Sítio do Picapau Amarelo (2007) – A Nova Reforma da Natureza: Parte Final

“Com a sua ciência e a minha imaginação, vamos fazer uma reforma batatal!”

Chegou a hora de nos despedirmos de mais uma história da temporada de 2007 do “Sítio do Picapau Amarelo”, e “A Nova Reforma da Natureza” foi uma delícia de se acompanhar! Não sei se é a minha história favorita na temporada até aqui, mas eu gostei bastante! Na primeira parte da história, com a Emília usando o seu Faz-de-Conta para fazer sua pequena reforma na natureza a partir do Sítio de Dona Benta, tivemos uma trama parecidíssima, em muitos aspectos, com a original do livro “A Reforma da Natureza”. Na segunda parte, embora tenha-se mantido a participação do Visconde de Sabugosa e da ciência, tivemos uma história nova independente do livro, com o Visconde seguindo nas suas tentativas de erradicar a fome no mundo… dessa vez, com uma nova invenção: os Transgênios.

Os Transgênios Sabugosa são criaturinhas muito fofas (e que se reproduzem em uma velocidade assombrosa) que botam ovos com qualquer coisa de origem animal ou vegetal cuja imagem seja colocada em frente a eles… parece uma ideia fascinante, é claro, e as crianças tentam convencer a Tia Nastácia das maravilhas dos Transgênios, mostrando para ela como ele pode produzir açúcar do bom quando o açúcar no Sítio acaba (mas Emília está inconformada e quer usar o Transgênio para fazer coisas que “não se pode comprar em qualquer vendinha”, como o sorvecotó ou o bifolate), mas o problema é que as pessoas estão ficando preguiçosas por causa disso. Quer dizer, o Jeca Tatu sempre foi preguiçoso, mas agora ele está disposto a deixar tudo apodrecer na horta e nas plantações…

Afinal de contas, pra quê se preocupar se eles têm os Transgênios?

Dona Benta e o Visconde começam a perceber, então, que talvez o mundo não esteja preparado para uma invenção tão incrível como o Transgênio… se todo mundo parar de trabalhar, a civilização vai entrar em colapso, porque ninguém mais vai trabalhar, ninguém vai estudar, ninguém vai inventar nada e eles ficarão estagnados, o que seria muito ruim. Mas o Visconde talvez não tenha tempo de impedir que os Transgênios se espalhem… afinal de contas, eles se reproduzem muito rapidamente, e o Visconde permitiu que o Barão e Minerva levassem um para o Arraial dos Tucanos – e, agora, eles estão usando os Transgênios para fazer com que o pessoal do Arraial os perdoe por toda aquela confusão do dinheiro falso e tudo o mais… e os Transgênios tomam conta do Arraial.

O que ninguém esperava era que um Transgênio entrasse escondido na van do Arlindo Orlando rumo à cidade, e então O CAOS COMEÇA DE VERDADE. Com os Transgênios rapidamente se espalhando pelo mundo a partir da cidade, parece que o pesadelo de Narizinho no qual o mundo é dominado por Transgênios está muito perto de se realizar… Visconde estava preparado para “cancelar” a sua invenção e a sua grande solução para o mundo, mas então Dona Benta anuncia que já é tarde demais para isso, e mostra para eles um jornal com uma manchete sobre como uma “espécie desconhecida pode revolucionar o mundo”. Agora, só se fala sobre os Transgênios, e conforme eles se espalham, as pessoas agem todas como o Jeca Tatu e como o Elias, e param de trabalhar…

Para que trabalhar se você pode ficar em casa, com comida de graça, assistindo à televisão?

Mas, é claro, não é só de comida que o mundo precisa… se ninguém mais trabalhar, por exemplo, como a eletricidade poderá continuar existindo para que as televisões possam estar ligadas? Ou como haverá o que exibir se os jogadores de futebol escolhem ficar em casa com os Transgênios ao invés de ir jogar? O tal do colapso que Dona Benta previu está mesmo acontecendo, e vemos isso em uma série de matérias de jornal enquanto o mundo PARA: “Indústrias e comércio fecham as portas” “Transgênios causam crise na economia mundial” “Toneladas de alimentos apodrecem na lavoura” “Preguiça toma conta do mundo” “Lixo por toda parte” “Será o fim da civilização humana?” E, é claro, os grandes líderes do mundo estão querendo encontrar o responsável por isso.

O Visconde, é claro, não poderia estar mais arrasado com o estrago que causou… destaque para a Emília um tanto quanto maldosa dizendo que a sua Árvore do Dinheiro causou só uma confusãozinha ali no Arraial, enquanto o Visconde causou uma confusão no mundo todo, mas quando militares aparecem no Sítio do Picapau Amarelo para levar o Visconde preso, Emília protesta junto com as crianças. É curiosamente triste, porque o Visconde está realmente arrasado, porque ele dedicou sua vida à ciência e só estava querendo ajudar (a história de muitos inventores, por sinal), e Dona Benta tenta interceder por ele, assim como as crianças, mas ninguém parece disposto a ouvir muito o que eles têm a dizer… eles só querem alguém que possam prender.

Mesmo que isso não resolva nada.

Emília está muito fofa protestando, dizendo que o Visconde é meio bilolado sim, mas nunca fez mal a ninguém, e diz que se o levarem, terão que levar ela também – agarrada à perna de um militar, Emília protesta: “Não vou deixar levarem o meu Viscondinho! Vou lutar até o fim!” É Pedrinho que consegue resolver o problema, no fim das contas: apenas o Visconde de Sabugosa pode acabar com todo esse problema causado pelos Transgênios e, para isso, ele precisa estar livre… então, quando Dona Benta usa a ideia do Pedrinho para interceder com racionalidade, um acordo é definido: se o Visconde conseguir resolver esse problema, ele não irá preso. Então, o Visconde começa a pensar no que pode fazer, e se lembra de algo importante: os Transgênios adoram música.

Assim, o Visconde decide atrair os Transgênios de volta para o Sítio do Picapau Amarelo usando MÚSICA, e para evitar a interferência de outros sons, ele decide projetar um som que seja inaudível para o ouvido humano, como aqueles apitos para cães… ainda que seja uma boa ideia, Emília tem um bom ponto: onde eles vão colocar “a transgirinada toda”? Então, ela mesma resolve o problema, dizendo que o Visconde pode usar o Teletransportador Sabugosa para enviá-los para um outro planeta, que o Visconde vai criar especialmente para eles… bem, o Visconde não pode criar um planeta, mas ele programa o Teletransportador Sabugosa para enviar os Transgênios até um planeta distante, fora do Sistema Solar, mas que tem condições climáticas parecidas com as da Terra…

E, então, os Transgênios se despedem.

É uma boa conclusão, para uma história bacana – e que nos deixa com vontade de mais, porque o Visconde até comenta sobre um dia planejar uma expedição até esse outro planeta, para saber como está a adaptação dos Transgênios e como está se desenvolvendo a sociedade deles e tudo o mais… Emília, que mostra mais uma vez que, no fundo, ela tem coração, acaba chorando com a despedida, dizendo que vai sentir falta dos Transgênios – ou, como ela diz, dos Transgirinos. Mas ela vai sentir falta deles ou da confusão que eles causavam? De todo modo, o mundo vai ter que “voltar ao normal” e reaprender a viver sem os Transgênios, que pareciam ter facilitado tanto a vida… destaque para a divertida matéria de jornal sobre eles quando eles somem: “De onde eles vieram? Pra onde eles foram?”

Agora, partimos a uma nova história!

(A maior da temporada)

 

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