Primeiro Capítulo de “Chiquititas” (28 de julho de 1997)

“Tudo se transforma com magia!”

No dia 28 de julho de 1997, ouvíamos “Remexe” pela primeira vez enquanto algumas meninas de vestido verde corriam e dançavam pelas ruas e parques de São Paulo – e não imaginávamos, ainda, o quanto aquilo marcaria a nossa vida para sempre. “Chiquititas”, adaptação da original argentina de 1995, chegou ao Brasil trazendo uma história divertida, bonita (ocasionalmente trágica) e emocionante, protagonizada por uma galeria de personagens carismáticos e embalada por canções como “Remexe” e “Até Dez” (ambas que já podemos escutar no primeiro capítulo da novela). Retornar a “Chiquititas” é uma experiência de pura nostalgia e saudade: assistir novamente ao primeiro capítulo me arrancou sorrisos, risadas e algumas lágrimas… uma aventura fascinante.

O memorável primeiro capítulo de “Chiquititas” nos convida a conhecer o Orfanato Raio de Luz e as garotas que moram ali – dentre elas, a adorável Mili, a mais velha e a mais responsável delas –, bem como as suas “travessuras” no dia anterior a um evento importante que celebrará os 10 anos do orfanato e contará com a presença de José Ricardo Almeida Campos, seu fundador. Carmen, a irmã de José Ricardo, encomendou a Chico, o cozinheiro do orfanato, a “torta especial da Família Almeida Campos”, que precisa estar impecável para o dia seguinte, e ele e Emília, a diretora, estão guardando esse segredo – ironicamente, Tati está do lado de fora da porta, espiando e ouvindo tudo justo quando o Chico diz que “o importante é que as crianças não descubram”.

E então começa toda a primeira confusão de “Chiquititas”.

Tati chega no quarto animadíssima, contando sobre a torta linda que o Chico escondeu na geladeira, e elas acabam descendo para “dar uma espiada” – e toda a cena é um clássico da novela, e eu gosto de como ela já começa a definir o tom do que assistiremos… porque há algo de muito inocente e infantil ali, enquanto elas observam a torta com água na boca, comentam que “dá até dó de comer”, mas não conseguem se conter e começam a tirar flocos de chocolate da decoração da torta. Bia é a primeira a fazê-lo, mas logo quase todas as garotas estão fazendo o mesmo, e quando Mili pega a torta nas mãos, desesperada para tirá-la do alcance das demais, ela acaba derrubando a torta… ela está 100% arruinada agora. O que fazer, além de “esperar que cortem suas cabeças”?

Mili diz que a responsabilidade foi de todas elas, então elas resolvem “tentar substituir a torta por uma nova”, e elas fazem mais bagunça do que realmente cozinham, em uma das cenas mais famosas da novela – e o resultado final é desastroso. Afinal de contas, Tati aumenta o fogo para “ser mais rápido e elas poderem ir dormir logo”, e o resultado é um bolo queimado, ingredientes desperdiçados e falta de tempo para fazer um novo… agora, elas podem apenas esperar que não dê tempo de servir a torta no dia seguinte. Toda a trama da festa do orfanato também nos encaminha para o primeiríssimo clipe de “Chiquititas”: “Até Dez” era, na época, o meu clipe favorito da primeira temporada (!), e é muito divertido como Pata e Dani já estão de uniforme entre as meninas…

Acho que eles não se importavam com “spoilers” na época.

Cheio de pompa, o Doutor José Ricardo fala sobre os 10 anos do Raio de Luz e agradece a Emília, Ernestina, Chico e Carmen por ajudarem a tornar aquilo possível… então, ele anuncia que “tem uma reunião inadiável” e precisa sair, o que parece atender às preces silenciosas das garotas de que “eles não tenham tempo de servir a torta”, mas Carmen pede que o irmão espere um minuto porque preparou uma surpresa para ele… e, quando Chico traz a torta coberta e a revela, eventualmente, é aquele desastre torto e queimado preparado pelas crianças – e eu fico de coração tão apertado pelo Chico! Emília confirma que vira a torta no dia seguinte e estava perfeita, mas Carmen não se importa com isso: ela diz que alguém tem que ser responsabilizado pelo papelão que a fizeram pagar…

Então, ela demite o Chico.

Em paralelo, também conhecemos Carol – A MARAVILHOSA CAROL! Eu amo como a versão de 1997 de “Chiquititas” traz uma Carol que é sindicalista, engajada e revolucionária, e eu acho que essa força pela luta por direitos é extremamente importante para gerar o impacto de que a personagem precisa! Quando a fábrica na qual ela e Letícia trabalham é vendida e a nova dona “propõe” que todos os funcionários apresentem sua demissão e ela “se compromete” em voltar a contratá-los, Carol é imediatamente contra: afinal de contas, eles perderiam todos os seus direitos trabalhistas se fizessem isso, e nada garante que ela cumpriria sua promessa! Também vemos a nova dona da fábrica propor que Júnior assuma a diretoria geral… então, é sobre ele que cairá a fúria de Carol.

Como não amar?!

Júnior, filho do Doutor José Ricardo, estava morando nos Estados Unidos há muitos anos, e tem uma relação péssima com o pai… ele diz que, para ele, o pai morreu há 13 anos. De volta a São Paulo, no entanto, ele quer reencontrar sua irmã Gabriela, e acha estranho quando liga para a casa dos Almeida Campos e lhe perguntam se ele não acha que “essa é uma piada de muito mau gosto” quando ele pede para falar com Gabi. Ao chegar à sua antiga casa, Júnior é recebido com abraços calorosos de Valentina, que sentiu saudade e lamentou o fato de ele nunca ter escrito nenhuma carta, e Júnior comenta que escrevera, sim, para ela e para a Gabriela, mas as cartas nunca chegaram… e, naturalmente, só existe uma pessoa que pode ter interceptado essas cartas.

O reencontro de Júnior e Gabriela, que também é a primeira cena de Gabriela na novela, é doloroso: Júnior não sabia desse estado quase vegetativo no qual a irmã se encontra há 12 anos. E Gabi vai ser o principal motivo pelo qual ele vai decidir ficar no Brasil dessa vez. Enquanto Júnior reencontra a irmã, Mili decide contar toda a verdade a respeito da torta, para tentar salvar o Chico, e embora Bia diga que “se ela disser a verdade, ela vai negar tudo”, logo todas as garotas apoiam a Mili na confissão e percebemos que Bia foi voto vencido: foram elas que estragaram a torta, e elas tentaram fazer outra para que ninguém descobrisse. Isso, no entanto, talvez não garanta o emprego de Chico de volta: como ele diz, a Dona Carmen nunca gostou dele…

Nem quando ele trabalhava na casa dos Almeida Campos.

A maioria das meninas lamenta a partida eminente de Chico, enquanto Mili não descansa e resolve fazer algo ela mesma – e vai pessoalmente à casa dos Almeida Campos, para tentar falar diretamente com José Ricardo… mas acaba se deparando com Júnior. Eu acho extremamente simbólico e bonito o fato de ser a Mili quem encontra e acalenta o Júnior enquanto ele está chorando por causa do estado de Gabi! A cena não se prolonga, no entanto, porque Carmen aparece, encontra Mili escondida atrás do sofá, e Mili aproveita para implorar para que ela perdoe o Chico, porque a culpa é delas, mas Carmen diz que “nunca volta atrás em suas decisões”. Felizmente, o Júnior está ali, então ele intercede pelo emprego do Chico: ele gosta muito do Chico!

Isso nos conduz à conclusão perfeita do primeiro capítulo de “Chiquititas”, quando o “Sr. Almeida Campos” chama Chico para conversar, e Chico vai ao escritório do orfanato, acreditando que vai levar bronca e ser humilhado novamente, como o foi por Carmen, mas se surpreende ao descobrir que, escondido atrás daquele jornal, está realmente um “Sr. Almeida Campos”, mas não o que ele esperava: é Júnior, e ele está ali para lhe dar uma boa notícia… a cena é tão bonita e tão cheia de afeto e carinho que isso parece ser transmitido à audiência enquanto assistimos! É profundamente emocionante ver a Mili entrar para contar ao Chico que ele foi perdoado e vai poder continuar ali, e quando o Chico começa a chorar, eu comecei a chorar junto.

Que capítulo lindo! Que novela linda!

Como é bom estar de volta!

 

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