O Picapau Amarelo (+SBT, 2024) 1x01 – O Marquês de Rabicó

O casamento de Emília!

Com direção de Jefferson Cândido e baseado na obra de Monteiro Lobato, que recentemente entrou em domínio público, “O Picapau Amarelo” é a mais nova versão que traz à vida os personagens do Sítio de Dona Benta. Com lançamento direto na nova plataforma de streaming do canal do Sílvio Santos, o +SBT, e eventual exibição na TV aberta no próximo “mês da criança”, a produção dividiu opiniões na internet, mas, na minha opinião, só não recebe a aprovação de quem não parou realmente para pensar a respeito dela. Ao avaliar uma produção, qualquer que seja, é sempre necessário pensar em duas coisas: 1) quem é o público-alvo; e 2) qual é a proposta.

O “Sítio do Picapau Amarelo” recebeu uma série de adaptações ao longo dos anos. Em 1952, por exemplo, ele foi adaptado pela primeira vez pela Rede Tupi, e ficou no ar até 1962. Entre 1964 e 1965, foi a vez da TV Cultura. Entre 1967 e 1969, a obra foi adaptada pela Band. E, por fim, talvez as duas adaptações mais famosas e amadas pelo público, feitas pela Rede Globo: a primeira delas entre 1977 e 1986, e a segunda entre 2001 e 2007. Também temos a adaptação em animação de 2012, e dois filmes: “O Saci”, de 1953, e “O Picapau Amarelo”, de 1973. Assim, já é importante dizer: esses são personagens que já viram várias adaptações, versões e leituras diferentes.

“O Picapau Amarelo”, do +SBT, é uma produção ainda mais simples, mais barata e seu público-alvo são crianças PEQUENAS. É, mesmo, bem diferente do que nos habituamos a assistir nas versões da Rede Globo – pelas quais eu também sou apaixonado! –, que contavam com capítulos diários e histórias que variaram de 5 capítulos a mais de 190, nos anos em que adquiriu um formato de “telenovela”. Não é a proposta aqui. A proposta da versão do +SBT é menos dedicada a narrativas longas e funciona com diferentes segmentos que envolvem contação de histórias, ciência, receitas… é algo, inclusive, que me faz pensar muito em produções que vimos na TV Cultura!

Portanto, não se justifica o ataque desproporcional e desinformado que eu vi de algumas partes da internet… talvez não seja a proposta à qual você está habituado e talvez não seja o que você queria, mas está muito condizente com a proposta e, convenhamos: quem está reclamando provavelmente não é o público-alvo há muito tempo mesmo. Visualmente, eu sinto que a série ainda pode e deve se aperfeiçoar em alguns quesitos, mas está bem colorido e chamativo, como deve ser “O Picapau Amarelo”, e eu preciso dizer: EU SIMPLESMENTE AMO ESSA EMÍLIA! Acho que o visual tem algo que nos remete à primeira versão da Rede Globo, e as cores são muito atuais.

É uma Emília muito bonita!

No episódio de estreia, “O Marquês de Rabicó”, Narizinho relembra como Emília se casou com o Rabicó – algo que ela aceitou para deixar de ser “apenas” a Condessa de Três Estrelinhas e se tornar Marquesa, além de ela ter sido enganada pelas crianças, que a fizeram acreditar que o Rabicó era um Príncipe que foi transformado em porco por um feitiço e tudo o mais… algo que ela quase descobre ser mentira durante a história da Dona Benta. E, no fim, as crianças conseguem convencer a bonequinha a repetir a cerimônia, mas é novamente um desastre, porque o Rabicó é um comilão incurável que não consegue se comportar por tempo o suficiente.

O episódio consegue usar a breve história, apresentada no início e concluída no final, como mote para os segmentos do episódio… em “Serões de Dona Benta” (inclusive, o título de um dos livros da série), a vovó conta a história dos 7 leitõezinhos, um deles sendo o próprio Rabicó; em “Experiências do Visconde”, o sábio sabugo usa ovos, adorados pelo Marquês, para uma experiência científica; em “Receitas da Tia Nastácia”, ela ensina a fazer pipoca colorida, supostamente a sobremesa favorita do Rabicó; e, por fim, a “Rádio Picapau” encerra o segmento culinário. É diferente, é atual e, sendo ou não o que eu esperava, eu estou feliz em ter uma nova versão!

A primeira temporada está disponível completa no +SBT e conta com 15 capítulos!

 

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