Sítio do Picapau Amarelo (2007) – Quem Quiser Que Conte Outra: Parte 2

Os personagens do Mundo Encantado “invadem” o Sítio!

O Sítio de Dona Benta nunca antes ESTEVE TÃO CHEIO! Quando o Pequeno Polegar iniciou uma revolução no Mundo Encantado e pediu à Dona Benta exílio político, já que os personagens estavam cansados de viverem todo dia a mesma história e ter que obedecer às ordens ditatoriais da Dona Carochinha, a boa senhora se dispôs a comprar as terras ao redor do Sítio do Picapau Amarelo para poder acomodar com conforto todos os personagens que estavam prestes a se mudar para as redondezas… e, agora, o Sítio está lotado e cheio de possibilidades, o que deixa as crianças empolgadíssimas! Inspirado por “O Picapau Amarelo”, de Monteiro Lobato, e com influências de “O Fantástico Mistério de Feiurinha”, de Pedro Bandeira, “Quem Quiser Que Conte Outra” é uma delícia!

Pedrinho fica rapidamente amigo do Peter Pan, quando os dois se ajudam para espantar o Gato de Botas do galinheiro do Sítio, e eles se tornam “companheiros de aventura”, enquanto Narizinho fica amiga da Chapeuzinho Vermelho, da Alice e de Wendy… enquanto isso, Dona Benta tem conversas civilizadas com o Barão de Münchhausen, mas também tem que lidar com as confusões do Chapeleiro Louco e do Coelho Branco. Emília, por sua vez, sentindo-se “excluída” conforme Pedrinho e Narizinho fazem novos amigos, acaba às voltas tanto com o Pinóquio, que se apaixona por ela (!), quanto com o Lobo Mau, que é um espião enviado por Dona Carochinha. O Visconde, por sua vez, está surpreso com o castelo da Branca de Neve que apareceu de uma hora para a outra.

E ele está tendo ideias!

Narizinho e Pedrinho entram em uma briguinha de “meninos x meninas” que, eu vou confessar, é bem chatinha (e o Pedrinho está bem insuportável sendo um machistinha escroto), mas, felizmente, não dura mais do que uns 3 ou 4 capítulos. De um lado, temos o Pedrinho, o Peter Pan e o Saci indo acampar e dizendo que “isso não é coisa para meninas”; de outro, Narizinho, Chapeuzinho Vermelho, Alice e Wendy, que decidem acampar também para “provar que elas conseguem”; os dois grupos ficam se provocando, “marcando pontos”, rindo um do outro, até que uma participaçãozinha da Cuca e uma ajuda de Sininho acabe com a brincadeira e eles voltem para casa, com direito ao Pedrinho reconhecendo que ele estava sendo chato e dizendo isso à prima.

A história da Emília e do Pinóquio acabou me divertindo muito mais! Quer dizer, o Pinóquio é meio sem-noção e insistente de uma maneira preocupante, mas eu gosto do conceito de Pinóquio se apaixonar pela Emília porque, assim como ele, ela é uma boneca. Sem qualquer tipo de conquista prévia, no entanto, ele já a pede em namoro, e ela tenta se esquivar dizendo que “já é casada” (embora ele saiba que ela e o Rabicó se separaram pouco depois do casamento) e inventando uma desculpa de que “é feita de macela altamente alérgica à madeira”. No fim, é o Visconde de Sabugosa quem explica para o Pinóquio qual é o problema: Emília é, como ele diz, “desprovida de músculo cardíaco”… ou seja, ela não tem coração! Mas isso não impede o Pinóquio de tentar…

Inclusive com poesia.

Enquanto isso, um romance novo também pode estar nascendo quando o Príncipe Riquê do Topete, um príncipe descrito nas histórias como “feio, mas muito inteligente”, conhece as princesas Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida e Rapunzel… galanteador, educado e divertido, ele as faz rir, o que deixa os Príncipes Encantados bonitões, com quem elas são casadas, morrendo de ciúmes. Então, eles resolvem “protestar”, sumindo para que elas sintam sua falta, e decidem que, quando voltarem, exigirão um nome e maior participação nas histórias. Eu AMO a história de eles “não terem nome” e serem chamados apenas de “Príncipe” ou “Príncipe Encantado”, porque essa também é uma piada recorrente e divertidíssima de “O Fantástico Mistério de Feiurinha”.

Os Príncipes Nº 1, 2, 3 e 4 acabam no Arraial dos Tucanos, na pensão da Dona Carmela.

Enquanto os personagens do Mundo Encantado se divertem na sua mais nova casa, o Espelho Mágico mostra para Dona Carochinha a “nova história” do Barão de Münchhausen, na qual ele aparece no Sítio do Picapau Amarelo e “todos foram felizes para sempre”. Agora, ela sabe para onde ela precisa ir para buscar esses personagens fujões! Antes de partir ela mesma com sua escolta de vilões, no entanto, a Dona Carochinha envia o Lobo Mau como espião, e ele precisa convencer a Emília de que, assim como os outros personagens, ele quer mudar a sua história e “se tornar um Lobo Bom” – ele até diz que agora é vegetariano! E por mais esperta que a bonequinha de pano se ache, ela acaba caindo nessa historinha do Lobo de que “ninguém o ama, ninguém o quer”.

Emília autoriza que o Lobo Mau/Bom/Vegetariano fique no Sítio como os demais, mas diz que se ela descobrir que ele está mentindo e abusando da sua “boa-fé bonecal”, ele vai “se arrepender de ter nascido”. E Emília quase acaba deixando de acreditar nele, quando ele “desaparece misteriosamente”. Como espião da Dona Carochinha, o Lobo desapareceu para poder dar informações à sua chefe, mas Emília acaba caindo no papinho dele de novo. E, logo, a Dona Carochinha aparece no Sítio, anunciando que “vai levar os personagens de volta por bem ou por mal”, o que faz com que Dona Benta reaja e diga que ela não pode invadir sua casa e ameaçá-la dessa maneira… inclusive, ela questiona sua autoridade: ela não foi eleita nem designada para nenhum cargo, portanto não tem poder nenhum sobre os personagens.

Os personagens vão deixar o Sítio quando e se quiserem!

Como não amar a Dona Benta?!

 

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