Duetos: A Comédia de Peter Quilter (Brasil, 2024)

“Você tem certeza que esse vestido é para uma pessoa só?”

Com direção de Ernesto Piccolo e protagonizado por Eduardo Moscovis e Patricya Travassos, “Duetos: A Comédia de Peter Quilter”, é um espetáculo divertidíssimo e internacionalmente reconhecido em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, concebido para lançar uma visão peculiar sobre diferentes relacionamentos, e certamente arrancar risadas do público – e Eduardo e Patricya estão maravilhosos do início ao fim! “Duetos” é uma peça dividida em quatro “atos”… são quatro histórias independentes nas quais os atores interpretam diferentes personagens, rendendo comédia, identificação e, quiçá, espaço para reflexão, enquanto nos aventuramos pela vida de casais se conhecendo, casais se separando e “casais” que não são, de fato, um casal…

A primeira das histórias, intitulada “Encontro às Cegas”, é a minha segunda favorita. Aqui, somos apresentados a Jonathan e Wanda, duas pessoas que se conheceram através de um aplicativo de relacionamentos e que se encontram na casa de Jonathan antes de um “primeiro encontro” propriamente dito, só para poderem ter a certeza de que “vale a pena investir em um jantar”. As situações são absurdas (eu amo o queijo, as ligações e a escolha de uma música para dançar!), as piadas funcionam maravilhosamente bem, e a brincadeira do texto com elementos que conhecemos da vida real faz com que tudo seja ainda mais especial. Preciso dizer, também, que Eduardo Moscovis estava particularmente encantador como o tímido e desajeitado Jonathan.

A segunda história, intitulada “Quase Casados”, traz um “casal” que não é e nem vai ser, de fato, um casal… não com qualquer interesse romântico. Afinal de contas, Ary é gay (não sabia que eu precisava ver o Eduardo Moscovis interpretando um papel gay até ver) e Jane é a sua fiel secretária solteirona que adoraria casar-se com ele, mesmo ele sendo gay – afinal de contas, eles já passam quase o tempo todo juntos de todo modo! Jane faz de tudo para “conquistar” Ary, enquanto Ary tenta fazê-la entender que “ele não pode ser o seu Tarzan”, e que ela precisa ir para o mundo e viver um romance de verdade… quem sabe em um cruzeiro? Não que eles consigam de fato se separar… eles são daquele tipo de amigos platônicos que estão sempre grudados!

A terceira história, intitulada “Divórcio Amigável”, traz um casal em uma das situações mais desconfortáveis possível: Shirley e Beto estão se divorciando, mas eles tinham comprado uma viagem para a Espanha antes de iniciar o divórcio, e eles não querem perder a viagem que já está paga, de todo modo… aqui, ganhamos Patricya Travassos interpretando uma personagem hilariamente bêbada durante a história toda, e uma série de momentos cômicos, enquanto Shirley e Beto vão discutindo o casamento deles, o divórcio, o futuro – e, como era de se esperar, as coisas vão saindo de controle e mudando drasticamente. Será que eles estão realmente tão prontos para esse divórcio quanto eles acreditavam que estavam? E o que isso tudo significa, afinal?

Por fim, temos a quarta e última história, intitulada “Mais Uma Vez Noiva”, que é sem dúvida A MELHOR DAS QUATRO HISTÓRIAS APRESENTADAS! Aqui, conhecemos Ângela, uma mulher que está se casando pela terceira vez, e Tobias, o seu irmão que está tentando fazer com que a cerimônia aconteça de qualquer modo, especialmente quando Ângela acredita em “mau presságio” – e foi aqui que eu mais dei risada. Enquanto o Eduardo Moscovis estava lindíssimo e charmoso (!), o vestido da personagem de Patricya Travassos é, por si só, uma piada ambulante, e rende tantos momentos bons, dos comentários de Tobias no início da história ao caos cada vez maior que parece ameaçar a integridade da cerimônia, e que Tobias tenta ajudar Ângela a contornar de toda maneira.

“Duetos” é uma experiência teatral divertida e recomendadíssima!

 

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