanto a Valéria quanto a Bia hahaha

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