O Malefício (2023) – “O amor é uma debilidade”
“Enrique de
Martino… tú y yo hicimos un pacto. Parece que lo estás olvidando”
Ernesto
Alonso foi o ator a dar vida ao personagem de Enrique de Martino na versão de
1983 de “O Malefício” (exibida no
Brasil com o título “Estranho Poder”),
além de ser, também, produtor da novela de grande êxito. O ator faleceu em
2007, muito antes da nova versão de “O
Malefício” protagonizada por Fernando Colunga, mas a novela decidiu
homenagear o ator de qualquer maneira, com “participações especiais” póstumas
sendo adicionadas através de tecnologias que ainda dividem opiniões – e com razão. O uso de IA para “trazer de
volta” atores que já morreram é uma discussão ampla na qual não pretendo me
aprofundar nesse texto, apenas deixar registrado que a imagem e a voz de
Ernesto Alonso é reutilizada em pequenas aparições como “o primeiro portador de
Bael”.
A ideia
funciona em cenas pequenas, ainda que a artificialidade seja notada – e,
portanto, o uso não seja prolongado. Bael se manifesta na forma de “seu
primeiro portador” primeiro para o próprio Enrique de Martino e, depois, para o
Juanito em sua nova escola, como um “professor especial” com quem ele terá
aulas particulares… toda a sequência é macabra, com Bael mentindo para Juanito
que foi amigo de seu pai, mas também
há algo de eletrizante conforme
começamos a entrar na última fase de “O
Malefício” e percebemos que Juanito está mais perto do que nunca de “se
transformar”: ele está em uma escola na qual tentam ensiná-lo que ele é “o
escolhido”, que ele é “especial”, que ele não pode sentir medo e que o amor
nada mais é do que “uma debilidade”.
Toda a
trajetória de Juanito nessa escola é, mais do que macabra, bizarra. E Beatriz talvez não esteja tão feliz com os seus métodos
estranhos… quando ela vai pessoalmente conversar com Dolores, no entanto, a
diretora e professora a manipula tentando justificar a mentira contada a Juan
sobre “o professor que foi amigo do seu pai”, inclusive fazendo com que Beatriz
se sinta mal por “não perceber” o quanto Juanito ainda sofre pela morte de seu
pai. Depois da conversa com Beatriz, Dolores procura Juanito de uma maneira ameaçadora para reforçar o quanto “ele é
especial” e para dizer que ele não pode contar para a mãe tudo o que acontece
ali dentro, o fazendo repetir algo que ela já colocou dentro de sua cabeça: que o amor é uma característica de pessoas
fracas.
Algo que,
inclusive, ele reproduz com Vicky.
Juanito já
não é o mesmo que conhecemos no início de “O
Malefício”, e as cenas da escola são revoltantes… enquanto isso, o fantasma
de Nora parece continuar tentando se aproximar, talvez para os alertar ou mesmo
para salvar Juan de um futuro trágico e mau. Nora aparece derrubando coisas
para chamar a atenção de Juanito, e vira as páginas de seu caderno sem parar, e
quando ele vai assustado mostrar o caderno para a mãe no banheiro, eles o veem
através do espelho pela primeira vez e percebem que a palavra escrita nunca foi
“ARON”… é “NORA”. Então, quando Beatriz conversa sobre isso com Enrique, ela
pergunta se “ele conhece alguém chamada Nora”, porque, até então, ela não sabia
o nome da esposa falecida de Enrique de Martino.
O fantasma
de Nora também faz uma aparição rápida na própria escola de Juanito, fazendo de
tudo para chamar a sua atenção – mas ela não é muito boa em comunicação, e
acaba mais assustando o Juanito do
que qualquer coisa. Quando a porta se fecha misteriosamente e ele vê o fantasma
atrás dele no espelho, ele fica profundamente apavorado, algo de que Dolores não gosta nem um pouco. Beirando a
violência, Dolores repreende Juanito quando ele diz que “sentiu muito medo”,
porque ela diz que “ele não pode sentir medo”. Portanto, de maneira agressiva,
ela diz a ele que essa precisa ser a
última vez que ela o escuta dizer algo assim, ou então “ela não vai ter
alternativa a não ser castigá-lo”. As coisas estão saindo de controle bem rápido.
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