Um Lugar Silencioso: Dia Um (A Quiet Place: Day One, 2024)
Stay quiet. Stay alive.
Eu gosto
muito do conceito de “Um Lugar
Silencioso”. Lembro-me de ter visto o primeiro filme no cinema, em 2018, e
ter achado uma ideia maravilhosa. A franquia brinca com elementos de suspense
de maneira inteligente, causando apreensão na audiência, e sinto que os filmes
conseguem se esquivar de sustos simples e apelativos para construir um sentido
mais amplo de urgência e sufocamento, exatamente como bons suspenses devem fazer,
ao mesmo tempo em que consegue explorar a natureza humana e a relação entre as
pessoas… o filme original ganhou uma sequência que chegou aos cinemas em 2021,
atrasada por causa da pandemia, e agora, em 2024, uma espécie de spin-off, protagonizada por Lupita
Nyong’o como Sam e Joseph Quinn como Eric.
O filme é
excelente… mas talvez diferente do
que algumas pessoas estavam esperando. Mesmo com o subtítulo de “Dia Um”, eu sinto que o filme não se
distancia muito do que já nos foi apresentado nos dois primeiros filmes. Se os
primeiros filmes exploraram relações familiares algum tempo depois da invasão
alienígena que mudou o mundo para sempre,
esse filme se volta a uma relação inesperada que é forjada no meio do caos da
novidade, logo após a chegada desses monstros,
mas a dinâmica ainda é muito parecida com o que já conhecemos e, ao seguir
explorando esse cenário apocalíptico em uma escala micro, o filme não traz grandes respostas – a respeito das
criaturas ou a respeito de como os humanos se organizaram frente a essa
invasão, por exemplo.
Sinto,
portanto, que o começo é um tanto rápido demais… conhecemos Sam, uma mulher com
câncer e sem expectativa de vida, que quer retornar para a cidade e comer pizza, e então o caos explode no
meio de Nova York. Gosto de como o filme, assim como os seus antecessores,
brinca com o som e a ausência dele. Em um mundo “normal”, dos primeiros minutos
de filme, ouvimos o barulho constante da cidade de Nova York, até que tudo vire
confusão, perseguição e, eventualmente, silêncio… eu sei que não é difícil se
dar conta de que as criaturas são cegas e, portanto, guiadas pelo som, mas ainda assim eu sinto que “Um Lugar Silencioso: Dia Um” podia ter
explorado isso um pouco melhor, ao invés de estabelecer o silêncio mandatório
no momento em que Sam desperta.
Enquanto os
humanos em geral estão ainda aprendendo a lidar com a invasão e como se manter
seguros, dentro do possível, Sam decide que ela
precisa conseguir um pedaço de pizza, que pode ser “o último pedaço de
pizza do mundo” – e é nessa jornada que inicialmente parece absurda que ela
conhece Eric, um jovem que veio para Nova York para fazer faculdade e que agora
está sozinho… e os dois vão descobrindo, aos poucos, como ambos precisam um do outro. Eles precisam da companhia, da força mútua,
de eventuais sacrifícios. É bonito ver como o filme explora de maneira orgânica
a aproximação de Sam e Eric, e a intensidade de situações como aquela torna
tudo muito mais marcante. E, de
quebra, ganhamos sequências de ação que são eletrizantes…
Aquela do
prédio comercial ou a da estação de metrô… UAU!
Sam acaba
entendendo como Eric precisa de companhia porque ele está apavorado e não quer estar sozinho, e Eric percebe que Sam
sabe que não lhe resta muito tempo de vida, mas tem coisas que ela quer fazer
antes de morrer, para poder partir em paz… é muito bonito como a proximidade
dos dois se concretiza em ações, quando Eric sai em busca dos remédios dos
quais Sam precisa, por exemplo, ou quando ele diz que “ela não vai morrer antes
de comer pizza”, porque isso tem um significado para ela: a pizza faz com que
ela se lembre do pai e de uma de suas memórias mais felizes, quando ele a levou
para ouvi-lo tocar piano e, depois, comer pizza na cidade. E Eric faz de tudo
para que ela sinta essa emoção novamente, em uma cena lindíssima.
Por fim, os
dois constroem em pouco tempo uma amizade muito bonita, um sentimento de
cuidado e de carinho sincero, e isso conduz o filme a uma conclusão que é
melancólica, mas também é muito emocionante. Como as criaturas não sabem nadar,
os humanos sobreviventes estão se refugiando em barcos, e Sam quer que Eric
parta em um, para que ele tenha, talvez, a chance de viver – e para que ele possa
fazer isso, Sam resolve fazer barulho e
atrair as criaturas para a direção oposta de Eric… o impacto da cena do
Eric correndo com o gato de Sam no colo para pular na água e nadar até o barco
e a emoção nos olhos de Sam ao ver que ele
conseguiu tornam aquele final realmente marcante! QUE GRANDE CENA! “Um Lugar Silencioso: Dia Um” é, sem
dúvida, mais um grande filme da franquia!
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Também acho que o filme não traz grandes respostas, podiam ter explorado mais. Curti demais o texto. Achei a cena final emocionante.
ResponderExcluirEu acho que eles ainda querem fazer isso em um spin-off, uma série talvez... mas é bom correrem antes de saturarem. Gostei do filme, mas podia ter mais respostas.
Excluir(Cena final é PERFEITA mesmo!)