I Hear the Sunspot – Episode 2

Parte desse mundo.

QUE EPISÓDIO PERFEITO! Com apenas dois episódios, eu já estou absolutamente envolvido e encantado por “I Hear the Sunspot”. Depois de nos apresentar a Kohei e Taichi no episódio de estreia, a série retorna para a época em que Kohei começou a perder a audição, e a maneira como o mundo ao seu redor pareceu mudar e ele passou a sentir que esse mundo “não tinha mais um lugar para ele” – uma percepção acentuada ano após ano até a chegada de Taichi, que é a pessoa que o está fazendo vivenciar as coisas de uma maneira diferente… é a pessoa que, despretensiosamente, tem mostrado para Kohei que ele está enganado, e que existe, sim, um lugar para ele. O episódio é triste e melancólico, mas também é bonito, humano e sensível. Muito, muito bom!

É curioso retornar à vida de Kohei antes de Taichi. Os primeiros 10 minutos do episódio nos permitem uma visão do mais íntimo que há em Kohei: todas as suas angústias, suas dúvidas, seus sentimentos de não-pertencimento. É depois de sua formatura antes do Ensino Médio que Kohei passa mal, fica uma semana com febre e não volta a ouvir normalmente depois… durante o Ensino Médio, então, ele foi se sentindo cada vez mais apartado do mundo. O professor chama a atenção da turma para a sua dificuldade de audição no primeiro dia de aula, o que lhe garante uma atenção que não é bem-vinda e, pior, um sentimento de pena que é o mais sufocante que Kohei poderia experimentar. Entendemos, então, como é que Kohei foi se tornando “isolado” das outras pessoas.

A cena em que Kohei tenta participar de uma conversa com dois colegas de classe e eles o dispensam porque não têm paciência é uma das mais difíceis de se assistir… e é a cena que representa o momento em que Kohei se fecha para as outras pessoas. E Taichi é justamente a pessoa que está quebrando essa barreira de maneira inesperada e sem planejamento, mas com o coração no lugar certo. As conversas que os dois têm enquanto compartilham o almoço são cenas muito bonitas de “I Hear the Sunspot”, e é muito bom ver Kohei dizer abertamente que ele não fica sozinho porque gosta de ficar sozinho. Embora ele não faça grandes explicações a Taichi, nós sabemos o que ele quer dizer: ele foi colocado nesse lugar de isolamento, mas ele sente falta de contato, de pessoas…

De “fazer parte”.

Taichi é absolutamente fofo. Eu gosto de como ele trouxe um pouco de luz para a vida de Kohei. Aquele momento em que ele faz o Kohei rir enquanto eles estão almoçando, por exemplo, é um dos meus favoritos, porque vemos o Kohei mais leve do que vimos até então, e Taichi chama a atenção para isso, porque ele gosta de ver o Kohei sorrindo… também sorri bastante na cena em que Taichi está dando o seu melhor para anotar tudo o que o professor está dizendo durante a aula, inclusive interrompendo o professor para pedir que “ele falasse mais devagar”. Eu gosto muito de como Taichi não parece ter limites, de como ele age por impulso, como ele não tem vergonha e é determinado… impressionante como uma cena simples como aquela pode fazer com que nos apaixonemos.

Nesse episódio, Kohei acaba tentando se afastar de Taichi… relembrando tudo o que viveu no Ensino Médio, e vendo como Taichi celebra com os amigos durante um jogo de basquete, Kohei decide que “é melhor não criar muitas expectativas” – afinal de contas, ele acredita que Taichi faz parte de um mundo no qual ele não se encaixa, e talvez Taichi nem estivesse o ajudando se não fosse pelo almoço que ele oferece em troca… quando Kohei está no seu segundo dia “ignorando” o Taichi, no entanto, Taichi o segue para conversar com ele, em outra cena muito bonita de “I Hear the Sunspot”. É MUITO BOM ver o Taichi falar abertamente sobre como se sente, sobre como o magoa que o Kohei o esteja ignorando, e como ele não está “ajudando só pela comida”.

Taichi acolhe Kohei. E Kohei de fato se sente acolhido.

O mais bonito e o mais importante é que Taichi não planeja nada, mas ele consegue passar a mensagem perfeita, porque ele não está fazendo nada porque sinta pena de Kohei, nem está agindo com ele de maneira diferente à que agiria com qualquer outra pessoa de quem ele gostasse… Taichi gosta da companhia de Kohei, acha ele uma pessoa legal (a fala dele sobre como é fácil conversar com ele!), e ele o vê como parte do seu mundo. E quando Taichi vê Kohei como parte de seu mundo, Kohei de certa maneira também consegue se ver… diferente de como ele foi tratado até então nos jogos de basquete, por exemplo, quando ele nem era marcado enquanto estava com a bola rumo à cesta, Kohei joga basquete de verdade quando está jogando contra Taichi.

A cena final do basquete é, possivelmente, a cena mais bonita do segundo episódio de “I Can Hear the Sunspot”. A maneira como é um contraste ao jogo anterior de basquete, e como a expressão de Kohei vai se transformando durante o jogo quando, pela primeira vez em muito tempo, ele “se sente parte daquele mundo” – e foi Taichi quem permitiu que ele se sentisse assim. É uma cena incrivelmente bem escrita, bem atuada e bem filmada, tenho certeza de que “I Can Hear the Sunspot” sabe o que está fazendo ao construir sua história. Também gostei bastante daquele momento descontraído e quase “bobo” de Taichi e Kohei depois do jogo, quando eles ficam molhando um ao outro e é como se nada mais importasse: naquele momento, só existe os dois, o mundinho deles e os seus sorrisos…

 

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