Doctor Who (4ª Temporada, 1966) – Arco 030: The Power of the Daleks, Parte 1
“I’ve been
renewed, haven’t I?”
A ESTREIA DE
PATRICK TROUGHTON COMO O SEGUNDO DOCTOR! Escrito por David Whitaker e dirigido
por Christopher Barry, “The Power of
the Daleks” é o primeiro arco do Segundo Doctor, mas o terceiro arco da
quarta temporada de “Doctor Who”, e
foi exibido originalmente entre 05 de novembro e 10 de dezembro de 1966, em
seis partes. É, na minha opinião, uma das histórias mais importantes de “Doctor
Who”, e de modo algum por causa do retorno dos Daleks, cuja imagem a série
não deixou descansar devido ao grande sucesso que os vilões fizeram desde a sua
estreia, no fim de 1963, mas porque é a primeira vez que os espectadores
precisaram acompanhar um novo ator
interpretando o personagem do Doctor – uma decisão arriscada… e certeira.
Sempre
comento que foi o conceito de “regeneração” (embora ele ainda não fosse chamado
assim em 1966, mas de “renovação”)
que permitiu a longevidade de “Doctor
Who”, e hoje é algo que faz parte da mitologia da série e a que já estamos
habituados – na época, no entanto, era uma novidade… Patrick Troughton dá vida
a essa segunda encarnação do Doctor, e Ben e Polly, os seus companions na
época, são essenciais para “reagir” à novidade e para serem avatares dos
espectadores dentro da série. Tudo é novo para eles, bem como também o é para o
Segundo Doctor, mas eles sabem que, de alguma maneira, é o Doctor que está ali
na sua frente… de um jeito ou de outro. Saber disso, no entanto, não torna a
situação menos estranha para Ben e
para Polly.
Toda a
sequência inicial do arco, ainda na TARDIS, é uma delícia de se acompanhar…
estamos prestes a descobrir “quem” é
esse novo Doctor, e eu gosto de como a série destemidamente já deixa claro,
desde o primeiro momento, que não é apenas “um novo rosto”, mas também uma nova
forma de se comportar – é interessante que cada Doctor tenha, de alguma
maneira, a sua própria “personalidade”. E é curioso o fato de o Segundo Doctor
falar sobre o seu próprio passado se chamando de “o Doctor”, e não “eu”,
inicialmente, como se ele meio que se visse mesmo como algo “à parte”. Essa é a
complexidade maravilhosa da regeneração, e aqui a estamos experimentando pela primeira vez… e preciso dizer que
todo esse clima de novidade me deixa
empolgado!
O Segundo
Doctor é ágil, inteligente, quem sabe um pouco debochado? E eu adoro a ironia
daquela flautinha, que ele toca despreocupadamente enquanto as coisas estão um caos ao seu redor… é, provavelmente, a
sua maneira de pensar, de se concentrar. “Doctor
Who” também encontra uma maneira de nos garantir que ainda é o Doctor que conhecemos, quando a TARDIS se materializa em
Vulcan, um planeta-colônia da Terra no futuro, e ele é “confundido” com um
“Examinador”, que foi assassinado, e ele assume essa identidade, deixando que
todos acreditem que ele é o Examinador… e
isso é algo que qualquer Doctor faria. Além disso, quando ele descobre que
eles estão prestes a lidar com Daleks, ele fica preocupado porque ele sabe o
que isso significa.
Extermínio.
O Doctor,
Ben e Polly descobrem dois Daleks “inertes” dentro de uma cápsula que está
sendo estudada pelos cientistas de Vulcan sob a liderança de Lesterton, mas o
Doctor percebe que em algum momento houve três Daleks ali dentro, e agora só
restam dois… certamente Lesterton está “estudando” o terceiro Dalek, sem ideia
do perigo que está correndo – e no qual está colocando toda a colônia. Como
“Exterminador da Terra”, o Doctor usa a sua autoridade para mandar que destruam os Daleks, mas Lesterton se
recusa veementemente, sem acreditar em qualquer “bobagem” sobre como eles são
perigosos, violentos, cruéis… Lesterton acredita que “ele está no comando”, e
nós sabemos, no fundo, que é a curiosidade e a ganância de Lesterton que o
matarão.
O Dalek
“reanimado” pelos experimentos de Lesterton reconhece
o Doctor (mais uma estratégia da série para nos lembrar que, embora agora
interpretado por Patrick Troughton, ainda é O DOCTOR!), mas aquele Dalek também
está interpretando um papel… o Doctor
sabe que Lesterton está cometendo um
erro, mas Lesterton acredita que aquele é um grande avanço tecnológico e que
ele pode controlar o Dalek porque ele obedece a ordens e está clamando, de
maneira assustadora, que é um servo
deles – segundo Lesterton, há muita coisa que um Dalek pode fazer e, portanto,
ele pode “acabar com todos os problemas da colônia”. É como o Doctor diz: de fato não haverá mais problemas na colônia,
porque os Daleks vão acabar com a colônia como um todo.
Agora, no
entanto, o Doctor sabe que está em uma encruzilhada. Se ele destrói o Dalek,
ele pode ser preso ou até morto; se não destrói, ele corre o risco de permitir
que a colônia seja exterminada. Ele conhece os Daleks e, por isso, precisa de
um plano. As coisas se agravam quando Polly é capturada como refém, e o Dalek
despertado por Lesterton toma a iniciativa de despertar os outros dois Daleks outrora inertes – Daleks que não
foram desarmados, como o primeiro.
Portanto, a colônia está realmente
correndo perigo, como o Doctor alertara desde o princípio, mas ninguém lhe dá
atenção ou acredita no perigo dos Daleks, mesmo quando ele desobedece uma ordem direta do “Examinador da Terra” com a desculpa
de que, se obedecê-la, não poderá mais “servir aos humanos”.
A colônia pode pagar um preço alto por isso.
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