Innocent – Episode 3: A Needle in the Heart

Os traumas de Yu Shi.

Antes e mais nada, eu quero dizer que a linearidade é superestimada na contagem de histórias. Eu acho fascinante poder ir descobrindo coisas no decorrer de uma narrativa, recebendo novas peças que vão, gradualmente, completando o quebra-cabeças – inclusive, ao escrever essas palavras, acabei de me lembrar de “Monster”, que é um dos meus filmes favoritos. Depois de termos conhecido Wu Zheng e Yu Shi e termos acompanhado um pouco da relação confusa entre eles (ainda mais levando em consideração o Noah), bem como os avanços importantes que ambos fizeram na viagem para visitar o avô de Wu Zheng, que é como se fosse seu pai, a série nos leva de volta para quando a história dos dois começou, e vai elucidando alguns detalhes.

No presente, vemos Wu Zheng preparar uma comemoração de aniversário surpresa para Yu Shi/Noah, com um presente que só mostra o quanto ele o conhece bem. O passado, por sua vez, é explorado de duas maneiras diferentes. Primeiro, temos um pesadelo de Yu Shi, que é também algo a que ele regressa durante uma sessão de hipnose, e que revela traumas de sua infância, na qual ele sofreu abusos; depois, temos um flashback de um mês antes, de quando Yu Shi começou a “seguir” Wu Zheng (embora eventualmente Wu Zheng tenha descoberto que ele mora naquele mesmo prédio), e o seu trauma é reforçado quando ele é atacado por um pervertido, do qual ele consegue escapar, de alguma maneira, e ele corre até Wu Zheng para pedir ajuda.

Esse pedido de ajuda é extenso, e não é apenas naquele momento – e Wu Zheng o ajuda, talvez sem entender direito por que está fazendo o que faz. Ele o leva para casa, ele cuida dele até que ele desperte depois de ele desmaiar, ele escuta o que ele tem a dizer… depois de Yu Shi tomar um banho e sair completamente pelado para pedir uma roupa emprestada (o que deixa o Wu Zheng nervoso, mesmo que ele não entenda o porquê, já que ele nunca se relacionou com nenhum homem), Wu Zheng empresta uma roupa para Yu Shi, oferece-lhe um jantar e quando Yu Shi pergunta se ele “pode passar uns dias ali”, Wu Zheng responde que sim, sem pensar muito… em sua mente, ele está se perguntando por que ele disse sim, mas ele sente a vontade de ajudar aquele rapaz.

Os traumas de Yu Shi são angustiantes. E a presença e a companhia de Wu Zheng parecem acolhedoras e seguras, e o próprio Yu Shi se dá conta disso, como se estivesse permitindo que alguém cuidasse dele. Wu Zheng o leva até o médico, por exemplo, para que ele possa se consultar e, quem sabe, falar sobre seus traumas – e Yu Shi parece sair um pouco mais leve, com um pirulito de criança na mão e sentindo confiança na companhia de Wu Zheng… pelo menos até o momento em que eles estão prestes a atravessar a rua e, enquanto estão parados esperando que o semáforo feche, algumas pessoas babacas fazem comentários preconceituosos sobre como é “inapropriado” o Yu Shi segurando o braço de Wu Zheng… e, então, Wu Zheng atravessa a rua sozinho.

Aquele é um excelente – e desesperador – gancho para o último episódio de “Innocent”. Não sei bem como Wu Zheng pode ter demorado tanto a perceber que Yu Shi não estava atravessando a rua ao seu lado, mas quando ele o faz e olha para trás, Yu Shi já não está mais ali, e o pirulito que ele estava carregando está caído na calçada, abandonado… preocupado, Wu Zheng corre atrás de Yu Shi, chama seu nome, pede ajuda ao amigo, mas não sabe para onde Yu Shi pode ter ido. Aquele momento faz com que ele se lembre, também, de uma promessa que fizera quando ainda era criança e perdeu os pais: que ele sempre demonstraria carinho às pessoas que ele ama, enquanto elas estivessem por perto. Ele precisa encontrar Yu Shi para que ele possa ter a chance de fazer isso.

Que venha o último episódio!

 

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