Glee 1x18 – Laryngitis

“I’m like Tinkerbell, Finn. I need applause to live”

UM DOS EPISÓDIOS MAIS EMOCIONANTES DE “GLEE”. Exibido originalmente em 11 de maio de 2010, Laryngitis é o décimo oitavo episódio da primeira temporada de “Glee”, e além de ter músicas maravilhosas, também tem histórias das mais emocionantes: de um lado, temos mais da história de Kurt com o pai, e outra conversa daquelas de nos arrancar lágrimas, especialmente de pessoas que já se sentiram no lugar de Kurt em algum momento da vida; de outro, temos a Rachel lidando com a possibilidade, ainda que remota, de perder a voz, e ela acredita que “a voz é tudo o que ela tem”. Além dessas duas histórias excelentes, o episódio ainda traz um breve romance para Mercedes e Puck que acaba sendo uma trama muito inferior às outras duas apresentadas.

Quando precisa cortar o seu moicano por causa de uma pinta que a mãe descobriu em sua cabeça, Puck parece “perder todo o seu poder”. Subitamente, as pessoas não sentem mais medo dele, ele é até jogado no lixo como fazia com as outras pessoas, e ele decide que precisa fazer qualquer coisa para se tornar popular novamente… então, ele resolve tentar conquistar a Mercedes: afinal de contas, ela se tornou uma das garotas mais populares do McKingley High desde que se juntara às Cheerios, o que para ele é um exemplo de superação! Inicialmente, Mercedes não lhe dá nenhuma atenção, porque sabe que eles não têm nada a ver um com o outro, mas o Puck acaba chamando a sua atenção enfim com “The Lady is a Tramp”, que é uma performance e tanto!

A história de Mercedes e Puck não é, de fato, um romance, mas traz coisas interessantes. Além do óbvio, que é a performance de “The Boy is Mine”, da Mercedes e da Santana, que é uma música pela qual eu fiquei obcecado durante muito tempo depois desse episódio (!), também traz aquela conversa entre a Mercedes e a Quinn, e é doloroso demais ouvir a Mercedes sabendo que o Puck só a está usando por causa da sua popularidade, mas ainda assim ela quer “deixar rolar” porque ela gosta de receber atenção, do tipo que ela nunca recebeu antes… acho que é um episódio de crescimento para Mercedes, que acaba decidindo deixar as Cheerios porque “não se sente ela mesma quando está usando o uniforme”, e de provocação para Puck, que é confrontado por suas atitudes…

Essa pessoa que joga outros no lixo é quem ele realmente quer ser?

Kurt, por sua vez, protagoniza a minha história favorita no episódio, e eu volto a dizer algo que eu já disse em outras ocasiões: A IMPORTÂNCIA DO KURT E DE “GLEE” NA VIDA DE MUITOS MENINOS GAYS É INESTIMÁVEL! Eu assisti a essa temporada de “Glee” em um momento da minha vida, no fim da adolescência, no qual eu estava me descobrindo e me aceitando. Hoje em dia eu assisto a um episódio como esse já tendo mais de 30 anos, e eu me emociono exatamente como eu me emocionava na primeira vez… porque eu entendo o que o Kurt está sentindo, e como não é fácil, mesmo quando você tem pais que te amam incondicionalmente, que te entendem e que te aceitam. Essa narrativa é muito forte e, ao mesmo tempo, é muito real, muito sincera!

Desde que Burt começara a namorar Carole, a mãe de Finn, Kurt tem percebido que o pai está passando muito mais tempo com o Finn, e lhe dói profundamente olhar para a relação de Burt e de Finn e pensar que “parece tão fácil”, como nunca foi a relação dele com o próprio pai, porque eles não têm muito em comum, no fim das contas… não é uma questão de egoísmo, não é uma questão de ciúmes, mas uma questão puramente pessoal que vem da insegurança, e do sentimento que foi imposto por uma sociedade heteronormativa na qual você aprendeu a se enxergar como “inadequado”. É um processo muito grande para se livrar disso… e Kurt coloca uma “fantasia” durante esse episódio, porque ele imagina que talvez vá ser mais fácil ser outra pessoa.

O abismo que existe entre a performance de “Pink Houses”, que não tem nada a ver com o Kurt, e a de “Rose’s Turn” é SURREAL! Essa segunda música é um imenso desabafo dos mais sentimentais possíveis, e Chris Colfer coloca tanta verdade, emoção, frustração e raiva naquela música, que ela funciona como um soco no estômago… e introduz uma das cenas mais lindas entre Kurt e Burt. Burt dispensa os planos que tinha com Finn ao perceber que o Kurt ficara chateado, e novamente demonstra como ele é um bom pai. Burt reforça o que ele dissera em outra ocasião, sobre como o Kurt não precisa tentar ser outra pessoa para que ele o ame, porque ele o ama imensamente e vai lutar eternamente pelo seu direito de ser quem ele é. Tão sincero, tão bonito!

Aquele abraço dos dois, as lágrimas… eu choro, toda vez que assisto.

SIMPLESMENTE PERFEITO!

Por fim, temos a Rachel, lidando com uma perda de voz enquanto ela está cantando “The Climb” – o que é uma pena, porque eu acho a música lindíssima, e ela nunca ganhou outra chance em “Glee”. A história traz alguns momentos muito divertidos da Rachel incomodada porque alguns dos seus companheiros no glee club “não estão fazendo seu trabalho” e ela “precisa carregá-los”, além de uma performance de “Jessie’s Girl” por Finn, o que não é nada sutil e justamente por isso se torna tão icônica (as expressões de todo mundo!!!), mas a história ganha força de verdade porque Rachel está tratando o seu problema vocal como se fosse o fim do mundo, porque o médico fala da possibilidade de ela ter que fazer uma cirurgia, e “perder sua voz seria perder tudo”.

Finn, então, resolve levar Rachel para conhecer um amigo seu, Sean Fretthold, um jovem jogador de futebol que perdeu os movimentos do peito para baixo. Assim como aconteceu com “Imagine”, essa sequência é ainda mais emocionante porque o personagem é interpretado por Zack Weinstein, um ator que, assim como Sean, perdeu seus movimentos. Por isso, o diálogo é realista, bem-escrito e emocionante – e talvez ensine à Rachel que ela não tem muito do que reclamar, tampouco tem por que temer tanto a cirurgia para remoção das amídalas, se ela realmente precisar tirá-las. A cena da Rachel voltando sozinha para ver Sean, agradecendo e se voluntariando a dar aulas de música para ele, porque ele gosta de cantar, é linda, e nos leva a “One”, do U2.

Uma das performances mais lindas e mais emocionantes de “Glee”.

Termino o episódio chorando. Sempre.

 

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