Hairspray (Brasil, 2024)
“Não dá pra parar!”
Intenso,
colorido e cheio de vida, “Hairspray”
é um musical apaixonante e que está há muito tempo encantando o mundo todo – e
colocando as pessoas para DANÇAREM e VIVEREM! A história de “Hairspray” começa em um filme
não-musical de 1988, que ganhou uma adaptação para os palcos e estreou na
Broadway, sob o mesmo título, em 2002, com letra e música de Marc Shaiman e
Scott Wittman, e livro de Mark O’Donnell e Thomas Meehan. O musical ganhou uma
adaptação para o cinema em 2007, uma versão brasileira em 2009 (que foi o
primeiro musical que eu assisti ao vivo na vida, por isso tenho um carinho
imenso por ele!) e agora retorna aos palcos brasileiros em 2024, em uma
produção encantadora, com ainda mais cor, vida e energia positiva!
“Hairspray” é uma comédia musical
deliciosa, que também toca em temas pertinentes que são atemporais. Ambientada
na cidade de Baltimore na década de 1960, “Hairspray”
traz Tracy Turnblad como a protagonista: uma garota gorda que sonha em fazer
parte do Show do Corny Collins (e, quem sabe, conquistar o coração de Link
Larkin?!), e que acaba conseguindo realizar o seu sonho com passos de dança que
ela aprendeu com Seaweed – e isso faz com que ela se envolva em uma luta pela
integração do programa de TV, já que bailarinos brancos e negros não são
autorizados a dançarem juntos… Tracy se torna o símbolo de uma revolução, em um
roteiro destemido, caótico e divertido que brinca com o humor sem deixar de
lado a seriedade de seus temas.
É muito bom
estar de volta a esse universo! É muito bom sentir-se arrebatado no teatro. Eu
adoro a história de “Hairspray”, e a
nova versão brasileira, que não é uma réplica da Broadway, se destaca na
extravagância que combina com a história, e no excesso de cores que transbordam
vida! As perucas exageradas e as cores vibrantes de “Não Dá Pra Parar!”, por exemplo, são um espetáculo à parte!
Musicalmente, temos excelentes versões que embalam essa história e nos deixam
sorrindo e cantarolando mesmo dias depois da experiência. O elenco brasileiro,
por fim, está afiado, abraçando seus personagens para entregar performances
emocionantes, divertidas e sinceras. Deixei o teatro com um sorriso imenso no
rosto e a certeza de que tinha visto um musical impecável!
A versão brasileira
do musical conta com a direção geral de Tiago Abravanel (que também interpreta
a Edna), que divide a direção com outras pessoas… Tinno Zani é o diretor
cênico, Antonia Prado a diretora artística, Rafael Villar o diretor musical e
Claudia Elizeu a diretora musical associada. Tiago Dias fica responsável pela
direção coreográfica; Claudia Rosa é assistente de coreografia; Thais Uessugui
é assistente de direção/diretora-residente; Ligia Abravanel e Bia Izar
diretoras de produção; Roberta Allegretti diretora de marketing; Bruno Oliveira
figurinista; Rogério Falcão cenógrafo; Luciano Paradella designer de maquiagem;
Feliciano San Roman designer de peruca; Paulo Altafim designer de som; Wagner
Antônio designer de luz; e Victor Mühlethaler versionista.
O elenco
brasileiro é encabeçado por Vânia Canto, dando vida à adorável e revolucionária
Tracy Turnblad, e Tiago Abravanel dando um show no papel divertido de Edna
Turnblad… Lindsay Paulino, por sua vez, é o carismático e apaixonante Wilbur.
Pâmela Rossini dá vida à peculiar melhor amiga de Tracy, Penny Pingleton, e eu
adorei assisti-la nesse papel, porque é impossível tirar os olhos dela! Giovana
Zotti é Prudy, Ivan Parente é o Corny Collins, Liane Maya a Velma Von Tussle e
Verônica Goeldi a Amber… a personagem pode ser um entojo, é verdade, mas
Verônica encontra uma maneira de fazer com que seja uma delícia assisti-la! E
Rodrigo Garcia dá vida a um Link Larkin maravilhoso: talentoso, charmoso, não
academicamente brilhante… foi TÃO BOM assistir ao Link de Rodrigo Garcia!
No elenco
que compõe o “Dia Negro” no Show do Corny Collins, temos Aline Cunha como a
maravilhosa Motormouth Maybelle (ouvi-la cantar é um prazer imenso!), uma
personagem com uma carga dramática poderosa e que entrega o momento mais
sentimental do musical (!), e Thales Cesar como o apaixonante e sensual Seaweed
J. Stubbs, que tem passos de dança impressionantes,
uma voz de arrepiar e um romance divertido com Penny Pingleton! Também temos
Emmy Oliveira como a Pequena Inês e o trio formado por Thais Ribeiro, Carol
Roberto e Larissa Noel, como as Diamantes de Baltimore… sempre que elas
aparecem em cena nós abrimos um sorriso imenso, porque não existe um único
momento em que elas não estejam ali para dar
um show.
O elenco é
completado por um Ensemble talentosíssimo que dá vida e movimento a esse
espetáculo grandioso que é “Hairspray”.
Temos Bernardo Berro como Harriman Spritzer e o Guarda; Pedro Navarro como
Fender; Vitor Veiga como Stooie; Alvinho de Pádua como Brad; Teo Brito como
Sketch; Douglas Motta como Duane; Eddy Norole como Gilbert; Yasmin Calbo como
Brenda; Julia Sanchis como Shelley e Carol Pita como Tammy. Por fim, um Swing
composto por Tiago Dias, Nicole Luz, Claudia Rosa e André Luiz Odin. Um elenco
grandioso que dá um show em cena, enriquecendo essa história inspirada e
inspiradora com músicas contagiantes, vozes harmoniosas e coreografias de tirar
o fôlego. Assistir a “Hairspray” é um
convite a levantar-se e dançar também!
NÃO DÁ PRA
PARAR!
Musicalmente,
Hairspray tem muitos momentos que eu adoro! “Bom
Dia, Baltimore” é um excelente convite para sermos parte dessa história, e
eu gosto de como ela é uma “apresentação” a Tracy Turnblad, ao mesmo tempo em
que “Os Brotos Mais Legais” é uma
apresentação ao Show do Corny Collins, Link Larkin e todos os jovens que se
dançam na TV… o grupo do qual Tracy quer tanto fazer parte e ao qual se junta,
mesmo depois de ter sido expulsa da audição em “Miss Camarão”, dançando o “Madison”
na escola para o Corny Collins ver… depois de umas “aulas” na detenção com
Seaweed! A reprise de “Os Brotos Mais
Legais” com a Tracy fazendo parte da “chamada” é, sem dúvida, um dos
momentos mais divertidos do musical todo!
E é aí que
as vidas de Tracy e da família mudam completamente … quer dizer, inicialmente
ela nem pode ir à TV fazer uma audição – o que nos rende a maravilhosa “Mama, Não Sou Mais Bebê” –, porque a
mãe teme que ela seja maltratada e ridicularizada por causa de seu peso, mas
Tracy acaba sendo um sucesso imediato, com as garotas da cidade passando a
imitar o seu penteado e o Sr. Pinky, dono de uma famosa loja de roupas para
“mulheres grandes”, a querendo como garota-propaganda… e é assim que Tracy e
Edna protagonizam um dos momentos mais legais de “Hairspray”, ao som de “Bem-Vinda
à Era dos ‘60”, e Vânia Canto e Tiago Abravanel dão um show – além de Tracy
e Edna estarem LINDÍSSIMAS em suas novas roupas!
A química e
a dinâmica de Tracy Turnblad e Link Larkin proporcionam momentos maravilhosos
como “Sinos a Tocar” – que a Penny de
Pâmela Rossini tornou realmente icônico! – e “Somos Um” – com o Rodrigo Garcia dando um show e nos mostrando por que Tracy se apaixonaria tão
facilmente por ele. Falando em dar um show, Thales Cesar está simplesmente perfeito em “Pode Espalhar”, que eu acho que é o grande momento do personagem
de Seaweed, além de ser um momento importante de virada em “Hairspray”,
porque é quando ele convida Tracy e os demais para uma festa na casa de sua
mãe, Motormouth Maybelle, que Tracy Turnblad se envolve de uma vez por todas na
luta pela integração… ao som de “Loira,
GG e Linda”, eles marcham pela integração.
Toda a
temática do racismo e a luta pela integração é uma das maiores forças de “Hairspray”, sem dúvida! Tracy sabe que
ela só conseguiu um lugar na TV, mesmo quando todos apostavam contra ela por causa de seu corpo, por
causa da ajuda de Seaweed, e ela não acha justo que eles não possam dançar
juntos no Show do Corny Collins, e ela ajuda o movimento pela integração, que
tem Motormouth Maybelle como maior símbolo, a ganhar força. Maybelle é uma
personagem poderosa e fortíssima. É ela quem nos fala sobre o quanto já foi
enfrentado até então, o pouco que foi conquistado e o fato de que eles não
podem parar… “Eu Sei de Onde Eu Vim”
é um número musical de tirar o fôlego e de arrancar lágrimas, mas que
representa toda a força necessária para lutar.
E eles
lutam!
Ainda
preciso mencionar alguns outros números musicais… “Eterno Pra Mim” é um espetáculo! Profundamente HILÁRIO, “Eterno Pra Mim” é a música de Edna e
Wilbur, e Tiago Abravanel e Lindsay Paulino DÃO UM SHOW! Tudo funciona
perfeitamente, os atores estão afiadíssimos, o timing é perfeito e as risadas e aplausos são garantidos! Gosto
muito da letra, adoro as piadas, e amo as adaptações que o fato de ser uma
versão não-réplica permitiu – como podermos ver Edna Turnblad vestida de
Marilyn Monroe! Também sempre amei “Sem
Amor”, que sempre foi minha música favorita de “Hairspray”, e foi uma surpresa TÃO BOA ver que, quando os vários
casais estão dançando na reta final da música, a produção adicionou um casal
lésbico e um casal gay…
Aquilo me
fez sorrir de orelha a orelha e me deixou emocionado!
Por fim, é
claro, temos “Não Dá Pra Parar”, que
é muito mais do que um número musical… É UM ESPETÁCULO EM VÁRIOS ATOS! Toda a
sequência final de “Hairspray”
acontece ali, durante as duas partes da música final, e é de tirar o fôlego!
Visualmente, é impactante! Eu adoro os figurinos e as cores vibrantes que tomam
conta do palco em toda essa sequência. Musicalmente, é contagiante, dançante,
vivo e divertido. Adoro a música, a letra, a coreografia, os momentos como a
Penny dizendo à mãe que “é uma grande gostosa” ou o Spritzer dando um cargo
importante a Motormouth Maybelle, em uma adaptação do roteiro original
permitida ao Brasil, ou a Edna lindíssima saindo de dentro da lata gigante de
laquê e descobrindo que está em rede nacional…
“Não Dá Pra Parar” é a celebração final
de tudo o que “Hairspray” representa.
É a celebração fascinante da aceitação
da ideia de que o mundo não é homogêneo, e isso é perfeito! É um convite a
colocarmos a roupa mais colorida que tivermos e também dançar e viver porque
“ninguém pode nos parar”. Com temas sérios que convidam à reflexão, “Hairspray” tem comédia, romance, boas
músicas e personagens carismáticos que contam essa história de maneira incrível
e nos marcam para sempre… saímos do teatro mexidos, felizes, cheios de vida e
com uma sensação gostosa! O musical está em cartaz no Rio de Janeiro até o mês
de agosto, e fará sua estreia no Teatro Renault em São Paulo a partir de setembro
desse ano. Se puder, confira!
Vale muito a
pena!
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