I Hear the Sunspot – Episode 3
Hambúrguer e traumas do passado.
MAIS UM
EPISÓDIO LINDÍSSIMO DE “I HEAR THE
SUNSPOT”. Com beleza e cuidado, a série vai construindo uma trama deliciosa
de se acompanhar, ao mesmo tempo em que retrata a realidade de uma pessoa com
deficiência com responsabilidade. Adoro ver a maneira como Taichi e Kohei estão
cada vez mais próximos, e como temos
pequenos detalhes que mostram que os dois estão apaixonados um pelo outro, muito embora os dois provavelmente ainda
não tenham se dado conta disso – detalhes como o fato de o Kohei pedir que a
mãe o ensine a fazer a carne da qual o Taichi gosta, para ele poder levar na
marmita dele no dia seguinte, ou o Taichi se incomodando com a maneira como
aquela garota fala sobre Kohei e sentindo a necessidade de defendê-lo.
Acho que
esse episódio, de certa maneira, é muito mais sobre o Taichi do que sobre o Kohei.
Na primeira cena, vemos Taichi presenciando uma discussão entre os pais a seu
respeito, com nenhum dos dois querendo se responsabilizar por ele depois do
divórcio. Isso é algo que ele conscientemente relegou ao fundo de sua mente,
como se ele dissesse a si mesmo que “não se importa”, mas o machuca, porque não
tem como não machucar – e fica
evidente em dois momentos específicos ao longo do episódio: um deles quando
Taichi diz a Kohei que ele mora com o avô porque os pais se separaram e se
casaram com outras pessoas; outro quando ele desabafa, em parte sabendo que
Kohei não vai ouvi-lo bem, sobre o porquê de ele gostar de hambúrgueres como os
da marmita.
Também acho
que aquela cena de Taichi defendendo
o Kohei de algo que ele provavelmente nunca vai saber que aconteceu é uma cena
importantíssima na composição de Taichi como personagem. Taichi vai ajudar os
amigos com a gravação de um filme no fim de semana, e ele chama Kohei para ir
com ele, e então os dois interpretam
zumbis em uma sequência que é divertida e aparentemente despretensiosa – e
eu gosto de como “I Hear the Sunspot”
adiciona cenas nas quais Kohei se sente
bem. As cenas podem parecer “simples”, mas elas representam demais porque
isso era algo que Kohei não tinha em sua
vida até a chegada de Taichi… é só com a chegada de Taichi que ele
recomeçou a viver, que ele se
permitiu sentir-se parte do mundo
novamente.
Depois
daquela gravação no sábado, Taichi recebe o telefonema do seu amigo porque,
aparentemente, uma garota quer o seu contato – e eles saem uma única vez
juntos. Taichi descobre que, na verdade, a garota gosta de Kohei, mas não é
mero ciúme que afasta os dois. Taichi
fica incomodado com a maneira como a
garota se comporta quando descobre que Kohei tem problemas de audição, o
comparando com o personagem de um romance que ela está lendo e fantasiando
sobre como “ela será como a protagonista daquele livro” ou qualquer coisa
assim… há pena e condescendência em suas palavras, e isso incomoda Taichi com
toda a razão, e é muito bonito vê-lo fechando o punho e dizendo para ela que embora para ela seja uma fantasia, para
Kohei é a realidade.
Assim, “I Hear the Sunspot” vai construindo sua
trama com enorme cuidado, adicionando cada peça com delicadeza, construindo
algo grandioso e bonito… e é legal como a proximidade de Taichi e Kohei vai se
transformando conforme eles compartilham mais e mais momentos durante as
refeições, por exemplo. Toda a atitude de Kohei querendo preparar ele mesmo a
comida de Taichi para o dia seguinte porque sabe
que ele gosta de hambúrguer é muito bonita, e a maneira como a vida toma conta de sua expressão
enquanto ele espera ansioso pela reação de Taichi é muito lindinha – ainda mais
quando Taichi elogia a comida e ainda diz que “está mais delicioso do que no
dia anterior”. Os dois são extremamente preciosos, e é uma delícia acompanhar
essa história!
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