Legalmente Loira: O Musical (Brasil, 2024)
“Ai meu Deus, ai meu Deus do céu!”
Eu sempre
fui apaixonado pela versão musical de
“Legalmente Loira”. A história de
Elle Woods, a garota loira de Malibu e presidente da Delta Nu que entra em
Harvard para tentar reconquistar o ex-namorado, vem de um livro homônimo
escrito por Amanda Brown e lançado em 2001, mas se tornou popular mesmo pela
versão cinematográfica estrelada por Reese Whiterspoon, também em 2001, um
clássico das comédias românticas. Anos depois, a história ganhou uma adaptação musical
para os palcos, que chegou à Broadway em 2007 e, particularmente, eu acho que
não existe maneira melhor de acompanhar essa história irreverente, absurda,
divertida, romântica… eu sinto que as músicas acentuam demais tanto o humor
quanto o romance dessa história.
Elle Woods é
uma patricinha de Malibu que acredita que vai ser pedida em casamento por seu
namorado de longa data, Warner Huntington III, mas acaba sendo surpreendida
pela pior notícia possível: ele está terminando com ela porque quer alguém mais
séria e formal… então, para provar a Warner que ele está errado em dispensá-la
e reconquistá-lo, Elle faz de tudo para entrar em Harvard e mostrar que pode
ser o que ele busca em uma mulher… embora Elle Woods entre na Faculdade de
Direito de Harvard, ela vai descobrindo aos poucos que existe muito mais na
vida do que “reconquistar o Warner”, e é muito bonito acompanhar o seu
crescimento conforme o seu objetivo deixa de ser o Warner, mas ela mesma e seu
sucesso… e, despretensiosamente, ela volta a se apaixonar.
Sempre
esperei por uma versão brasileira de “Legalmente
Loira” e finalmente AQUI ESTAMOS. “Ai
meu Deus do céu!”. O musical, que originalmente tem letra e música de Nell
Benjamin e Laurence O’Keefe, com texto de Heather Hach, ganha uma versão
brasileira assinada por Victor Mühlethaler. Esse delicioso musical cor-de-rosa
e cheio de brilho e estilo ainda conta, em sua versão nos palcos brasileiros,
com direção geral de John Stefaniuk, direção musical de Andréia Vitfer, cenário
de Duda Arruk, coreografia e direção associada de Floriano Nogueira, figurino
de Ligia Rocha, Marco Pacheco e Jemima Tuany, design de luz de Guilherme
Paterno, design de som de Gabriel d’Angelo, design de perucas de Feliciano San
Roman e design de maquiagem de Cris Tákkahashi.
No elenco
brasileiro, temos Myra Ruiz dando vida à adorável
patricinha-fútil-que-se-torna-uma-pessoa-melhor Elle Woods, ao lado de Hipólyto
como o inteligente e apaixonante Emmett Forrest, Renan Rosiq como o detestável
Warner Huntington III (mas o Renan é um amor!) e Leilah Moreno como a divertida
Paulette Bonafonté. O elenco também conta com Gigi Debei como Vivienne
Kensington, Mariana Ramires como Enid, Danilo Moura como o Prof. Callahan e
Amanda Döring como Brooke Wyndham. No Ensemble, temos Bia Vasconcellos, Danilo
Martho, Esther Arieiv, Fábio Galvão, Gabriela Gatti, Giselle Alfano, Lara
Gomes, Paulo Grossi, Rafael Pucca, Ricke Hadachi, Thaiane Chuvas, Vinnycias,
Vitor Loschiavo, Vivian Bugno; e, de Swing, André Ximenes, Andreina Szoboszlai
e Nina Sato.
Mais do que
colorido, tudo é muito cor-de-rosa em “Legalmente
Loira”, e essa é uma estética aproveitada pelo cenário, que transforma
itens como batom e perfume em elementos cenográficos como bancos e cortes, e os
figurinos de Elle Woods são sempre impressionantes e elegantérrimos. As outras
Filhas de Delta Nu, as amigas de Elle, nos rendem momentos como “Ai Meu Deus do Céu!” (achei que o “Omigod!” do original não seria uma
expressão traduzida, mas ficou ótima!) e “O
Que Quer”, e retornam mais tarde, como o Coro Grego, sempre sendo um alívio
cômico e entregando músicas como “Alto
Astral” ou, é claro, o “Desce e Pá!”,
quando Elle e o Coro Grego ensinam a tática de como chamar a atenção dos homens héteros para a Paulette.
Paulette e
Enid são, a meu ver, um espetáculo à parte nessa montagem de “Legalmente Loira”. Paulette, a dona de
um salão de beleza que se torna amiga e confidente de Elle, é uma personagem
divertida e com um arco fenomenal no musical – do seu sonho de ir para a “Irlanda” e o seu passado sofrido com um
cara com quem passou 10 anos e roubou seu cachorro (Elle a ajuda a
recuperá-lo!) até o momento em que ela conhece Kyle B. O’Boyle (um gostoso,
diga-se de passagem) e pode enfim recomeçar. Também preciso dizer que eu AMO a
Enid e ela está incrível do começo ao fim do musical (ela reagindo ao “Desce e
Pá!” de Elle!!!), e a Vivienne é sempre aquela surpresa deliciosa porque ela
não é a babaca que Elle inicialmente pensa que ela vai ser.
Inclusive,
essa sororidade é uma mensagem muito importante de “Legalmente Loira”.
Impossível
não mencionar, também, o romance delicioso entre Elle e Emmett. Inicialmente,
Elle só quer “reconquistar o Warner”, mas Emmett a ajuda a levar os estudos a sério e a encontrar o seu “Calo Apertado”, e isso faz com que Elle cresça de uma maneira tão
linda e se realize de forma independente… é bonito como Emmett é uma mãozinha
na “liberdade” de Elle e como ele está genuinamente feliz por e orgulhoso dela,
e é de uma interação muito bonita e saudável que nasce o romance, que vai se
concretizando com “Depende de Você”,
por exemplo, e chega a um momento lindo em “Legalmente
Loira” e no “Finale”. Na minha
sessão, na hora da transformação de Emmett alguém gritou um sonoro “Casa
comigo!” que desestabilizou brevemente a Myra e o Hipólyto e foi maravilhoso!
A risadinha
deles e o “Se acalmem” da Myra foram
ÓTIMOS!
E, é claro,
todo o julgamento de Brooke Wyndham que conduz o segundo ato do musical e
concretiza a mudança de foco de Elle Woods e seu consequente amadurecimento e
realização pessoal e profissional. Eu adoro a ética de Elle ao descobrir o
álibi de Brooke, mas não compartilhá-lo porque fez um juramento de Irmã Delta
Nu, e como ela encontra maneiras de ajudar a provar a inocência de Brooke mesmo
sem um álibi… adoro o absurdo que guia o roteiro de “Legalmente Loira” e nos entrega sequências maravilhosas como “Gay ou Europeu?” (um dos maiores atos
do teatro musical, eu diria, e eu estava ansiosíssimo para vê-lo na versão
brasileira!) ou aquela história toda da progressiva e do banho que desmascara o
álibi falso da filha da vítima…
Pode ser
mais sensacional?!
“Legalmente Loira” é uma comédia
deliciosa e poderosa. O musical tem momentos mais sérios – como quando, depois
de Elle sofrer assédio, Vivienne manda o Warner calar a boca (a plateia vai à
loucura!) e muda a sua maneira de olhar para Elle, e Emmett enfrenta o Prof.
Callahan ao saber o que aconteceu –, mas tem, no geral, um tom leve,
descontraído e divertido. Rosa, vibrante e alegre, esse é um daqueles musicais
que nos deixam felizes, que nos fazem
sair do teatro sorrindo, cantando e dançando, daqueles que nos fazem bem e é
sempre uma maravilha de se assistir. Boas risadas, músicas contagiantes,
personagens apaixonantes, um romance bonito, uma história absurda… uma delícia
do início ao fim! Atualmente, “Legalmente
Loira” está em cartaz em São Paulo no Teatro Claro MAIS SP.
Para outros
espetáculos, visite “Teatro no Brasil” nessa página.
P.S.: Minhas fotinhas com alguns
integrantes do elenco de “Legalmente
Loira”.
LEILAH MORENO como a nossa ma-ra-vi-lho-sa Paulette! "Desce e Pá!" |
AMANDA DÖRING como a nossa Brooke Wyndham, que "não precisou contar para ninguém que fez lipo". |
MARIANA RAMIRES como Enid e eu posso dizer que, além de roubar a cena, a Mariana é lindíssima??? |
Por fim, nosso lindíssimo HIPÓLYTO como o sempre apaixonante Emmett!!! |
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